Diretor revela detalhes e bastidores da série sobre Eurico Miranda

Atração que conta histórias da vida de Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco da Gama, estreia em novembro no Globoplay.

Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco
Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco

“A história do Eurico Miranda transcende o Vasco porque talvez seja o dirigente mais polêmico da história do futebol brasileiro. Ele atravessa muitas décadas. É um cara influente nos bastidores do poder. Tem histórias ali de campeonatos que ultrapassam a própria figura do Eurico”, contou Rafael Pirrho, diretor da série, em entrevista à Máquina do Esporte.

No bate-papo de cerca de meia hora, Pirrho falou sobre o fascínio por um personagem tão polêmico, a adoração e rejeição dos torcedores ao dirigente, e o legado de Eurico no Vasco e no futebol brasileiro.

O diretor comentou, inclusive, brigas do cartola com a própria Globo, como o dia em que o Vasco entrou para jogar a final da Copa João Havelange de 2000, em janeiro de 2001, utilizando o logotipo do SBT na camisa. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Como surgiu a ideia de retratar um personagem tão controverso como Eurico Miranda?

Fizemos um produto muito bom, com sucesso, que é o Dr. Castor [série sobre Castor de Andrade (1926-1997), bicheiro e patrono do Bangu]. Depois disso, a ideia de fazer o Eurico foi muito recorrente. Acho que, na verdade, o controverso do personagem é muito rico para o documentário. Porque se pegar algum atleta que tenha poucas contradições, pode ser um ótimo documentário, sem dúvida, mas tem mais previsibilidade.

Acho o Eurico um baita personagem. Ninguém fica indiferente em relação a ele. Tem gente que defende que é o maior dirigente da história do futebol brasileiro. Outros acham que ele é responsável por todos os males do Vasco. Queremos fugir do maniqueísmo, não necessariamente para as pessoas mudarem sua opinião em relação a ele, mas para que conheçam a história completa.

“A história do Eurico transcende o Vasco, porque talvez seja o dirigente mais polêmico da história do futebol brasileiro. Ele atravessa muitas décadas. Torcedores do Flamengo, do Fluminense, não apresentam rejeição”

Acredita que torcedores de outros times vão querer assistir à série?

É engraçado isso. Sinto às vezes que a maior rejeição ao Eurico está entre os vascaínos, mais do que entre torcedores de outros times. Claro que gostaria que a série fosse assistida por todas as torcidas.

A história do Eurico transcende o Vasco, porque talvez seja o dirigente mais polêmico da história do futebol brasileiro. Ele atravessa muitas décadas. É um cara influente nos bastidores do poder. Tem histórias ali de campeonatos que ultrapassam a própria figura do Eurico. Em um determinado momento, ele foi dirigente da própria CBF [Confederação Brasileira de Futebol], na Copa América de 1989. Acho que a história dele ultrapassa o Vasco. Torcedores do Flamengo, do Fluminense, não apresentam rejeição. Querem ver, acham interessante. Então, para quem não é vascaíno e até quem não é carioca, é um bom entretenimento, tem histórias interessantes.

Eurico Miranda, ao contrário de outros personagens do futebol brasileiro, não conta com um livro sobre a sua história. Como foi o trabalho de pesquisa para retratá-lo?

Fiz o roteiro para a série da Elza e do Mané Garrincha [“Elza e Mané – Amor em Linhas Tortas”], e os dois têm biografias escritas. A da Elza foi escrita pelo Zeca Camargo e a do Garrincha é uma das maiores já escritas [“Estrela Solitária”, de Ruy Castro]. Então, serviram como guia.

O Eurico não tem uma biografia para usar de referência. Para a elaboração do trabalho, há uma pesquisa que durou um ano. O acervo da Globo é riquíssimo. Também fizemos muita pesquisa de texto com jornais da época, pesquisamos outros veículos. Entramos em contato com a família e conseguimos que eles cedessem algum material.

Como foi o contato com a família? Houve alguma restrição deles em fazer uma série sobre o Eurico Miranda na Globo?

Nosso primeiro contato foi com o Euriquinho, que é quem tem maior vida pública no Vasco. Chamamos o Euriquinho para conversar e falar do projeto. Conseguimos convencê-lo de que seria interessante. Falam muito do Eurico, mas temos pouco a visão da família. Foi muito importante entrevistá-los. Havia resistência da família por conta das questões com a Globo. Precisamos conversar. Convencemos o Euriquinho e, depois, a dona Silvia, que é a viúva. Acho importante dar o ponto de vista deles.

E entre os vascaínos? Como o Eurico Miranda é visto hoje?

Isso é curioso. Vejo uma reação imensa nas redes sociais. Há comentários de que ele foi o maior dirigente da história do Vasco. Em seguida, outro diz que ele acabou com o Vasco. Falar de Eurico Miranda engaja muito. Acredito que a maior parte da torcida, hoje, não gosta do Eurico. Mas é muito legal contar no documentário que o Eurico não chegou a essa posição autocrata do nada. Ele entregou muita coisa. Foi adorado pelos torcedores. Lá atrás, ele teve muito apoio da torcida, tanto é que se tornou por muito tempo um dirigente poderoso do Vasco. Isso a série tenta mostrar.

Ele foi vice-presidente de futebol do Vasco de 1976 a 2000. Nesse período, se olhar os resultados esportivos, o Vasco ganhou muita coisa, três Brasileiros [1989, 1997 e 2000], um inédito tricampeonato estadual [1992, 1993 e 1994], a Copa Mercosul [2000], a Libertadores [1998]. É um time muito protagonista no futebol brasileiro. E, a partir de 2000, quando ele assume a presidência, o Vasco não ganha mais. Um corte muito simples que se faz é que ele como vice-presidente ganhou muito e, como presidente, ganhou pouco. Tem uma diferença importante na trajetória dele.

“Se olhar a trajetória do Eurico, o jeito que ele trabalhava funcionou muito nos anos 1980 e 1990. O futebol brasileiro evoluiu bastante. Nos anos 2000, o estilo do Eurico já não funcionava”

O que o tipo de cartola como o Eurico Miranda deixou de legado para o futebol brasileiro? Você concorda com a definição dele ser símbolo de atraso na gestão esportiva?

O Eurico sempre defendeu essa visão de que tinha que ser apaixonado pelo clube. Tem um determinado momento, no quinto episódio, que ele fala que dirigente do Vasco tem que ter sobrenome português. Que não pode ter três consoantes no nome. Se olhar a trajetória do Eurico, o jeito que ele trabalhava funcionou muito nos anos 1980 e 1990. O futebol brasileiro evoluiu bastante. Nos anos 2000, o estilo do Eurico já não funcionava. Ele conseguia operar no caos dos anos 1980 e 1990.

Como foi colocar na Globo um episódio tão controverso como o do Vasco entrando em campo com propaganda do SBT na camisa na final da Copa João Havelange?

As pessoas lembram muito disso. Essa história, contada em qualquer plataforma [de streaming], atrai a atenção. No Globoplay, vai chamar ainda mais a atenção. Na série, a Globo e a família do Eurico falam sobre isso. Tentamos recontar essa história com todas as versões. Existem pontos de vista de cada um. Demoramos um tempo nessa história. Entendemos que é um fato relevante. Passamos pelas razões da briga. Não vou dar spoiler.

Isso também mostra uma característica do Eurico, que era misturar as questões pessoais dele com as do Vasco. Ele se sente atingido pela Globo. A partir daí, ele toma uma atitude muito surpreendente. Ninguém imaginava isso. Com razão ou sem, ele usa o espaço do Vasco para responder à Globo.

Fonte: Máquina do Esporte

Mais sobre:Eurico Miranda
2 comentários
  • Responder

    Ele com o calcada de presidente foi otimo,
    Ja na presidencia foi um horro acabou com o vasco afudando em dividas ate hoje ,
    Erico e o resposavel pelo o vasco ter jogado as divisoes inferiores e nao. Ter time pra joga na serie a ate 2022 , e agora em 2023 o clube tenta ser levanta oque nao e de uma hora pra. outra .
    E o. Meu medo e que o Leviano e outto. Erico .

  • Responder

    Ele pode ser visto como o bem e o mal , teve muita influência dentro do futebol , acho que seu maior feito não foi tirar o Fluminense da terceira divisão , ali ele defendeu o futebol carioca ,seu Rio de Janeiro e , sim foi peitar a poderosa Globo dirigente nenhum teria a coragem que ele teve , obrigou a rede de TV , faze-la exibir por mais de 100 minutos o logotipo da concorrente ou seja SBT , foi uma ousadia sem precedência nos meios de comunicação e , isto ficará para sempre na historia do futebol e da televisão . Eurico teve muitos erros , mas o maior deles o que fez a maior parte da torcida a rejeita-lo foi sem dúvidas a briga com o maior ídolo do Vasco que é Roberto Dinamite , que ao ser expulso das sociais pelo dirigente , manchou a sua historia junto a grande massa torcedora do clube de São Januário , ele pode atacar a Globo e ganhou mas ao atacar o Ídolo dos Cruzmaltinos Roberto Dinamite , ele perdeu pois entre o ódio e o amor , o amor venceu e vencerá sempre .

Comente

Veja também
Rafael Paiva lamenta postura da torcida do Vasco e faz cobrança

Rafael Paiva afirmou que o time competiu com o Internacional, lamenta resultado e saiu em defesa dos jogadores após protesto da torcida.

Roger Flores crava futuro de Rafael Paiva no Vasco após derrota

Comentarista do Sportv, Roger Flores analisou a situação do técnico Rafael Paiva depois de mais uma derrota do Vasco da Gama.

Notas dos jogadores do Vasco contra o Internacional

Confira as notas dos jogadores do Vasco da Gama na partida desta quinta-feira, contra o Internacional, pelo Campeonato Brasileiro.

Rafael Paiva analisa derrota do Vasco para o Internacional; veja a coletiva

Rafael Paiva detalhou a atuação do Vasco da Gama em São Januário, em mais uma partida em que seu time sai derrotado.

Lédio Carmona fica na bronca com Maxime Dominguez: ‘Decepcionou’

Comentarista do Sportv, Lédio Carmona criticou o meia suiço Maxime Dominguez, que foi titular do Vasco da Gama contra o Internacional.

Sair da versão mobile