Diniz analisa empate do Vasco contra o Del Valle; veja a entrevista coletiva
Fernando Diniz analisou o desempenho do Vasco e lamentou bastante as chances perdidas em eliminação na Sul-Americana.

O Vasco está fora da Copa Sul-Americana. Depois de perder por 4 a 0 no jogo de ida, a equipe apenas empatou em 1 a 1 com o Independiente del Valle na noite desta terça-feira, em São Januário, e foi eliminada na fase de playoffs das oitavas de final. Depois da partida, o técnico Fernando Diniz lamentou bastante as chances perdidas por seus jogadores.
Para ele, o roteiro do empate com o Grêmio na rodada passada do Brasileirão, quando a equipe criou e desperdiçou muitas oportunidades, se repetiu nesta noite.
– Eu acho que se repetiu hoje o que aconteceu contra o Grêmio. A gente teve um volume interessante na parte de criação e cedeu pouco contra-ataque. E, assim como foi contra o Grêmio, a gente teve muita chance clara de fazer o gol, eles não tiveram quase chance nenhuma e conseguiram fazer o gol deles. A gente poderia até ter resolvido ou encaminhado a classificação no primeiro tempo – disse o treinador.
Diniz também foi perguntado sobre a possibilidade de chegarem reforços no Vasco nos próximos dias. Em resposta, tratou de frear um pouco a euforia nesse sentido.
– Em relação a reforços, quando eu vim para cá eu sabia que existia uma escassez de recursos financeiros para contratação. A gente está no mercado, espero que a gente consiga contratar, mas não vai chegar um monte de jogador aqui. Vocês sabem disso, não tem recurso financeiro. A gente vai acabar arriscando nas contratações. É fácil contratar o Vitor Roque, o Savarino, o Luiz Henrique, o Alcaraz, jogadores que você conhece – disse o treinador.
– A gente tentou contratar o Hinestroza, vocês sabem. Quando começou a Libertadores, a gente estava mapeando o jogador com nossa equipe de scout. Foi o primeiro nome que veio à cabeça. Tentamos outros extremos que estão fora do país, mas os valores: 10 milhões de euros, 12 milhões de euros, 8 milhões de euros. E a gente não tinha condição. Para a gente contratar, é mais difícil mesmo. A gente vai contratar, arriscar e esperar que dê certo. Como foi o Nuno, por exemplo, que ninguém conhecia e hoje dá retorno técnico para o Vasco. Não é uma coisa fácil – concluiu.
Nesta terça, a torcida do Vasco protestou durante a maior parte do tempo. Quando o Del Valle abriu 1 a 0, membros de uma organizada pararam de cantar e deram as costas para o campo. Também houve muitas vaias direcionadas ao zagueiro João Victor, como já havia ocorrido contra o Grêmio. Fernando Diniz comentou o momento psicológico de sua equipe.
– As vaias são normais. Não é por conta do que o time tem feito, mas pelos resultados e pelo histórico recente do Vasco não só desse ano. Eu falo sempre para os jogadores, a torcida a gente tem que tratar que nem um cristal. Ela merece ver o time correr, lutar, a gente está tentando, mas ela vive de vitórias e de títulos. O Vasco tem a história que tem por causa das conquistas que estão na história do clube. Desde o Expresso da Vitória, passando pelo time de 1974, de 1989, dos anos 90 e 2000. O que marca é título e vitória – disse o treinador.
– As coisas só vão melhorar com vitória, o humor do torcedor. Acredito que estão vendo que o time está produzindo, que é um time diferente, que todo mundo corre e luta, mas a gente precisa ganhar jogos. E eu acho que isso está perto de acontecer. Porque é um time que trabalha muito e não se entrega. Você fala de psicológico, mas o time continuou jogando. Contra o Grêmio tomou o gol e criou mais três ou quatro chances. Hoje estava em cima, tomou gol, continuou tentando. A gente está aprendendo a suportar essas coisas, ser grande e as vitórias estão perto de acontecer – completou.
Diniz também respondeu sobre a relação arranhada do zagueiro João Victor com a torcida.
– A torcida não quer vaiar o João Victor, ela quer vencer. Ele é bom jogador, não tá jogando só comigo. Está com todos os treinadores que passaram aqui. Será que todo mundo viu que ele é ruim e não quis tirar do time? É o jogador mais rápido que a gente tem no elenco, perde pouco duelo e bola no alto. Falhou no passado, mas não posso falar que comigo ele tem jogado mal. Hoje pegou um atacante difícil de ser marcado e ganhou praticamente todos os lances. Assim foi contra o Grêmio e tem sido assim. Como tem falhado pouco, está cada vez melhor. É um ótimo zagueiro na minha opinião. O que a gente tem é que começar a ganhar, ele suportar a crítica e a gente avançar – concluiu.
Veja outros pontos da coletiva de Fernando Diniz
O que falta ao time?
– Perguntas fáceis e difíceis de serem respondidas. Como você vai justificar um jogo em que a gente teve pelo menos oito chances claras de fazer um gol e o adversário não teve chance. Não dá para considerar que o gol foi uma chance criada. O cara errou a batida da falta, a bola veio baixa, o cara se abaixou, antecipou no primeiro pau e a bola bateu na bochecha (da rede). Futebol tem dessas coisas. Às vezes, você se cuida, faz exercício físico, não bebe álcool, dorme cedo e tem um ataque cardíaco e morre. A gente está fazendo tudo que é possível no Vasco. Se me espremer para sair mais uma gotinha para trabalhar, você não vai tirar. Porque tudo que eu tenho, eu tenho entregado e os jogadores estão seguindo comigo.
– E os reforços, além de a gente não contratar, contratar é difícil na situação do Vasco, a gente perdeu o Piton, o Coutinho e o GB, que tinha entrado bem. Então a gente está num momento em que precisa se juntar e trabalhar mais para ele passar. E o time está se esforçando. Além de a gente não contratar, a gente perdeu. Contra o São Paulo, parecia que a gente não precisava de muito reforço. A gente estava ajustado e jogou bem. Contra o São Paulo, a gente criou menos do que contra o Grêmio. Quantas defesas difíceis o Rafael fez? Quantas o goleiro fez hoje? Quantas o Volpi fez contra o Grêmio? Mas a bola não entrou. Não é falta de treino, de dedicação. Essas coisas que a gente gosta de falar e a torcida quer, isso está tendo, só que a bola não entrou. Acredito muito que na persistência ela vai começar a entrar.
O momento de Vegetti
– O Vegetti é um cara que faz muito gol. Hoje ele perdeu e fez um gol. Uma hora a bola dele vai começar a entrar, porque é um dos caras que mais se dedica. A questão o impedimento é uma coisa que a gente pode ajustar. As chances, quando tem, é um cara que quase sempre aproveita. Ele tem um histórico que já ajudou muito o Vasco. Agora porque não entrou, não sei te explicar. Nesse sentido sei tanto quanto você. Porque o Rayan pegou cara a cara e o goleiro tirou. Perde outro gol praticamente dentro da área pequena. Aí o cara vai, pega uma bola baixa, cabeceia sem olhar e a bola vai lá na bochecha. O Vegetti deve ter muito mais gol de cabeça que o Spinelli. São coisas que acontecem.
– O que eu acho que tem que fazer é continuar trabalhando e melhorando o time. Quando fala da defesa e o sistema, tomou um gol hoje e vai culpar o zagueiro? O cara errou a batida, a bola foi no primeiro pau e a gente tende a criticar os zagueiros e o goleiro, e a gente tende a crucificar o João Victor, porque são os mais vulneráveis. A gente está corrigindo o time em tudo que é possível, mas sempre o adversário vai ter uma ou duas chances. E se a bola entrar, o que a gente vai fazer? O futebol é um esporte que você não tem controle de nada. A gente consegue só aumentar as nossas possibilidades de vencer. A chance de fazer gol e do adversário ter. Estamos trabalhando em todas as possibilidades para que isso aconteça. Que a gente possa criar e diminuir as chances do adversário.
Time tem dificuldade na criação?
– Com todo respeito à sua avaliação, eu discordo. Acho que o time tem muita troca de passes. O que mais tem é tabela. Se pegar o que o Tchê Tchê, o Jair e o Nuno trocaram de passes hoje foi uma enormidade. Contra o Grêmio e São Paulo foi a mesma coisa. Desde que cheguei aqui, contra o Fortaleza, até contra o Botafogo, troca de passes é uma coisa que o time tem muito. E troca de maneira vertical, quase todo jogo tem um volume grande de finalizações. Acho que o problema não está aí. Se você fala assim: “um pouco mais de capricho na finalização”. Ou de fazer algo do tipo, eu concordo. Mas não na questão criativa. O time tem conseguido criar. Tem criado por dentro, pelos lados, chutes de fora da área, que é o que dá para fazer.
– O time joga com imposição então a gente não tem muito contra-ataque. Então a gente vai fazer gol de cruzamento, de bola parada, de fora da área ou gol de tabela. Acho que o time tem variado e feito tudo isso, um pouco de cada coisa. Às vezes, o jogo pede mais uma coisa, às vezes, outra. Hoje era um jogo em que eles baixaram muito a linha. Era um jogo que exigiria bola aérea, chute de fora. E a gente soube usar aquilo que o adversário estava oferecendo. Infelizmente, a bola não entrou.
Jogadores que saíram do banco
– Acho que todo mundo contribuiu. O Leandrinho é um jogador formado aqui no Vasco e claramente tem um carinho do torcedor, que é justo. Mas ele vem de fora, estava um tempo sem jogar. Se a gente não bota, não é porque não quer. Eu conhecia muito pouco, ano passado quando entrou foi muitas vezes na linha da frente até, dobrando com o Piton. A tendência é conforme eu for conhecendo vai ganhando mais oportunidades. Vou ver como ele vai rendendo nos treinos.
– O Estrella teve uma cirurgia importante no joelho, está voltando agora. Ainda está no plano de reabilitação, às vezes o joelho incha, não incha. Não é só ter vontade de botar, às vezes não dá para botar por uma questão clinica. O fato do Estrella já estar sendo relacionado e entrar um pouco hoje é um avanço muito grande daquilo que estava proposto para ele. Não era nem para estar jogando já, eu que dei uma acelerada. Ele é muito bom jogador. Tomara que ele consiga desempenhar nos treinamentos e que o joelho consiga suportar nessa fase de retorno dele para ser mais uma opção. Todo mundo que tiver condição e eu achar que o time vai melhorar, eu vou botar. Todos do elenco.
Atuação do Jair
– É um jogador que eu gosto. Hoje ele fez uma partida muito boa como fez contra o Melgar. Ele e o Tchê Tchê dominaram muito o meio-campo. É um jogador que eu gosto muito.
Ausência do Pedrinho na coletiva
– Para falar do Pedrinho, é um dos caras que tem mais caráter que eu vejo desde que jogo futebol. O momento é ruim por conta da falta de resultado, mas o cara tenta fazer tudo que ele pode. Eu vim para cá, uma das razões principais além da torcida, do clube e da história, é por conta do presidente que a gente tem. Eu tenho o maior orgulho de ser liderado pelo Pedrinho. Quem está dentro sabe o que ele tenta fazer para melhorar o Vasco. Se tivesse muito dinheiro aqui, ia ser muito diferente. Mas não tem e não tem irresponsabilidade. Eu vim para cá sabendo o que a gente ia ter. A gente vai ter que recuperar as coisas no trabalho e na força da torcida. Em situações normais, era até pra gente ter classificado hoje. Contra o Grêmio era para ter vencido, contra o Bragantino não era para ter perdido. Por que as coisas estão acontecendo assim? Não sei. O que faço é trabalhar e melhorar o time. Em relação ao presidente que a gente tem, acho que o vascaíno tem que estar muito chateado com os resultados, mas não com aquilo que o Pedrinho tem tentado fazer pelo clube.
Sequência de jogos fora do Rio de Janeiro
– Acho que a gente tem que procurar fazer o que a gente fez contra o São Paulo fora de casa. Jogar daquele jeito, saber se defender e saber atacar. Não costumo mudar a característica do time. Treino a equipe e gosto que a equipe tenha protagonismo dentro e fora de casa. Tem que saber defender no Sul, o Inter é um time forte, não está bem colocado na classificação, mas quando começou o campeonato, todo mundo estava apostando no Inter como candidato a título, tirando aí os principais dos últimos anos, que é Palmeiras, Botafogo e Flamengo. Todo mundo colocava o Inter. Está bem na Libertadores e pontuando mal no Brasileiro. Mas é um time forte e coeso, vem com o mesmo treinador desde o ano passado. A gente vai procurar repetir a performance que tivemos contra o São Paulo e, se for possível, até jogar melhor.
Expectativa sobre o time na temporada
– O torcedor tem que ser bem tratado. A gente precisa ganhar jogo. Agora, todo mundo que está aqui milita e vive do futebol. É o nosso trabalho, leva dinheiro para casa e come do futebol. O rendimento, está tendo rendimento, está tendo vitória. O rendimento, às vezes você rende e não ganha. Às vezes, você finaliza uma bola no gol e ganha de um a zero. O time tem tido rendimento, o time trabalha muito. Se você é vascaíno e gosta de quem trabalha, que se esforça, que procura dar o máximo, porque tem um treinador que cobra o máximo hoje e os caras entregam. Esse time trabalha, não falta vontade, garra e vontade de lutar. Está faltando vencer. Agora, se é um time ruim, que está faltando jogadores, o time não rende bem. Está faltando ganhar jogo. Rendimento o time está tendo.
– Quando falei lá que gosto do time, eu gosto do time. E hoje a gente está sem nosso grande craque, que é o Coutinho. Está sem o GB que todo mundo quer que use um moleque da base. Era um jogador improvável de estar aqui. Eu comecei a assistir a base, vi lá e trouxe ele para cá, para jogar, e aparentemente ele já deu uma resposta positiva, um cartão de visita na altitude. A gente vai preparar o Estrella. É o que a gente tem. O Leandrinho entrou hoje. Quem sabe, o Leandrinho se firme no futuro. Contratação, sem dinheiro, a torcida não quer contratação, a torcida quer bons jogadores. Bom jogador custa dinheiro. A gente vai contratar e vai arriscar. A gente não tem dinheiro. Se eu pudesse, eu traria o Paulinho do Atlético, que é vascaíno, criado aqui, mas como vou trazer o Paulinho, que custou 30 milhões de euro, o Vitor Roque. O Vasco vai trazer jogador de 8, 10 milhões de euros, não tem. Mas é um time que luta e está produzindo. Acredito cada vez mais na força do time. É um time que poderia ter largado, se desesperado. Mas continua lutando, brigando, criando e produzindo para vencer jogo. Uma hora vai começar a vencer.
Assista à coletiva
Fonte: Globo Esporte