Destaque no Vasco após ser dispensado no Flamengo: conheça a história de Ray

Ray deixou o Rio Grande do Norte com a família para jogar no Flamengo, mas foi dispensado, e hoje é destaque no Vasco da Gama.

Ray ao lado de Carlos Brazil
Ray ao lado de Carlos Brazil (Foto: João Pedro Isidro/Vasco)

Final do Campeonato Carioca Sub-20. Depois de perder o jogo de ida por 2 a 1, o Vasco vence o Flamengo por 1 a 0 na volta, e a decisão vai para os pênaltis. Evertton, atleta rubro-negro, desperdiça a cobrança. Se o Vasco converter se sagra campeão. Ray vai para a bola e cobra com cavadinha.

Esse foi o cenário do título carioca sub-20 do Vasco, conquistado no dia 15 de julho, em São Januário. Com frieza e personalidade, Ray, de 18 anos, converteu a última cobrança e garantiu a taça. Destaque da base vascaína, o meia teve o contrato renovado nesta semana e já é observado pelo profissional, onde participou de alguns treinos na temporada.

– Estou muito feliz com esse momento, pude renovar com o Vascão. Foi um mês abençoado, com gol do título. Nunca me senti tão bem no Vasco, é daqui para melhor – disse o jovem em papo com o ge.

– Eu já vinha pensando na semana em cavar. No momento da disputa, eu vi se o goleiro estava saltando antes e, como eu era o último, deu para analisar. Quando o Flamengo perdeu o pênalti, já fui com a ideia de cavar e fui feliz. Gosto muito de improvisar. Vi muito Ronaldinho Gaúcho, Neymar… Para mim a arte do futebol brasileiro é isso, buscar o improviso e tentar – completou Ray.

O talento do meia chama atenção na base do Vasco, mas nem sempre foi assim. Ray, natural de Natal, deixou o Rio Grande do Norte em 2016 na companhia do pai, Berg, sem muitas condições, mas com o sonho de se tornar jogador de futebol. O primeiro “não” veio do Flamengo e doeu, ainda mais da forma como aconteceu.

– Foi uma chuva grande que a gente passou e, graças a Deus, hoje eu conto sorrindo. No início foi bem difícil. Quando eu cheguei no Flamengo era uma comissão, passei no teste e me falaram para eu me preparar para me mudar de Natal, mas quando voltei era outra comissão. Passei por outro período de avaliação, eles alegaram que eu era muito franzino e me dispensaram – contou Ray.

– A gente largou tudo lá, vendeu casa, carro, tudo que tínhamos. Quando passamos por isso foi muito difícil, fiquei sem chão, não sabia o que fazer. Não podia trabalhar, porque tinha que levar ele para os treinos. Mudamos toda uma logística para vir, questionei o Flamengo e disseram que não tinha o que fazer. Conversei com meu filho e decidimos que íamos ficar e tentar – acrescentou o pai do garoto.

Para viver na capital carioca, Berg trouxe sua esposa Clecia, madrasta de Ray. Ficou decidido que quem conseguisse um emprego primeiro iria trabalhar, enquanto o outro cuidaria do jovem atleta. E Berg passou a acompanhar o filho para todos os lados. Conseguiu treinar no Boavista e no Campo Grande, de onde saiu com a ajuda do treinador Robinho para ir jogar no Vasco.

No entanto, Ray enfrentou mais provações no clube de São Januário. Demorou a ganhar espaço, quase foi dispensado, mas virou a chave quando chegou ao sub-17, onde se tornou uma das promessas do clube. A situação da família foi o que motivou o meia na mudança de comportamento.

– Foi mais questão de concentração e foco. Depois que chegamos ao Rio passamos muitas dificuldades e ficamos seis anos sem voltar em Natal. A esposa do meu pai é minha madrasta, uma segunda mãe para mim, mas mãe é mãe e eu fique com muita saudade da minha nesses seis anos – explicou Ray, que continuou:

– Quando fui lá vi uma situação chata, a casa dela num lugar que eu não queria, bichos na casa, e eu me senti muito mal. Teve um dia que fui para um canto, comecei a chorar e falei: “Quando eu voltar para o Rio eu vou mudar isso aqui”. Eu volto com outro pensamento, perguntei para a nutricionista o que precisava para melhorar. E foi assim, com ajuda da minha família e dos meus empresários, botei na cabeça que queria mudar e no sub-17 falei que seria meu ano.

E a vida de Ray realmente mudou. No sub-17, o meia virou titular e participou de 27 jogos, com dois gols e duas assistências. Nesta temporada no sub-20, o jovem tem quatro gols e uma assistência em 19 partidas. Na última terça-feira, ele assinou a renovação de contrato com o Vasco até agosto de 2028 – a multa para fora é de 40 milhões de euros.

Leia mais sobre o papo com Ray

Treinos no profissional

– Sempre é uma experiência muito boa ir no profissional. É muito bom estar lá. A torcida pode ficar tranquila que quando aparecer a oportunidade eu vou dar meu melhor. Quero muito aproveitar minhas chances quando elas surgirem, mas meu foco está no sub-20 agora.

Sonho

– Meu maior sonho com a camisa do Vasco é levar o Vasco a uma Libertadores, queria dar essa alegria para a torcida vascaína. Não é difícil, a camisa do Vasco é muito pesada e vamos conseguir.

Referências

– Fui muito feliz e tive a oportunidade de treinar com o Nenê. Ele, o Alex Teixeira, gosto muito dos dois. O Nenê saiu, mas deixou seu legado. Os garotos também são todos meus amigos, o Andrey e o Marlon, quero trilhar o meu caminho no Vasco também.

Virada de chave

– Eu estava na lista de dispensa, o Igor Guerra chegou para ser o treinador e disse que iria começa tudo do zero, porque ele não conhecia ninguém. Eu pensei que seria minha chance, continuei focado, dormindo cedo, me alimentando bem. Fiz alguns amistosos no sub-17 como reserva, mas entrei e fui bem e ganhei as oportunidades. Agarrei e não soltei por nada.

William Batista

– A gente tem a Copa do Brasil agora, a preparação segue intensa para que possamos ganhar mais um título. O William Batista é um treinador de alto nível, um dos melhores que já tive, ele cobra todos da mesma forma, não importa se é reserva ou titular. Ele tem um jeito brincalhão, caiu como uma luva, a gente abraçou assim que ele chegou.

Trabalho mental

– Minha relação com meu pai não é só uma relação de pai e filho, mas de amigo também. A gente conversa sobre tudo. Tem a psicóloga Larissa no Vasco, ela me ajuda muito, e meu pai também conversa muito comigo. Estou bem mentalmente e me sentindo preparado para os próximos passos.

Títulos na base

– A gente, no Vasco, busca muito ganhar títulos. Todo mundo quer jogar no Vasco por causa disso, estamos sempre chegando. O Carioca Sub-20 é mais um título muito importante para a minha carreira.

Fonte: Globo Esporte

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2 comentários
  • Responder

    Mulék é brabo !!!

  • Responder

    Quero ver se depois que se tornar craque vai dizer que era urubu desde criança,mas enquanto estava no Vasco não podia dizer

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