Desavença entre Vasco e Consórcio coloca futuro do Maracanã em xeque  

Desentendimento do Vasco da Gama com Flamengo e Fluminense minam relação e Maracanã fica com destino incerto.

Bandeirinha do Vasco no Maracanã
Bandeirinha do Vasco no Maracanã (Foto: André Durão)

O Vasco reclamou e protestou pela cobrança de aluguel maior para uso do Maracanã feito pela administração no jogo contra o Cruzeiro. A dupla Flamengo e Fluminense, que gere o estádio, rebateu que não poderia dar condições iguais ao clube pois é responsável pelo custos de manutenção. No final da linha, há uma discussão do poder sobre o uso do Maracanã no futuro.

Para explicar o contexto, desde 2019, o Flamengo tem um concessão provisória do Maracanã, com o Fluminense como interveniente. Há um processo de concorrência definitiva feito pelo governo do Estado em curso que ainda parece longe de conclusão.

Neste cenário, a administração do Maracanã – leia-se Flamengo e Fluminense – estabeleceu que o Vasco teria de pagar R$ 250 mil pelo aluguel do estádio, ainda teria de quitar R$ 130 mil em custos do estádio e não poderia ficar com receitas de bares. Ainda proibiu uma faixa sobre Respeito e inclusão do clube. Em seus jogos, a dupla Fla-Flu paga R$ 90 mil de aluguel e tem direito às receitas.

A diretoria do Vasco enviou seguidos ofícios à gestão do estádio questionando a decisão. Alega que, pelas condições acertadas na concessão, os gestores se obrigavam a dar condições iguais a outros clubes no uso do estádio.

É citado o artigo segundo da concessão, parágrafo 10o: “A permissionária deverá possibilitar a utilização em condições de igualdade pelos demais clubes de futebol profissional.”

Questionada, a administração do Maracanã nega que exista a obrigação de dar um aluguel igual para terceiro em relação à dupla Fla-Flu. Em nota, a gestão do estádio afirma que os dois clubes “têm direito legal e contratual de usar o estádio por qualquer valor ou mesmo de graça. Por outro lado, terceiros que desejem utilizar o estádio, sejam clubes ou entidades de administração desportiva, deverão pagar, em contrapartida à referida utilização, um valor que seja suficiente para suportar o enorme custo do Maracanã”.

Quando houve a concessão do Maracanã à dupla Fla-Flu, em 2019, houve a promessa, sim, de que os outros clubes teriam condições iguais de uso do estádio. E havia a previsão de um aluguel fixado em R$ 90 mil. O clube cruzmaltino apresentou as cláusulas que preveem essa condições, enquanto a dupla Fla-Flu não mostrou que isso foi retirado da concessão. Salvo nova informação, o Vasco tem razão nesse atrito específico. E a proibição de sua faixa com os dizeres “Respeito, inclusão e igualdade” não faz nenhum sentido.

Dito isso, o atrito atual tem como pano de fundo uma discussão maior que é sobre a concorrência definitiva do estádio, cujas regras já foram definidas pelo governo do Estado. Pela licitação proposta, haveria 70 partidas no Maracanã, o que só seria possível com três clubes. Ou seja, as condições impostas induzem aos três gerirem o estádio – Vasco já demonstrou interesse de entrar na disputa.

O problema é que 70 jogos no Maracanã tornam inviável a manutenção de um gramado razoável no estádio. Na prática, haverá um futebol precário praticado no campo.

E, sim, todos os clubes têm direitos iguais sobre o Maracanã – a festa da torcida vascaína no estádio no domingo foi bem bonita -, mas também têm deveres iguais. O Maracanã foi largado a própria sorte desde 2016 após a Olimpíada quando a Odebrechet parou de investir no estádio. Foi o Flamengo quem botou dinheiro para recupera-lo. Foi o clube rubro-negro que também agora, juntamente com o Fluminense, reformou o gramado.

É a empresa fundada pela dupla Fla-Flu que negocia camarotes e patrocínios para tornar o estádio viável. Para além dos jogos, o Maracanã tem uma despesa considerável de manutenção que será ainda maior considerando reformas necessárias na sua cobertura e outras modernizações – só a dupla Fla-Flu fez algo.

A realidade é que até agora o Vasco não investiu um centavo no Maracanã, seja de esforço seja de dinheiro. A diretoria do clube conversa com o 777 Partners sobre entrar na concorrência e não está descartada nem participar com o Flamengo e Fluminense – o atrito atual não causou uma ruptura. Mas até agora o clube mais falou do que fez algo de concreto pelo estádio. Se dependesse do Vasco, o Maracanã estaria em ruínas nesses seis anos.

A solução para o Maracanã é bem complexa. O gramado não comporta os jogos dos três clubes no estádio no número que eles desejam – o Vasco quer 15 a 25 partidas, Flamengo e Fluminense todos seus jogos em casa (de 30 a 35 cada). Só os vascaínos têm um estádio alternativo para partidas de menor público. E, ao mesmo tempo, é deficitário abrir o Maracanã para públicos menores do que 30 mil pessoas como ocorreu em alguns jogos recentes tricolores.

O atrito entre Vasco e a dupla Fla-Flu, portanto, é mais um capítulo de uma debate sobre o futuro do estádio. As regras atuais do governo do Estado para a concorrência não resolvem o problema, menos ainda a atitude beligerante dos clubes. O único caminho possível é sentar todo mundo à mesa e os lados buscaram concessões por uma solução comum. Ou vai sobrar nota oficial e faltar gramado no Maracanã.

Fonte: Uol

Mais sobre:Maracanã
4 comentários
  • Responder

    Parece até flamenguista escrevendo notícia sobre o Vasco, leiam com atenção!

  • Responder

    Sério mesmo?? O Flamengo não tem estádio. Como estava nadando no dinheiro, resolveu por administrar o estádio. Os outros clubes tinham situação semelhante? Quem foi que tirou da torcida seu lado de direito?
    Outro detalhe, o Maracanã não tem dono, é público, é do povo, portanto, a torcida vascaína tem direito de estar lá, de usar!
    Chega ser patético querer comparar a situação financeira que proporcionou o Flamengo administrar o Maracanã, com a realidade dos outros clubes. E quando assumiram, era de conhecimento de todos que todos 4 times do cariocas tem direitos iguais sobre o estádio.
    Não tornaram o fla e flu donos do estádio, mas gestores.

  • Responder

    Cara esse cara que tá fazendo essa matéria só poder ser mulambo,eu só a favor do vasco reforma são Januário aumenta a capacidade de público em vez de fica gastando dinheiro com esse Maracanã

  • Responder

    Não tem acordo!! É entrar na licitação e tomar o Maracanã deles e pagar na mesma moeda,se quiser jogar lá vai ter que pagar o que o Vasco cobrar ou vai jogar na Bariri

Comente

Veja também
Paulo Henrique faz balanço da temporada pelo Vasco e projeta 2025

Titular do Vasco da Gama na reta final da temporada de 2024, Paulo Henrique faz balanço sobre o ano e projeta 2025.

Vasco abre negociação com Paulo Pezzolano, ex-técnico do Cruzeiro

O Vasco da Gama segue de olho no mercado em busca de um novo comandante para 2025 e abre negociações com Paulo Pezzolano, ex-Cruzeiro.

Philippe Coutinho sofre desvalorização de mercado em 2024; veja ranking

Philippe Coutinho, do Vasco da Gama, está na lista dos jogadores que mais desvalorizaram na temporada de 2024.

Torcida do Vasco prefere que Magnata grego compre a SAF do Clube

O Vasco da Gama busca um investidor no mercado para vender as ações do Clube e Evangelos Marinakis é o preferido da torcida.

JP se recupera de cirurgia e antecipa pré-temporada no Vasco

Recuperado de lesão, JP antecipa pré-temporada no Vasco da Gama e fará parte do grupo que se reapresenta mais cedo para o Carioca 2025.

Sair da versão mobile