CT do Vasco interditado tinha vasos sem descarga e banho de garrafa
Segundo promotores muitos jovens chegaram a beber água do chuveiro, e há apenas um vaso sanitário com descarga e muitos deles tiveram que tomar banho usando garrafas pet.
Descaso. Essa é a palavra mais adequada para descrever a situação do Centro de Treinamento do Vasco, em Itaguaí, onde, em fevereiro, morreu o menino Wendel Junior Venâncio da Silva, de 14 anos. Em fotos publicadas pelo jornal “O Dia” nesta quinta-feira, é possível observar que as condições do local são insalubres, a alimentação é inadequada e o transporte é precário. Segundo promotores de Justiça da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, muitos jovens chegaram a beber água do chuveiro. Além disso, há apenas um vaso sanitário com descarga e muitos deles tiveram que tomar banho usando garrafas pet.
– As condições do alojamento de São Januário e do CT são piores do que as da maioria das unidades destinadas a adolescentes em conflito com a lei. O alojamento tem péssimas condições de higiene e conforto, com infiltrações, camas sem estrado, colchões velhos e armários quebrados. Diariamente a vida desses jovens é colocada em risco quando são transportados para treinar em um ônibus velho, sem cinto de segurança e com buracos no painel devido à falta de instrumentos – revelou a promotora Clisânger Ferreira Gonçalves Luzes.
A Justiça determinou na última quarta-feira a interdição das instalações e suspensão das atividades. O clube terá 30 dias para cumprir uma série de medidas. O Vasco até pode utilizar o local, desde que não seja para nada relacionado às categorias de base. O clube corre o risco de ter de pagar multas de R$ 30 mil por dia que descumprir o solicitado. Flamengo, Botafogo e Fluminense também estão na mira da Justiça. No Rubro-Negro, de cara foram detectados problemas no Ninho do Urubu. Há jovens que guardam suas roupas em malas no CT.
Na coletiva com a juíza Ivone Ferreira Caetano e mais cinco promotores, na última quarta-feira, o Ministério Público do Rio revelou que acompanha o trabalho na base do Vasco há quase um ano. O clube foi o primeiro a ser investigado por conta de uma denúncia que chegou à promotoria. Tudo caminhava para que, após alguns ajustes em São Januário, o Vasco assinasse um termo de adequação de conduta (TAC) e, a partir daí, serviria inclusive de exemplo para os demais grandes.
Com a morte de Wendel, que passou mal durante uma peneira no CT de Itaguaí, o MP se deu conta de que o Vasco nem sequer havia informado sobre a existência deste local de treinamentos. O clube da Colina informou que não recebeu notificação e que, portanto, ainda não poderia falar sobre o ocorrido.
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