Cruz adotada pelo Vasco foi inspirada por pinturas de Roque Gameiro

A Cruz de Malta adotada pelos fundadores do Vasco da Gama foi inspirada nas pinturas do artista português Roque Gameiro.

Há um tempo atrás, tivemos oportunidade de fazer breves considerações sobre a “A Cruz de Malta” como símbolo vascaíno. 

Após nos debruçarmos em longa pesquisa, conseguimos de elucidar várias dúvidas que foram mantidas como mito por anos a fio.

Como já dissemos, o tempo é o elemento corrosivo da memória oral. Perderam-se a sabedoria dos pioneiros vascaínos, os pormenores do contexto da fundação e o porquê da vontade dos fundadores designarem, em ata da assembléia geral, a Cruz de Cristo vascaína como “Cruz de Malta Encarnada” quando da criação do primeiro uniforme do Club (06/09/1898). Memórias perdidas com o passar dos anos, de modo que, nos festejos do cinquentenário do Vasco (1948), já se havia esquecido por completo. O que era de conhecimento comum e não escrito, sumira da lembrança!

Resgatamos, por exemplo, que a vontade dos fundadores foi a de se adotar a Cruz de Cristo encarnada como ficou registrada na iconografia da época, que em sua maior parte buscou a simplificação, sem que se contivesse a cruz branca interna na mesma cruz da Ordem de Cristo. Revelamos também que, no contexto da época, independentemente da vinculação com o Club, a designação “Cruz de Malta” tinha um caráter popular que se referia ao design heráldico das cruzes páteas (toda cruz, independentemente da ordem religiosa e equestre, que tenha pontas abertas é uma cruz pátea) e assim verificamos que não se tratava da cruz da Ordem dos Hospitalários de Malta, e sim da cruz da Ordem Militar de Cristo enquanto designativo (nome) próprio da referida Ordem. 

Por óbvio, em Portugal, ninguém se referirá à cruz pátea da Ordem de Cristo como sendo uma “Cruz de Malta”, pois se trata de um símbolo nacional enraigado na história lusitana! Já no estrangeiro, há diversos casos de se referirem à Cruz (da Ordem Militar) de Cristo como sendo uma “Cruz de Malta”, e assim era também em nosso país ao tempo da fundação do Club de Regatas Vasco da Gama, como exemplificamos em nosso artigo anterior. 

Ainda esclarecemos que o signo do Club tem relação direta com a história das grandes navegações portuguesas, em especial, com os festejos do IV Centenário do Descobrimento do Caminho das Índias por Vasco da Gama (1898), sem nenhuma conotação com qualquer outra Ordem religiosa militar e equestre (leia o artigo completo acessando o link:
http://www.memoriavascaina.com/2016/01/brevissimas-consideracoes-sobre-cruz-do.html).

Seguindo o critério adotado pelos fundadores para o signo do Club, temos as naus da esquadra de Vasco da Gama, que aportou em Calicute em 20 de maio de 1498 – e, como todos sabemos, em suas velas estava estampada a Cruz da Ordem Militar de Cristo. 

Diante do contexto histórico no momento da fundação, duas obras se destacam e serviram de esteio para a adoção da cruz encarnada: as gravuras produzidas por Roque Gameiro, uma sobre a partida da esquadra do navegante português; a outra com a chegada a Calicute. Nelas estão representadas, nas velas da esquadra de nosso patrono, a Cruz de Cristo, inteiramente encarnada, simplificada pelo afamado artista, e que serviu de inspiração para a adoção da mesma cruz pelos pioneiros fundadores! Essa é a origem da Cruz do Vasco, encarnada, grega (formato quadrado), e pátea (pontas abertas), resultado de uma liberdade artística do tempo dos festejos do IV Centenário do Descobrimento dos Caminhos das Índias! 

Cruz de Malta do Vasco da Gama

Vascainidades:

(1) Um pouco sobre Roque Gameiro, no seu tempo – publicado em 06 de abril de 1898 pelo jornal português O Seculo: “Poucos artistas tem conseguido evidenciar-se de forma tão notável, de maneira tão distincta, impondo-se pelo trabalho e pelo seu talento como Roque Gameiro, alheio a cateries e a reclamos, modestissimo e ingenitamente bondoso.

O seu nome assoma a todos os labios quando se tratam questões de arte, e com lidima razão. Roque Gameiro, alem de ser hoje o nosso primeiro aquearellista é, sem duvida, tambem um de nossos mais laureados desenhadores. Dispondo de aptidões de trabalho que completam as suas magnificas qualidades de artista, Roque Gameiro é dos que mais produzem, senão aquelle que mais produz.

Os trabalhos que a rubrica elegante do seu nome salientam á attenção publica são sem conta. Ainda ultimamente o publico teve occasião de o palmear pelo symbolico e bisarrantre cartaz do Centenario, bem como pelo gracioso quadrosinho destinado a brinde da Casa Bertrand, e representando a chegada de Vasco da Gama a Calecut.

Entre muitas aquarellas e desenhos que presentemente occupam a prodigiosa actividade do sympathico artista, destacam-se os seguintes trabalhdos destinados ao Seculo: aquarella para capa do Album Commemorativo do Centenario e uma grandiosa aquarella representando Mousinho de ALbuquerque na companha contra os namarraes, que servirá de primeiro brinde ao assignantes da Madame Sans-Géne.

Finalisando esta noticia damos aos nossos leitores a boa nova de que o nosso distincto collaborador artistico illustrará com delicadas vinhetas o romance historico que Seculo vae encetar brevemente em folhetins, devido á penna de Anonio Campos Junior, e que terá por titulo Guerreiro e monge.

Desnecessario é augurar á publicação um successo, visto por si só garantia bastante de que o novo folhetim do Seculo constituirá um verdadeiro acontecimento.” (grafia da época)

(2) O Vasco quase foi Azul e Branco, mas a Cruz de Cristo era definitiva! – O fundador José Lopes de Freitas, um dos 4 pioneiros que idealizou o Club de Regatas Vasco da Gama, e pouco antes de sua morte em 1942, teve relação muito próxima com o Grande Benemérito Álvaro Nascimento, cognominado Cascadura, tendo transmitido a este todas as suas lembranças acerca da fundação, que foram no entanto, esparsamente difundidas. Tanto José Lopes de Freitas, quanto Cascadura eram homens da imprensa, tendo este último trabalhado no jornal Rio Sportivo nos primórdios do futebol, e com Mario Filho trabalhou também no Jornal dos Sports. Em homenagem a José Lopes de Freitas, que utilizava o pseudônimo de “Zé da Praia”, adotou Cascadura o pseudônimo de Zé de São Januário, ao escrever durante muitos anos a coluna “Uma Pedrinha na Chuteira”. Por conta dessa colaboração, alguma informação sobre a fundação do Vasco foi retransmitida a Mário Filho, que por sua vez era sócio de Roberto Marinho no Globo Sportivo. Numa dessas colunas escritas por Mário Filho no Globo Sportivo de 24 de agosto de 1945, externou um desses detalhes sobre a escolha do signo e das cores vascaínas que reproduzimos abaixo.

Nossos agradecimentos à historiadora Glaucia dos Santos Garcia, ao pesquisador Alexandre Mesquita, e ao historiador Walmer Peres Santana.

Memória Vascaína

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