Cristóvão Borges: “entendo o torcedor perfeitamente”
Aos gritos de “fora, Cristão”, “burro” e outros adjetivos impublicáveis, Cristóvão Borges deixou o campo de jogo sentindo na pele a revolta do torcedor.
As vaias e os xingamentos a Cristóvão Borges foram algo até então jamais experimentados pelo técnico do Vasco desde que assumiu a equipe no lugar de Ricardo Gomes, no fim de agosto passado. Aos gritos de “fora, Cristão”, “burro” e outros adjetivos impublicáveis, o técnico deixou o campo de jogo sentindo na pele a revolta do torcedor. No entanto, perguntado se está se sentindo ameaçado, manteve a serenidade que lhe é peculiar, aparentando calma e segurança em seu discurso.
“Não me sinto ameaçado no cargo. Já estou aqui no clube há algum tempo e sei como é que funciona. Fui atleta, conheço as coisas por dentro. A receita é continuar trabalhando, trabalhar sério. E isso estamos fazendo. O resultado está sendo bom”, declarou o treinador na coletiva de imprensa, após a vitória de 2 a 1 sobre o Lanús , na noite desta quarta-feira, em São Januário, pelas oitavas de final da Copa Libertadores.
Com o resultado, o Vasco tem até a vantagem do empate, dia 9, em Buenos Aires. Mas derrota simples por 1 a 0 dá a vaga à equipe argentina. O torcedor não tolerou a troca de Felipe por Fellipe Bastos tão logo o Lanús marcou o gol, no segundo tempo. O treinador justificou a alteração afirmando que a substituição faria o time se recompor mais rapidamente no setor defensivo.
As vaias e os xingamentos, no entanto, não pararam por aí. Tanto que, em solidariedade, todos os jogadores, sem exceção, fizeram, na saída para o vestiário, uma barreira humana em volta do técnico para mostrar ao torcedor que o grupo estava do lado do comandante.
“Eles têm todo o direito de vaiar. O time vem de uma eliminação no Carioca para o Botafogo, a gente pede para ele comparecer e nos apoiar, ele comparece, a equipe tem o jogo na mão e acaba sofrendo um gol. Entendo o torcedor perfeitamente. Nosso objetivo era vencer e não sofrer gol. Sofremos. Mas, de qualquer forma, temos a vantagem do empate lá dentro”, declarou.
Sobre o gesto dos jogadores, Cristóvão disse que isso mostra que o ambiente interno é dos melhores. O treinador tem, como se diz no jargão do futebol, o grupo na mão. Do vestiário para dentro, ele sabe o que pode esperar dos jogadores. Na entrevista, assegurou que clima entre eles é o melhor possível. Ainda assim, ele se disse surpreso com a manifestação pública de carinho dos jogadores.
“Foi muito legal. Lógico que eu preferia que não precisasse disso, mas isso demonstra como a nossa relação é boa. Ficou claro também que estamos juntos nos momentos bons e nos momentos ruins”.
ig