Crise em São Januário: a campanha melancólica do Vasco em 4 capítulos

O Vasco fechou sua campanha em São Januário e se despediu do torcedor vascaíno no Brasileirão com mais um resultado frustrante em seu estádio. A equipe de Fernando Diniz perdeu para o Mirassol por 2 a 0, na noite desta terça-feira, no confronto que poderia dar esperanças por um possível G-8. Após o final da rodada, o clube não tem mais chances de ir para a Libertadores via Brasileiro.

Foram 15 jogos no estádio durante o Brasileirão. O Vasco acumulou sete vitórias, três empates e cinco derrotas. Um aproveitamento de apenas 53 3%. A equipe só não foi vazada em sua própria casa em dois jogos: contra Fortaleza e Cruzeiro. Ao todo, o time levou 23 gols nos 15 duelos em São Januário.

Normalmente, a principal força do time, São Januário não exerceu o mesmo peso em 2025. A equipe deixou pontos importantes pelo caminho com erros individuais e chegou a ficar quatro meses sem vencer no estádio. Relembre os principais capítulos da trajetória do Vasco em casa no Brasileirão:

Início com três vitórias seguidas

A estreia do Vasco começou com uma virada animadora sobre o Santos por 2 a 1, na 1ª rodada do Brasileirão. Barreal abriu o placar para o Peixe, e o time carioca, ainda comandado por Fábio Carille, conseguiu a vitória com brilho de Vegetti. O centroavante deu assistência para Nuno Moreira marcar e depois anotou o gol da vitória no segundo tempo.

Depois, o time fez novamente valer o fator casa contra o Sport, na 3ª rodada. Vitória por 3 a 1. Mais uma vez com brilho do artilheiro Vegetti, que fez dois gols. Rayan fechou o placar; e Hugo Moura, com gol contra, descontou.

O Vasco voltaria a São Januário apenas na 9ª rodada, já sob comando de Fernando Diniz. Contra o Fortaleza, a equipe teria uma de suas melhores exibições na temporada e venceria por 3 a 0. A estreia do treinador no estádio injetava ainda mais ânimo e colocava São Januário como um possível trunfo para uma boa campanha no Brasileirão. Não foi o que aconteceu.

Jejum de 130 dias

Depois da vitória sobre o Fortaleza, o torcedor vascaíno amargou incríveis 130 dias sem comemorar uma vitória pelo Brasileirão atuando em sua casa. Foi o segundo maior jejum em São Januário na era do Brasileiro de pontos corridos. O período contou com cinco partidas sem vitórias, mas foi mais alongado devido à pausa no calendário de jogos para a Copa do Mundo de Clubes.

Foram três empates e duas derrotas no período. A equipe perdeu para Bragantino e Corinthians e ficou em igualdade contra Grêmio, Atlético-MG e Ceará.

O jejum foi marcado por muitos erros individuais e coletivos que custaram pontos preciosos deixados pelo caminho. Um símbolo do período turbulento pode ser representado no empate amargo contra o Ceará, quando os dois gols cedidos surgiram de falhas grotescas do próprio Vasco.

O Vasco saiu na frente duas vezes contra o time cearense, mas deixou a vitória escapar em São Januário. Após o golaço de falta de Coutinho, Mateus Carvalho entregou a bola na defesa, e Galeano aproveitou a oportunidade para empatar. A equipe de Diniz chegou ao segundo gol na etapa final, com Cuesta, mas Paulo Henrique cometeu outra falha praticamente no último lance, que culminou no empate do Ceará.

Nesse intervalo de 130 dias, porém, cabe explicar que o Vasco conquistou duas vitórias no estádio jogando por outras competições: Melgar (Sul-Americana) e CSA (Copa do Brasil).

Reencontro com as vitórias em momento crucial

Os triunfos voltaram somente no fim de setembro, contra times que ocupavam o G-6 do Brasileirão, e deram um alívio à luta do Vasco no Brasileirão. A equipe conseguiu vitórias sobre Bahia e Cruzeiro em sequência, em São Januário.

Depois, o terceiro triunfo consecutivo em casa aconteceu em partida eletrizante contra o Vitória, com gol no último lance do jogo. O Vasco venceu por 4 a 3, em partida com duas viradas, expulsão e gol de cabeça de GB nos acréscimos.

Aquela seria a primeira da sequência de quatro vitórias consecutivas do Vasco no Brasileirão que fizeram o time deixar momentaneamente de pensar no Z-4 e começar a olhar para uma briga pela Libertadores. Os três triunfos seguintes seriam longe de São Januário: Fortaleza (Castelão), Fluminense (Maracanã) e Bragantino (Cícero de Souza Marques).

Frustração na reta final

Quando o discurso por briga pela Libertadores já estava consolidado dentro do clube, o Vasco decepcionou o seu torcedor novamente em São Januário. A equipe foi superada pelo São Paulo por 2 a 0, em confronto direto na parte de cima da tabela.

Era o início da derrocada do time de Diniz, que apresentou queda vertiginosa de desempenho nos jogos seguintes e engatou cinco derrotas consecutivas no Brasileirão.

Nos últimos quatro jogos em casa, o Vasco somou três derrotas e apenas uma vitória – a goleada por 5 a 1 sobre o Internacional, pela 36ª rodada.

Os erros voltaram a ser frequentes e foram determinantes para que o time saísse com o revés nos duelos contra São Paulo, Juventude e, por último, Mirassol. Um exemplo cristalino foi o gol de Nenê que deu a virada para o Juventude, quando Léo Jardim entregou uma bola errada na entrada da área na saída de bola, e Nuno Moreira foi desarmado pelo ataque gaúcho com a defesa completamente exposta.

Contra o Mirassol, o primeiro gol também contou com erros de jogadores do Vasco. Puma Rodríguez errou a cabeçada, Andrés Gómez foi desarmado, e o Vasco levou o contra-ataque, que também contou com erro de leitura no posicionamento de Robert Renan.

A campanha frustrante em São Januário foi um dos pontos determinantes para o Vasco chegar à reta final do Brasileirão ainda com a zona de rebaixamento no retrovisor. Estacionado nos 45 pontos, o time comandado por Fernando Diniz escapou do Z-4 somente na 37ª rodada, com os resultados dos adversários. A campanha ruim em casa fez o clube não ter mais chances de G-8 na última rodada.

No jogo de despedida do Brasileirão, o Vasco encara o Atlético-MG, no próximo domingo, às 16h (de Brasília), na Arena MRV. O clube tenta garantir uma vaga na Sul-Americana do ano que vem.

Fonte: Globo Esporte