Contratado pelo Sub-17 do Vasco, Cauan Barros é oriundo de aldeia indígena
Recentemente contratado pela equipe Sub-17 do Vasco da Gama, o meio-campista Cauan Barros possui origem indígena.
O meia Cauan Barros, de 17 anos, assinou seu primeiro contrato profissional com o Vasco da Gama, na última sexta-feira (02), e foi o assunto mais comentado na tribo indígena Pankararu, no sertão de Pernambuco, onde viveu até os 15 anos, após deixar família e amigos em busca do sonho de ser um jogador de futebol.
Ao UOL Esportes, o Pai de Cauan, Clécio, falou da emoção que a notícia causou na aldeia, que fica localizada às margens do rio São Francisco, em uma reserva indígena localizada entre os municípios de Tacaratu e Petrolândia, no estado pernambucano.
O vice-presidente do Primavera me ligou dizendo que eu teria que ir ao Rio de Janeiro porque o Vasco queria renovar e eu, automaticamente, disse que sim. Foi uma felicidade imensa. Uma emoção muito boa para nós da aldeia, para a minha família, os amigos dele… Então eu fui e, quando assinou o contrato, foi uma alegria imensa. A aldeia se abraçou toda lá, ficou muito feliz, todo mundo dando os parabéns. Foi uma felicidade enorme, nem sei nem como explicar.
Clécio
Morando no alojamento das categorias de base do Gigante da Colina, está em São Januário desde maio de 2019, quando chegou para integrar o time Sub-15. Cauan faz parte de uma geração vitoriosa na base vascaína, que conquistou o Estadual da categoria no mesmo ano. Ele assinou com o Vasco até 2025.
Tido como diferente quando jogava com meninos mais velhos em sua aldeia, ele foi levado pelos eu pai, ainda criança, para a escolinha “Bom de Bola”, no município de Jatobá (PE), mas apesar de se destacar, só foi aceito no ano seguinte por conta da idade, e lá passou a atuar no sub-10 mesmo com apenas sete anos. Em seguida, fez testes em grandes times do nordeste, como Bahia eVitória, mas não foi aceito por não ter idade.
Quando completou 13 anos, foi para o Athletico-PR, porém acabou recebendo uma proposta do Primavera, do interior de São Paulo, que incluía um emprego de porteiro ao seu pai, foi de lá que ele chamou atenção do Vasco.
Depois que Cauan foi levado para São Januário, seu pai ficou mais dois meses trabalhando no Primavera e retornou para a aldeia dos Pankararus, onde vive atualmente com sua esposa.
Referência
Segundo Clécio, o filho se inspira no volante Paulino, jogador de futebol, que também tem origem indígena, e que teve passagens por clubes como Tottenham-ING, Barcelona-ESP e Seleção Brasileira. Além do português Cristiano Ronaldo.
Ligação afetiva
Tendo laços estreitos com sua tribo, Cauan sempre passa as férias com os Pankararus. Na pandemia, ele acabou ficando todo período em que as competições de base ficaram suspensas ao lado do seu povo.