Confira raio-x dos perfis e trabalhos dos interessados na SAF do Vasco
Evangelos Marinakis e Andrea Radrizzani estão interessados na compra da SAF do Vasco e negociam com Pedrinho.
A SAF do Vasco é alvo de uma disputa internacional. Dos vários interessados que conversam com a diretoria de Pedrinho, vieram a público os nomes de dois empresários com atuação pregressa no futebol europeu: o grego Evangelos Marinakis, magnata do transporte marítimo de 57 anos; e o italiano Andrea Radrizzani, de 50 anos, que fez fortuna com mídia esportiva. Há semelhanças no caminho dos dois nos negócios do esporte, mas os concorrentes pelo cruz-maltino se distinguem essencialmente pelo estilo de gestão.
Marinakis, hoje, é dono de três clubes europeus: o Olympiacos, da sua terra natal, o Nottingham Forest, da Inglaterra, e o Rio Ave, de Portugal, sua aquisição mais recente. Dos dois, é quem toca um modelo de negócios mais próximos das redes multiclubes, que explodiram nos últimos anos.
O empresário grego é personalista, apaixonado e até polêmico. Nos clubes que administra, é elogiado pela presença e pelo envolvimento com a comunidade. No Olympiacos, seu time do coração, coleciona dez títulos da liga local, incluindo sete conquistas seguidas entre 2011 e 2017. A taça mais recente foi a da última edição da Uefa Conference League, com vitória sobre a Fiorentina na decisão.
No período à frente do clube, posicionou o Olympiacos como destino alterantivo de estrelas. Jogaram por lá nos últimos anos nomes como Jovetic, James Rodríguez, Marko Marin, Mirallas e os brasileiros Marcelo e Scarpa.
Recuperações de times ingleses
Já no Forest, Marinakis conquistou um dos feitos mais importantes dentre seus negócios: levar o tradicional e combalido bicampeão europeu de volta à Premier League. O clube passou 20 anos entre segunda e terceira divisões da Inglaterra. Na segunda temporada na elite, briga na parte de cima da tabela. É sétimo colocado, com seis vitórias, quatro empates e quatro derrotas em 14 jogos.
A recuperação de um clube inglês tradicional é o ponto em comum com os negócios de Radrizzani, que levou o Leeds de volta à Premier League depois de 16 anos, em 2020. Primeiro investimento do italiano em clubes, o Leeds permaneceu na elite por três anos. O rebaixamento, em 2023, coincidiu com a venda à 49ers Enterprises, dona do San Francisco 49ers, da NFL.
Em termos empresariais, o movimento foi bom: Radrizzani valorizou o clube inglês em quase quatro vezes. O relacionamento com a torcida também iniciou em alta: houve muita aprovação pela contratação do técnico Marcelo Bielsa (que comandou o clube no acesso) e pela recompra do estádio Elland Road, que foi envolvido na negociação com a 49ers Enterprises. A demissão de Bielsa (em 2022), a queda e uma ausência na reta final daquela temporada, somadas às notícias que vinham da Itália, deterioram a relação torcida-proprietário.
— Fizemos investimentos significativos para manter o Leeds na Premier League, mas em meio a esse trabalho duro, também cometemos alguns erros — lamentou, em comunicado à torcida, naquele ano.
Na Itália, ao mesmo tempo em que deixava o Leeds, o empresário assumia um segundo e mais complexo desafio: a Sampdoria. Recém-rebaixada, a equipe de Gênova enfrentava o fantasma da falência. Ele e o parceiro de negócios Matteo Manfredi tentam reverter a situação com injeção de capital, mas a Samp caminha, no momento, para uma segunda temporada seguida na Serie B.
Rede multi-clubes
Enquanto o italiano trabalha com manejo de recursos e venda estratégica de ações de forma mais concentrada em seus clubes (já vinha vendendo parte das ações do Leeds antes de deixar o clube, por exemplo), o grego comanda com uma estrutura mais robusta. Na entrevista à Sky Sports que trouxe a revelação sobre as conversas com o Vasco, ele classificou o Rio Ave, sua mais recente aquisição, como uma porta de entrada para jogadores brasileiros na Europa.
— Temos alguns jogadores muito bons que jogaram ao longo dos anos no Olympiacos e agora também no Forest. Mas em Portugal, os brasileiros entram (com a facilidade burocrática) como europeus. Isso é muito importante para os próximos anos.
Em termos de de resultados, os clubes de Marinakis vêm crescendo. Levantamento do site Bolavip Brasil compartilhado com o GLOBO mostra que o aproveitamento médio dos clubes da rede de Marinakis em pontos na temporada 2023/24 (2023 para os clubes das Américas) chegou a superar o da Eagle Football, de John Textor. Foram avaliados 38 clubes de diferentes SAFs em que os empresários ou grupos empresariais são acionistas majoritários ou donos do futebol.
Ainda sem contar o Rio Ave por conta da data, a rede do grego garantiu 49,5% dos pontos em seus campeonatos, quinto melhor aproveitamento no período, contra 46,8% dos clubes de Textor, oitavo. Ficam atrás da Red Bull, do Grupo City, da Amber Capital e do grupo de David Blitzer. A 777, afastada do Vasco (incluído no levantamento) na Justiça, foi sétima. Veja o ranking:
- Red Bull (quatro times, incluindo RB Bragantino) – 56,5%
- Grupo City (dez times, incluindo o Bahia) – 52,3%
- Amber Capital (quatro times) – 52%
- David Blitzer (seis times) – 50%
- Evangelos Marinakis (dois times) – 49,5%
- Jim Ratcliffe (dois times) – 47,5%
- 777 Partners (seis clubes, incluindo o Vasco) – 47,2%
- Eagle Football/John Textor (quatro times, incluindo o Botafogo) – 46,8%
Fonte: O Globo