Casaca! lança candidatura de Sergio Frias à presidência do Vasco

O grupo político Casaca! lançou nesta quarta-feira a candidatura de Sergio Frias à presidência do Vasco da Gama.

Sérgio Frias
Sérgio Frias (Foto: Divulgação/Paulo Fernandes)

O sócio vascaíno terá mais uma opção de voto na eleição presidencial de 7 de novembro: Sérgio Frias, do grupo político “Casaca!”.

Escritor, professor, pesquisador e palestrante, ele é formado em direito e gestão esportiva. Sua trajetória no clube é longa.

Filho do Grande Benemérito Raymundo José Gomes Frias, falecido em 2017, ele tornou-se sócio-geral em 1992. Em 2017, passou a ser sócio remido e também benemérito, além de ter sido conselheiro eleito de 2001 a 2011 e de 2014 a 2017. No triênio 2015/2017 foi também vice-presidente do Conselho Deliberativo.

Seu grupo, ao longo do tempo, ficou caracterizado pela fidelidade ao ex-presidente Eurico Miranda, que faleceu em março do ano passado. Frias, inclusive, escreveu sua biografia “Todos contra ele”, da editora “MPMNeto”.

Ele se apresenta como uma opção a quem enxerga o clube de uma outra maneira:

“…Há uma opção para quem pensa Vasco sem distorções históricas, sem reverberação continuada de mentiras, sem massificação de inverdades”.

Abaixo, o UOL Esporte traz a entrevista completa com o candidato Sérgio Frias. Ela foi feita por texto. Vale destacar que ficou acordado entre as partes que as respostas seriam colocadas em sua íntegra. Confira:

UOL ESPORTE: Quais são os princípios e pilares de campanha?

Sérgio Frias: “Pilares e princípios de campanha dizem respeito à forma como ela será feita e, de pronto, digo que temas dos mais variados serão abordados no decorrer do tempo sobre os mais diversos pontos de discussão vistos como primazes para os torcedores, bem como outros que entendemos ter relevância e que devem ser postos à mesa para debate e desenvolvimento”.

UOL ESPORTE: Seu grupo sempre apoiou Eurico Miranda. O sócio vascaíno pode esperar os mesmos ideais com você?

Sérgio Frias: “O sócio pode esperar o seguinte:

– Enfrentamento diante do maior rival esportivo e dos adversários que se coloquem em confronto com o clube, valorizando os parceiros e respeitando divergências;

– Resolução dos problemas comezinhos do clube com responsabilidade para que não se acumulem e se tornem gigantescos por desídia ou desdém;

– Busca de investimentos para o clube que tenham na relação negocial a prevalência dos interesses do Vasco, sua independência e a manutenção de seus preceitos, abrindo espaço para novas ideias e formas de arrecadação, parcerias e marcas que queiram crescer junto ao clube e acrescer a ele;

– Fortalecimento do futebol carioca como um todo, com incremento do Campeonato Estadual e torneios internacionais que tragam novo interesse e visibilidade ao futebol do estado;

– Plano de negócios para desenvolvimento dos esportes olímpicos no clube, de alta performance e viabilização do desenvolvimento da base neles, bem como subvencionamento do básico em esportes nos quais a visibilidade da marca em relação ao custo do investimento, reduzido em várias modalidades, traga um retorno de mídia que valha à pena o pequeno gasto. Sem esquecer dos E-Sports, hoje com grande alcance de visibilidade e potencial de crescimento. O complexo de São Januário deve respirar esporte, as crianças e jovens devem praticar esportes no Vasco, crescer gostando do Vasco;

– Respeito aos poderes e ao estatuto do clube, olhar atento aos anseios dos associados e da massa vascaína em geral;

– Preocupação com a base do clube, sob o aspecto esportivo e humanitário;

– Adequação do Vasco àquilo que se desenvolve de mais avançado no futebol, em termos táticos, técnicos e científicos para a obtenção mais provável de resultados mais proveitosos;

– Olhar cuidadoso quanto ao patrimônio que o clube possui, a fim de conservá-lo, expandi-lo e modernizá-lo, respeitando símbolos históricos dele;

– Valorização dos associados remidos por tempo de contribuição como símbolos de amor ao clube que são por tais contribuições, considerando 25 anos de efetividade social ininterrupta um marco obtido por cada um deles, incentivando com premiações a associados que completem 10, 12, 15, 20 anos de contribuição sua busca por chegar à invejável condição dos atuais remidos;

– Valorização carinho e respeito com os ex atletas do clube em suas idas e encontros nas nossas sedes. Reconhecimento, através de títulos, ações e encontros da importância deles para a história do clube nas mais diversas modalidades esportivas.

Museu do Club de Regatas Vasco da Gama, que será uma das maiores joias do país em termos de história, por sua conservação e importância;

– Busca pelo aprendizado e entendimento dos anseios do público feminino vascaíno, que deve crescer, se sentir em casa e seguro em cada espaço do nosso patrimônio, com demandas compreendidas e ações de gestão que as tragam cada vez mais para perto e em maior número ao nosso clube, inclusive para as tomadas de decisões;

– Preocupação com o desenvolvimento crescente do colégio Vasco da Gama, buscando dar mais qualidade e opções aos alunos dentro do seu conteúdo, através de profissionais gabaritados e uma estrutura condizente com aquilo que se espera de uma obra social, educacional e já histórica no clube, que já conta com 16 anos de vida;

– Investimento em marketing sem considerá-lo custo e busca através dele de negócios e desenvolvimento dos mais variados projetos;

– Valorização do clube, de dentro para fora, através de um trabalho eficiente de RH, ações de endomarketing e do que temos, do que desenvolvemos, do que conquistamos, trazendo aos funcionários o espírito familiar e vascaíno necessário, também, para o sucesso coletivo.

UOL ESPORTE: Qual foi o motivo da ruptura com o grupo que agora se intitula como “Fuzarca”?

Sérgio Frias: “Divergências de pensamentos”.

UOL ESPORTE: Qual sua opinião sobre a AGE virtual que foi feita mês passado e que decidiu pelas diretas no Vasco?

Sérgio Frias: “Em desacordo com o estatuto, lamentavelmente. Uma bandeira geral, que por assim ser, motivou atropelos desnecessários quanto à carta magna do clube, demonstrando-se, com isso, uma imaturidade para agir por parte de atores supostamente maduros.

Importante ressaltar, extravasando o teor da pergunta, que muito para além das eleições diretas, previstas no texto de reforma do estatuto, as atitudes de sabotagem a ele por parte dos grupos menos Vasco e nem sempre Vasco, inicialmente de dentro e depois de fora para dentro, mostrou claramente que não estavam interessados naqueles que diziam defender, não estão interessados na feitura de um estatuto com opinião plural, discussões e convergências, mas sim num modelo que se adeque a uma eventual gestão e não que seja adequado aos interesses do clube e sim a interesses políticos e próprios, pois não há justificativa para a posição que tomaram e não há como justificar aos sócios do Vasco suas intenções, considerando o quadro social do clube bem intencionado e não atrelado a tais grupos.

O que foi feito contra o Vasco, de fora para dentro do clube, mostrou-se deplorável.

Filigranas e achismos para impedir um bem maior, enquanto um único tema da reforma foi atropelado, com estatuto desrespeitado, prazos desrespeitados, usurpação de competência e uma distorção indecente do bem contra o mal, tendo o mal derrotado o bem, em detrimento de todo o quadro social vascaíno, que há décadas fala da reforma, mas que no frigir dos ovos viu os interesses de grupos políticos implodirem-na, por razões inconfessáveis”.

UOL ESPORTE: Qual sua opinião sobre a inelegibilidade de Alexandre Campello e o veto aos anistiados na lista da AGO?

Sérgio Frias: “Os anistiados que pagarem todo o débito ao clube podem votar, respeitando-se o artigo 42 do estatuto.

O atual presidente do clube deverá, creio, recorrer e obter o direito de ser elegível.

Os associados que pagaram o Vasco e foram impugnados, embora com direito a ser votado e/ou votar devem ter o direito a voto que lhes foi negado.

Os associados impugnados pelo presidente da diretoria administrativa, Alexandre Campello, embora quites com o clube, antes da impugnação ou satisfazendo o débito depois dela, deferidos ou indeferidos pela Junta Recursal têm direito a ser votado e/ou votar.

Os associados que foram desligados do quadro social e pagaram todo o seu débito têm direito a ser votado e/ou votar, respeitando-se o artigo 42 do estatuto social.

A questão da elegibilidade do presidente do clube não pode ser a única a ser discutida quanto ao tema impugnações e indeferimentos. Há inúmeros associados que simplesmente não sabem o motivo pelo qual não fazem parte da lista de elegíveis e/ou eleitores, há outros que cumpriram o estatuto e embora deferidos pela Junta Recursal são desconsiderados pelo clube como sócios, desrespeitando o próprio clube, através de sua administração, o artigo 42 do estatuto social.

A questão é muito mais grave que uma briga política eventual de A com B.

Nós dissemos desde o dia em que foi dado o indeferimento aos sócios gerais anistiados, por parte da Junta Deliberativa, que todos poderiam votar pagando a totalidade de seus débitos, assim como se conseguiu comprovar na Justiça que os associados desligados podem, a seu critério, pagar a totalidade de seus débitos ao clube e serem reintegrados ao quadro social, na condição de elegíveis e/ou eleitores.

UOL ESPORTE: Qual você acha que será o melhor modo de realizar a AGO em novembro, uma vez que, muito provavelmente, ainda iremos estar convivendo com o coronavírus?

Sérgio Frias: “O que traga maior segurança ao associado e ao pleito”.

UOL ESPORTE: Existe a possibilidade do Luis Manuel Fernandes te declarar apoio?

Sérgio Frias: “Se a situação fosse inversa eu daria apoio a ele”.

UOL ESPORTE: Há a possibilidade de, mais para frente, você fazer uma composição com outro candidato?

Sérgio Frias: “Comigo na cabeça da chapa, sim”.

UOL ESPORTE: Como é sua relação com os outros candidatos?

Sérgio Frias: “Normal”.

UOL ESPORTE: Alexandre Campello anunciou um projeto de ampliação e reforma de São Januário em parceria com a empresa WTorre. Como avalia essa questão e como irá lidar caso se torne presidente?

Sérgio Frias: “Todo e qualquer projeto de modernização de São Januário para ter êxito real tem que passar pela modernização viária e logística do entorno do estádio e pelos projetos de urbanização e revitalização das comunidades vizinhas. Esses projetos já existem, teoricamente, tanto da parte da prefeitura como de arquitetos voluntários e precisam ser colocados em prática.

A reforma do estádio deve respeitar sua estrutura, sem derrubar patrimônio tido como histórico ou tradicional no âmbito do clube e não deve tirar do Vasco o comando de seu próprio patrimônio em troca de um investimento pontual ou segmentado”.

UOL ESPORTE: E em relação ao CT? O projeto total ainda prevê a construção de mais quatro campos e um mini estádio. O que planeja para este novo patrimônio do clube?

Sérgio Frias: “É natural que o CT tenha a continuidade de obras e a expansão de seu conteúdo programado, dentro daquilo que for plausível e priorizando o bom funcionamento, sua boa utilização e que seja, de fato, referência para a formação de talentos e cidadãos, através do esporte”.

UOL ESPORTE: Nos próximos três anos, caso você se torne presidente, o torcedor poderá esperar um time competitivo, que dispute títulos?

Sérgio Frias: “O time competitivo é lugar comum, a busca por títulos é outro lugar comum, mas um elenco bem preparado, focado, com estrutura e profissionais que o alicercem, bem treinado, homogêneo coletivamente, com entendimento do que representa o Vasco e do que representa vestir a camisa do Vasco, sabendo os que a usarem o tamanho que é o clube, o volume da força que sua torcida transmite e o conteúdo de sua história, construída com muitas conquistas, superações e paixão, deve ser meta a ser atingida por cada postulante à presidência do clube”.

UOL ESPORTE: O que o motivou a se lançar candidato?

Sérgio Frias: “Temos de contextualizar a situação do Vasco para responder essa pergunta, desenvolvendo historicamente o tema.

O clube passou por dificuldades financeiras ao longo de sua história – não nos atendo aqui aos primórdios e suas décadas iniciais de vida – desde que o comércio varejista da cidade, os doadores e o espírito coletivo de ajuda ao Vasco ficou inibido pelos custos inerentes à manutenção de equipes disputando competições em alto nível nos mais variados esportes.

Se em 1951 surgiu o primeiro débito fiscal relevante, que estouraria anos depois, o clube, entre os anos 50 e 60, precisou vender atletas para pagar dívidas, não recolheu impostos por cerca de 10 anos, entre o final dos anos 60 e toda a década de 70 praticamente, ficou inibido de investir como investia antes e imerso nos problemas diários de caixa dados os compromissos a serem pagos.

O “livro de ouro”, que passava aos mais abastados para que ajudassem não era mais a solução para os grandes problemas, o Vasco já ao fim de 1976 tinha seu estádio penhorado, troféus penhorados e foi assumido em 1980 precisando, de fato, reconstruir-se e voltar a ter poder de investimento.

Mesmo com uma união em torno do clube, com vascaínos abastados na gestão, as dificuldades permaneceram e um racha na direção levou a um triênio seguinte no qual nem mesmo os 15% dos direitos dos atletas negociados pelo clube, o clube conseguia pagar por vezes

Não há demérito algum a qualquer dirigente do clube no discurso. Vascaínos históricos assumiram o ônus de gerir o Vasco, de lidar com as dificuldades, a lógica de mercado que surgia e a condição de ser rival de um adversário com franca e por muitas vezes evidenciada proteção e propulsão midiática.

A composição política ocorrida em 1986 trouxe novamente uma junção, o que não inibiu a que as tentativas de pagamentos dos débitos viessem através de empréstimos bancários, como os feitos pelo Vice de Finanças à época, e venda de atletas, produzidas pelo Vice de Futebol, Eurico Miranda, responsáveis por darem lastro aos pagamentos, oportunizando, ainda, a que o próprio Eurico Miranda convencesse Bebeto, principal atleta do Flamengo à época, a vestir a camisa do Vasco e, meses depois, ajudar na conquista do Campeonato Brasileiro, obtido pelo clube, após 15 anos do título anterior, que ocorrera em 1974. A Lei do Passe beneficiava o clube, que obtinha recursos com atletas.

Nos anos 1990, as dificuldades permaneceram, salários, que atrasavam desde os anos 1970, por vezes, também atrasaram na referida década, como ocorrera na anterior, mas o maior contrato de parceria/patrocínio feito pelo clube em toda a sua história, obtido pelo então Vice Administrativo, Vice de Futebol e Deputado Federal, Eurico Miranda, trouxe uma realidade momentânea de ampla possibilidade para investimentos.

Por um planejamento do parceiro, incorporado pelo Vasco, houve além de grandes times formados no futebol, o Projeto Olímpico e a incorporação de uma rua inteira para incluir-se no complexo de São Januário (vontade própria do clube), ação findada em 2002.

Os anos 1990 destacaram-se por ser o período dos grandes patrocínios no Brasil, das grandes parcerias e a melhor, sem dúvida, era a do Vasco, pois o clube não dava qualquer percentual de atleta, qualquer centímetro de seu patrimônio para fazer face ao que recebia.

A marca Vasco poderia ser explorada pela Vasco da Gama Licenciamentos (VGL), que teria o direito a 50% dos valores que obtivesse para o clube em patrocínios e correlatos, ficando, ainda, os outros 50% para o próprio clube.

No meio do caminho, o Nations Bank, que tinha no Brasil como braço o Banco Liberal, foi absorvido pelo Bank of America, que não tinha o mesmo interesse do parceiro anterior e vislumbrou prejuízos com a desvalorização do real, após a eleição presidencial de 1998 (1 dolar – 1 real para 1 dólar – 2 reais ao longo do tempo).

Eurico Miranda ainda conseguiu arrancar um compromisso de pagamento do banco na ordem de 15 milhões de dólares, mas o calote dado ao Vasco de U$12.000.000,00 foi fato e o clube nada recebeu do parceiro, a partir de julho do ano 2000.

Problema sério foi causado pelo Vasco junto à Rede Globo no ano 2000, quando ela entendeu ser plausível o Vasco disputar 5 jogos decisivos no espaço entre 14 e 23 de dezembro, a fim de que tanto a Copa Mercosul, como, principalmente, o Campeonato Brasileiro terminassem nas datas previstas, sem afetar a grade global de transmissões do fim de ano.

Com a ação proposta pelo Sindicato dos Atletas Profissionais, as datas foram remanejadas, causando prejuízos, e a fonte, que já era de recursos para inúmeros clubes (adiantamento das cotas de TV), secou.

Em janeiro de 2001 o Vasco tinha meses de salários atrasados de atletas, fora direitos de imagem, calote do banco, início de vigência da Lei Pelé, fonte seca com a Globo e atletas buscando uma forma de saírem do clube sem que este visse um centavo numa ainda possível negociação.

O Vasco não apresentou seu balanço de 2000, pois os documentos entregues à CPI não retornaram a contento e concluiu-se naquele foro que o Vasco tinha à época uma dívida em torno de 150 milhões de reais, perdendo, a partir da vigência da Lei Pelé, ativos de atletas, que com a Lei do Passe em vigor permaneciam vinculados ao clube após o fim do contrato, mas que a partir daquele ano estariam livres, após o fim de seus contratos.

Diante daquela situação, a Rede Globo, que buscou após o incidente de São Januário na partida diante do São Caetano, tratá-lo como tragédia indesculpável e com toda a artilharia voltada para atingir o Vasco, veiculou matérias das mais parciais contra o futuro presidente do clube, enquanto nos bastidores o título brasileiro se encaminhava para as mãos do São Caetano, o que era a vontade do Clube dos 13 à época.

Com aval do STJD e baseado na súmula do árbitro, Eurico Miranda conseguiu novo jogo, vencido pelo Vasco, que conquistou, com isso, o Campeonato Brasileiro de 2000 em partida remarcada.

Após o episódio e a exposição da marca de uma emissora concorrente de forma gratuita, foi publicado no jornal “Meio e Mensagem” que o Vasco sofreria um torniquete financeiro, dito isso por um dos executivos da emissora à época.

Exatamente nesse período, personagens que já faziam ou vieram a fazer parte da vida política do clube, dali por diante na condição de oposicionistas da gestão, procuraram, em inúmeros casos, prejudicar o Vasco, prejudicando a gestão.

Advogados na esfera esportiva como patronos de causas contra o clube e sugestões de outras, como, por exemplo, contra os sócios proprietários do Vasco para pagar dívida de ex atleta, alinhados a tentativas de impedir o clube de atuar em seu estádio, tudo com respaldo legal e teses jurídicas, portanto, para muitos da oposição à época, ações e atitudes elogiáveis.

Mas o clube saiu do tornique financeiro, negociou com a Globo e a manteve como parceira comercial, sem receber um centavo a menos que qualquer rival no Brasil, em relação às cotas de TV.

Nesse período o Vasco fez acordos, os cumpriu, entrou num Ato Trabalhista, depois em outro, mantendo-os, obteve certidões positivas com efeito de negativas, já em 2005, enquanto os demais do Rio participavam de constrangedora matéria intitulada “Lamentomania Carioca” por se encontarem inviabilizados devido aos débitos fiscais acumulados, manteve salários em dia, desde meados de 2004, fortaleceu a sua base, surgindo inúmeros atletas de renome nacional, internacional e até mundial nesse período, manteve mais de 10 esportes olímpicos, com gastos irrisórios em diversos deles, esporte paralímpico (pioneirismo daquela gestão), Colégio Vasco da Gama, criado dentro do próprio clube em 2004, enfrentou todos os adversários do Rio de Janeiro de igual para igual, batendo chapa em vantagem ou igualdade contra todos eles, foi adepto da Timemania, com condições totais para tal, manteve além das sedes que possuía, a utilização de outra alugada (Vasco-Barra), iniciou as obras para o CT de Duque de Caxias, sendo o clube sabotado no meio do caminho, com diversas ações específicas e extremamente rigorosas se comparadas a outras entidades, casos e espaços similares, conservou seu patrimônio, com obras das mais diversas e estava o clube em junho de 2008 com capacidade de público de 25.000 pagantes em São Januário, fora gratuidades, nenhuma verba de pagamento de penhoras apresentadas pela Justiça em seu borderô, respeito e poder de liderança nas entidades dirigentes do futebol brasileiro, inclusive o Clube dos 13, que voltou a se coadunar ao clube, dívida menor que a dos demais rivais do Rio de Janeiro.

O que se viu no Vasco entre 01/07/2008 a 02/12/2014 teve aval ou responsabilidade direta, ou indireta de candidatos à presidência e inúmeros atores políticos na constituição de suas chapas, deixando claro aqui que respeito a muitos.

A dívida real do Vasco foi mais que dobrada, o Vasco foi ficando cada vez mais inviabilizado, perdeu a posição que ostenatva nas cotas de TV em 2011, caiu de divisão duas vezes, numa delas com alguns achando aquilo um bom negócio, por ganhos políticos frutos de mais distorções, desfigurou o clube, sua base, abandonou quase que completamente seu patrimônio, foi despejado do Vasco-Barra, enquanto fundos eram criados e depois pagos para satisfazer parceiros, faltava o básico no Vasco, aos funcionários do clube, salários em atraso virou lugar comum, a posição do Vasco frente ao principal rival foi vergonhosa, mas tudo o que foi feito no período teve aplausos, teve reeleição e vislumbrava-se ter continuidade com a candidatura de um nome pinçado para concorrer ao pleito de 2014, como faria, também, em 2017 e o fará em 2020.

A representatividade de tudo aquilo, tratando um grande ídolo da história do Vasco (claro, também, responsável pelo caos) como se cospe um bagaço de laranja chupada.

De uma hora para outra ninguém tinha mais nada a ver com aquilo, “comigo não tá” e similares eram expressões cabíveis de se imaginar dado o descomprometimento com o Vasco, seu futuro, sua base, sua história, sua gente, seus preceitos, seu destino, que é o do enfrentamento, de resistência, resiliência e de conquistas, que se dão como consequência de tudo isso.

A gestão seguinte, da qual participei dando minha pequena contribuição – após ser o criador, fomentador, defensor e propugnador quando necessário da maior campanha não oficial de associação e regularização de sócios, não oficial, da história do clube (ajudado pelo Casaca!), da qual participaram inúmeros grupos políticos e ditos apolíticos do Vasco, seguindo-a – trouxe o Vasco a uma realidade.

Antes, em 22 jogos contra o Flamengo o clube vencera 3 e perdera 10 (entre julho de 2008 a dezembro de 2014). A lógica de 6 vitórias contra 4 derrotas diante do mesmo rival num único triênio é um símbolo da mudança .

Nos confrontos diante do Botafogo saímos de uma inacreditável freguesia (6 x 9) à condição trivial de supremacia (6 x 1), também, mantida diante do Fluminense, iniciada de forma clara nos anos 1990.

No primeiro ano da gestão antecessora à atual, viu-se o maior prejuízo de arbitragem da história do clube em Campeonatos Brasileiros, que faria o VAR mais parcial enrubescer de vergonha.

Tais erros tiraram o Vasco do 8º para o 18º lugar na competição (14 pontos perdidos por conta de erros capitais de arbitragens), o que não impediu a obtenção, na sequência (iniciada ainda durante a competição) da maior sequência invicta da história do clube, em jogos oficiais, superando Atlético-MG, Flamengo, Internacional-RS e Palmeiras nesse quesito, constituindo-se, ainda, no século XXI a maior invencibilidade em jogos oficias, junto a Corinthians e Cruzeiro (34 jogos).

A sequência destacada teve em seu conteúdo 11 clássicos, entre estaduais e interestaduais e, além disso, o Vasco obteve seu sexto título invicto estadual na história dos Campeonatos Cariocas, mantendo a supremacia incontestável entre os clubes do Rio naquele período, corroborando que o fator arbitragem do ano anterior o derrubara, com silêncio geral e até distorções de históricos oponentes do clube.

Aprofundando mais sobre títulos, o Vasco obteve entre 2015 e 2017 o dobro do que ganhou o Flamengo, enquanto os outros dois grandes não conquistaram nenhum campeonato, em número de taças ganhou o Vasco quatro, contra uma de cada um dos três grandes e, ao final de 2017, foi deixado classificado para a Taça Libertadores da América, após seis anos de ausência.

O Basquete adulto foi ressuscitado pela gestão, que pôde investir no Remo, em atletas com referência olímpica e em outros esportes com custos baixíssimos, além da valorização dos esportes paralímpicos.

Em termos de dívida, a do Vasco diminuiu em dezenas e dezenas de milhões de reais, quanto à situação fiscal todas as certidões positivas com efeito de negativas foram mantidas por 34 meses, após ter sido o clube assumido sem elas.

Quanto ao patrimônio, houve revitalização do Ginásio principal (com participação dos torcedores), do Parque Aquático, da Pousada do Almirante para a base, construção do Campo Anexo, do CAPRRES, CAPRRES da base, CAPRRES olímpico, campo anexo, obras nas Sedes Náuticas, aumento da capacidade de São Januário, clássicos estaduais novamente disputados no estádio, obras estruturais, de acesso e de conforto para os associados do clube.

Naquela gestão houve o surgimento do programa de Sócio Torcedor, início da visita guiada a São Januário, exposições históricas de emblemas vascaínos, obtenção de verbas via CBC, mais de 200 milhões de dívidas pagas, média de patrocínio master na ordem de 11,5 milhões de reais ano, fora outros obtidos no decorrer do período, ressurgimento da base, com equipes novamente fortes e campeãs, montadas no Sub 17, Sub 20, atletas surgindo, brilhando e maior venda de um jogador do Vasco no século XXI até ali, ocorrida em 2017 (Douglas), fora as joias deixadas para a administração posterior, que em menos de 90 dias recebeu 60 milhões de reais limpos pela venda do atleta Paulinho, com multa rescisória aumentada pelo clube no final da gestão antecessora, em janeiro de 2018.

No último triênio, quem se achava presidente disse em alto e bom som que nada tinha para oferecer a não ser a expectativa de que um grande plano de marketing, fosse capaz de levar o Vasco a 250 mil sócios, algo obtido organicamente por movimentação da própria torcida, por conta própria, sem um centavo gasto pelo clube (outro nome presidindo-o) em marketing, movimento este capaz de levar o clube a obter quase 200 mil sócios no ano passado e a manutenção de um número considerável deles em 2020, mesmo sem futebol.

A torcida do Vasco foi a grande personagem do atual triênio, participando de tantas quanto fossem as campanhas que surgissem.

Um associado, por conta própria e sem cargo formal no Vasco, buscou caminhos para viabilizar o CT do clube, obtendo de um político a condição para que fosse doado ao Vasco um terreno, foi o fomentador de um projeto no qual afiançava que a torcida vascaína bancaria a conta (o que ocorreu, de fato).

O reconhecimento, num clube que em certas ocasiões peca por isso, precisa de registro, porque ações como essas motivam a outros e se configura como exemplo para muitos.

A atual gestão, nesse triênio, não cumpriu o Princípio da Continuidade Administrativa, diferentemente da maneira como procedera a sua antecessora, contratou, por indicação de um candidato hoje rival a ela própria, um outsider de Vasco para resolver problemas financeiros, que como uma espécie de controlador, além do descumprimento do princípio citado acima, conseguiu a proeza de desconhecer 10 meses de atraso de pagamentos do Vasco ao PROFUT, buscou discursar e iludir o Conselho Deliberativo, afirmando que um dado empréstimo resolveria problemas que ele não tinha qualidade, competência, lastro ou experiência para resolver, como provado na prática, com salários atrasados de outubro de 2018 até aqui, considerando um acordo para pagamentos deles em 2021 (referentes a 2020 e feito após sua saída), efetuando o Vasco no período cerca de 300 demissões, as quais trouxeram prejuízos futuros ao clube, em função de acordos não cumpridos e execuções sequenciais dos credores.

Nesse período o clube realizou uma anistia irregular e que em sua própria regra manifestava o descumprimento expresso do estatuto, no que se refere ao artigo 42 e o direito de o sócio geral desligado do quadro social pagar todo o seu débito e ser reintegrado ao quadro social. Tal anistia abarcou outras categorias, de forma regular conceitualmente, o que parece ter mexido sensivelmente com o quadro eleitoral do clube.

Sobre futebol profissional, nenhuma partida venceu o Vasco contra seu principal rival até aqui, o clube se tornou novamente freguês do Botafogo e conquistou apenas uma taça no triênio.

O clube não conseguiu obter certidões positivas com efeito de negativas em momento algum nesse triênio e as dificuldades de captação de recursos tornaram-se evidentes.

Temos, portanto, ao longo da história do clube nas últimas décadas a verdade dos fatos, pouco importando versões deles.

Diante disso, há uma opção para quem pensa Vasco sem distorções históricas, sem reverberação continuada de mentiras, sem massificação de inverdades.

Não discuto a paixão dos demais candidatos pelo clube, a paixão dos componentes de suas chapas, a paixão dos associados do clube, mas discuto e muito a distorção de todo o histórico do clube nas últimas décadas, como alicerces de um entendimento plural também distorcido e que tais levem o Vasco para o caminho errado, parecendo o contrário, seja por um discurso assim, assado ou cozido.

O clube precisa sim de investimentos, precisa sim de parceiros, precisa sim de captar recursos, mas é uma via de mão dupla e o Vasco, institucionalmente, construído e desenvolvido da forma como foi, por sua gente, com sangue, suor e lágrimas, mostra-se maior que quaisquer parceiros, não completou recentemente 122 anos à toa e deve ser valorizado em cada mesa de negociação, em cada reunião, em cada papo de botequim, por cada sócio, funcionário, torcedor, porque a grandeza do Vasco está no seu povo, na sua massa cruzmaltina bem feliz, independentemente da forma como de fora para dentro seja visto ou tratado.

Não há clube no Brasil com maior lastro histórico que o Vasco e respeitar a história, as origens e os preceitos do clube, modernizando-o, implementando nele sistematicamente a noção de seu valor é fundamento para compelir respeito a ele próprio, por parte de quem ouse não tê-lo.

O quadro social, a partir de hoje, tem uma opção de voto diferente do que aí está apresentado em outras candidaturas. E fico feliz, tanto quanto honrado. pelo fato de ter sido indicado para a cabeça de chapa dessa opção”.

UOL ESPORTE: Como você se define e se apresenta ao sócio do Vasco?

Sérgio Frias: “Um vascaíno apaixonado pela causa, consciente da força, grandeza e história do clube, bem como da força de seus torcedores, pronto a defendê-lo, representá-lo e acima de tudo respeitá-lo, como maior clube do Brasil, que é, por sua história, inigualável e exemplar. Quero registrar para além do aqui dito, que agradeço ao meu pai, primordialmente, por não ter me feito apenas vascaíno, mas sim orgulhoso de ser vascaíno”.

Fonte: Uol

1 comentário
  • Responder

    Kkkkk coitado acho q nem ele vota nele

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