Campello diverge de Roberto Monteiro e reunião do Conselho vira polêmica

Alexandre Campello e Roberto Monteiro se tornam desafeto e reunião a reunião para aprovação do empréstimo vira polêmica.

Adiada na última sexta-feira por maioria de votos, a votação do Conselho Deliberativo sobre a aprovação de um empréstimo de R$ 38 milhões desejado pelo Vasco tem tudo para se tornar uma polêmica ainda maior. Isso porque o presidente da pasta, Roberto Monteiro, possui uma interpretação diferente da decisão em relação ao presidente do clube e seu desafeto, Alexandre Campello.

Enquanto Monteiro alega que se faz necessário que o mandatário dê mais detalhes sobre a necessidade de se obter a verba entregando documentações e contratos ao Conselho Fiscal, Campello rebate dizendo que não precisa conceder maiores explicações além das que foram dadas antes da reunião da última sexta.

Dividindo a mesma mesa na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) em sessão solene pelos 120 anos do clube nesta terça, Campello e Monteiro não se falaram.

Após as homenagens, o presidente do Conselho Deliberativo foi direto em sua interpretação dos procedimentos.

“A decisão do Conselho Deliberativo é soberana. Então cabe a apresentação dos documentos ao Conselho Fiscal. Diante das documentações então recebidas, o Conselho Fiscal vai comunicar imediatamente a nós do Conselho Deliberativo e aí vamos colocar isso em pauta o mais rápido possível. É só as documentações estarem sendo entregues como devem ser ao Conselho Fiscal que vamos partir para a votação. Mas a decisão do Conselho Deliberativo deve ser respeitada, que é com a entrega dos documentos ao Conselho Fiscal”, enfatizou ao UOL Esporte.

Na avaliação dos aliados do presidente do Vasco, não há a necessidade de toda essa burocracia ao Conselho Fiscal para que uma nova reunião do Conselho Deliberativo seja convocada. Campello, no entanto, não quer pagar para ver e tem entregado alguns documentos. Na semana passada, por exemplo, os contratos referentes às auditorias realizadas no clube e as documentações da venda do atacante Paulinho ao Bayer Leverkusen (ALE) foram deixados aos membros fiscais. A situação também informou à reportagem que até esta quarta o balanço do primeiro trimestre de 2018 será entregue, embora ressalte a falta de necessidade já que as contas de 2017 ainda estão sendo analisadas.

Questionado se reuniria novamente os conselheiros de oposição para apresentar mais detalhes com o intuito de convencê-los sobre a necessidade do empréstimo, Campello disse que não.

“O que tinha que ser apresentado, foi apresentado. Eu entendo que o posicionamento ali foi político. Tivemos o cuidado de fazer uma apresentação bastante detalhada. Procuramos os grupos que estivessem interessados a conhecer a real situação do clube. Os grupos tiveram a oportunidade de esmiuçar, fazer perguntas e entendo que não existe mais nada a ser demonstrado além daquilo que já foi. Está muito claro ali”, avaliou.

Campello também rebateu os questionamentos apresentados pela oposição para não votar a favor da aprovação na primeira reunião do Conselho Deliberativo.

“Tenho ouvido alguns questionamentos: ‘quero saber onde o dinheiro vai ser utilizado’. Isso é um argumento muito fraco, porque é óbvio que vai ser utilizado para pagamento de salários, de impostos, para manutenção do clube daqui até dezembro. Também dizem: ‘não sei como foi utilizado o dinheiro que entrou no clube’. Não sabe? O clube está com todos os impostos em dia, todos os salários em dia, ninguém cortou água e luz do clube, então em quê foi utilizado o dinheiro? Na manutenção do clube e nas suas obrigações. O Vasco não tem nenhuma obrigação de 2018 em atraso e muito mais do que isso: já pagou uma série de dívidas anteriores. Então está muito claro o que foi feito com o dinheiro da venda que entrou. Tanto da venda do Paulinho, quanto do Phillipe Coutinho (para o Barcelona), quanto dos R$ 2 milhões da Globo, que é um valor para seis meses baixíssimo, que não mantém o clube funcionando, mas apesar disso fizemos o clube funcionar através da eficiência da gestão em diminuir as despesas e aumentar a arrecadação”, se defendeu.

Por fim, o presidente do Vasco colocou nos ombros dos conselheiros contrários à proposta uma possível inviabilização do clube até o fim do ano caso o empréstimo não seja aprovado:

“Iniciamos o ano com um déficit de R$ 130 milhões. Então ainda precisamos de pelo menos R$ 38 milhões para conseguir cumprir todas as nossas obrigações até dezembro. Acho que não tem mais nada que nós tenhamos ou possamos apresentar para convencer essas pessoas. Elas vão votar com suas consciências e aquele que votar contra, que assuma a responsabilidade de inviabilizar o clube”.

Alexandre Campello ficou de protocolar o pedido de uma nova votação nesta terça (até o fechamento da reportagem ainda não tinha o feito). Uma vez realizado este ato, o presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, tem até 10 dias para convocar uma nova reunião. Caso assim não fizer, o que é esperado pela situação, o presidente do Vasco pode optar pela convocação em caráter de urgência.

O empréstimo de R$ 38 milhões, caso seja aprovado, terá como garantia cotas da TV Globo e da Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro).

Uol

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