Bracks critica promessas à torcida e pede que vascaínos ‘entendam os processos’

Em coletiva nesta terça (30), diretor do Vasco da Gama afirmou, em outras palavras, que não se responsabiliza por falas que não são suas.

Paulo Bracks em entrevista coletiva
Paulo Bracks em entrevista coletiva (Foto: Emanuelle Ribeiro/ge)

Paulo Bracks, diretor esportivo do Vasco, concedeu entrevista coletiva na tarde de hoje (30), em meio à crise e pressão após sequência ruim de resultados. A equipe está na zona de rebaixamento do Brasileiro, com apenas seis pontos em oito jogos, mas o dirigente reforçou a confiança no trabalho do técnico Maurício Barbieri.

Bracks, por outro lado, admitiu erros na montagem do elenco e afirmou que rotas vão ser corrigidas, mas, no momento, internamente.

Fase do time. ”É um momento ruim de resultado, de posição na tabela, mas estamos todos aqui no CT prontos para superar esse momento e o trabalho vai ser incansável. Já está sendo e vai continuar para que a gente passe essa fase, que vai passar”.

Trabalho no Barbieri. ”Temos total confiança no trabalho do treinador e comissão técnica, e no trabalho que está sendo feito este ano no Vasco, em cinco meses. Entendo que algumas rotas precisam ser corrigias e vão ser corrigidas, mas, neste momento, internamente. O momento é ruim em termos de resultados, não planejamos estar nesta posição da tabela. E vamos corrigir rotas, sim. Entende que erros aconteceram e vamos corrigi-los internamente”.

Veja outras aspas

Avaliação

”A avaliação do trabalho é diária. do meu trabalho, do Abel [Braga, diretor técnico], Barbieri, jogadores, funcionários, e seremos os nomes que vão tirar o Vasco desta situação hoje da tabela”.

Onde houve erro?

”Momento muito fácil de apontar dedo. Até entendo a sua pergunta, mas não serei eu a apontar os dedos. Estou aqui para exteriorizar ao torcedor e concordo com algumas críticas. Estamos aqui todo dia, conhecemos a nossa realidade e o trabalho feito. As críticas construtivas, a gente aproveita e estamos aproveitando. Tivemos jogos, dois principalmente, que deveríamos ter um resultado diferente. Esses jogos seriam cruciais nesta minha entrevista hoje, e entendemos que o momento, apesar de ruim, é bom para poder olhar internamente e colher. Esse dedo está sendo apontado para o clube como um todo, de todo um processo. Temos cinco meses de um retorno à Série A, de um início de investimento que nunca foi feito na história do Vasco. Importante dizer que o investimento foi feito de acordo com o orçamento, que nos permitiu fazer oito comprar de atletas, que estão sendo bastante utilizados, com exceção de um. Esse valor que foi usado nos atendeu na montagem do elenco que hoje se encontra aqui”.

Montagem do elenco

”Sempre disse que queremos um elenco competitivo, e um ano sólido, elenco em construção para ser competitivo. Se esta faltando competitividade, a falha é da montagem do elenco, da parte técnica, e isso vai ser corrigido. Não estou aqui para me furtar de nenhuma responsabilidade da minha pasta. Não me agrada o padrão do futebol brasileiro de troca de treinador em momento conturbado, sem que seja analisado o trabalho, o que pode ser feito internamente. A decisão de refazer algumas rotas passa pela comissão. São 20 anos de turbulência e em cinco meses não vamos ter um voo sem turbulência, e estamos passando pela nossa turbulência. Vamos buscar estabilidade, continuar crescendo em termos de processo, parte técnica, força da camisa, e trabalho para isso não vai faltar. Não tenho problema com cobrança, pode cobrar porque vamos entregar”.

Promessas anteriores

”Não vou entrar em falas que não são minhas. Quero que a gente entenda os processos. Estou aqui para defender o Vasco, o projeto, as falas que tive. Muita gente criou expectativas acima da realidade. É mais uma forma de machucar o torcedor, iludir e criar expectativas. Não necessariamente estou dizendo de falas nossas, mas pessoas externas também criaram expectativas altas de uma realidade que não é de uma hora para outra que conseguimos alcançar. Não vou citar nenhum clube do Brasil, gosto de falar do Vasco. Mas existem clubes que o projeto demorou anos para alcançar as expectativas também criadas pelos torcedores. De camisas igualmente fortes. A nossa montagem do elenco do valor que foi investido, que não vou abrir, mas vocês já citaram, na primeira janela dessa nova Era do Vasco é o mesmo valor que alguns clubes pagam em um só jogador. E nós investimos em oito. Tenho muita segurança nesses oito, faria novamente a compra de todos eles. Acredito que são uma base de um elenco que está em formação.

Quando falei dos 80, 90%, vou ficar com 80%. Montamos 80% do elenco que queríamos dentro das condições que tivemos. Um elenco de 30 jogadores, 20% são seis. Quando tem 80% do elenco, estão faltando seis atletas. Não estou dizendo quantos vão ser contratados, mas os 80% reafirmo que conseguimos cumprir. Conseguimos competir sim na Série A com o time titular. Estamos na oitava rodada e obviamente não vamos manter o que estava sendo feito da mesma forma para provar que estamos certos.

Vamos mudar. Não queremos ter razão, queremos ser felizes, acertar o rumo. Acrescenta-se o uso da base. O Vasco sempre valorizou a base. De uma hora para outra vejo crítica a isso. O uso vai continuar porque são jogadores que estão em processo de formação e performance. Vão ter o nosso respaldo. Estamos fazendo diferente do que outros clubes fazem, não vou citar nomes, mas não tem atletas da base no time titular. Entendemos que esse processo é errado. Esses jogadores estão amadurecendo, é uma competição dura, difícil. Vamos continuar dando respaldo. Temos jogadores de talento, que são o futuro do clube. Somado aos investimentos feitos, uso da base e rotas que precisam ser corrigidas – até porque tem outra janela e todos os clubes se planejam dessa forma.

Tivemos que fazer muitas contratações na primeira janela, mas vamos corrigir rota na segunda. Mas até lá quem vai dar a solução está aqui. O grupo de jogadores é esse, a comissão é essa, a diretoria. Não temos como fazer mudanças. Entendemos que mudanças podem acontecer no grupo, nesses 20% que estão faltando e já sabemos o que fazer em julho. Mas até lá segurança, convicção e confiança. Assumo meus erros na montagem do elenco e que bom que tenho direito de assumir e a prerrogativa de fazer diferente na próxima janela. É natural. Os 20 elencos montados na Série A não estão prontos em janeiro. Não admitir isso seria uma falha grande dentro do trabalho. Os erros aconteceram, são naturais e vamos corrigir”.

Projeto

”Eu nunca projetei colocação. Nunca cometi esse deslize. Dentro do futebol, com a imprevisibildade de resultados, falar de posição é assumir algo que não vai controlar. Internamente nós temos, mas não vou externar. Não posso escancarar para fora o que trabalhamos internamente. Se projeto uma vitória e não tenho, é um fracasso. Não esperamos ganhar 38 jogos. Entendemos que a colocação deveria ser acima do que está hoje. Deveríamos estar com pontuação maior, não tem dúvida. Deveríamos ter vencido as duas partidas em São Januário, que é nossa casa. E vamos voltar a ganhar lá dentro. Poderíamos estar com mais seis pontos se tivéssemos feito o que estava planejado de ganhar em casa. O mando era nosso e deveríamos ganhar. Vamos ter que buscar esses pontos em outras rodadas. Trabalhamos com um percentual bem melhor. No ano, excluídos os amistosos, estamos com 48, 49% de aproveitamento. Se tivéssemos no Brasileiro estaríamos em uma posição melhor até o final. Vamos melhorar pontuação, aproveitamento e isso tudo passa por melhora de performance. Tem coisas boas aqui. Estamos com um número positivo de preparação física e intensidade. O Vasco é um dos times que mais corre no campeonato. E estamos há mais de 100 dias sem lesão muscular. O que é um trabalho que precisamos exaltar. Nesse momento ruim ainda conseguimos olhar para pontos positivos para continuar fazendo. Mas o principal, que é performance, vamos buscar”.

Mercado

”Análise das contratações e o processo: é bom voltar a falar nisso. Primeiro ponto é identificar a necessidade de posição. Vimos no início do ano que não tínhamos lateral-direito apto para a Série A. A partir do momento que há a brecha, buscamos o jogador dentro do perfil. Tem a variável técnica e de projeto. A primeira precisamos entregar um atleta que vai ser útil dentro do modelo de jogo. Esse jogador nesse perfil vamos buscar. Se o treinador gosta de um lateral que ataca mais do que de defende, precisamos de um velocista, de profundidade, que tem números de gols e assistências superiores a desarmes, bloqueios, retorno, recuperação pós perda. E ao contrário.

O outro viés é de projeto. É um jogador que vai ser titular ou como ativo? Ser revendido, futuro do clube, que vai potencializar o valor de mercado do elenco? Foi feita uma pesquisa e o Vasco foi o clube que mais valorizou o elenco em termos de número de mercado de ativos na primeira janela. Em comparação ao elenco do ano passado e desse ano. O jogador tem que ter o perfil do elenco ou de projeto, se é perfil de médio a longo prazo. A partir do momento que o nome é encontrado pelo nosso setor de análise, que é uma sala conjugada à minha, quando o nome é chancelado por nós, temos duas aprovações. Da comissão técnica, do diretor técnico, coloco eles na mesa porque é a forma que entendo que se faz futebol com mais assertividade. E tem a aprovação da 777. Esse atleta tem uma análise nossa interna de mercado e necessariamente uma análise da 777 através do setor de análise do grupo. Esse jogador tem dois relatórios e tem a aprovação de todo esse trio. Alguns jogadores foram aprovados internamente por mim e pelo meu time, mas não pela parte técnica. A contratação não foi feita. Muitos jogadores foram aprovados por nós aqui, mas não pela 777. É normal. Vários nomes ventilados na primeira janela podem ter tido negociação, mas não conseguimos contratar. Pode ser recusa ou reprovação de setores e obviamente dentro de uma pasta orçamentária. Eu não vou fazer movimento que vá causar dívida e onerar a dívida que o Vasco tem. Não vou dar passo maior que a perna. Só vou fazer movimento se tiver condição financeira de fazer. Já foi feito no Vasco durante anos, ainda é feito em outros clubes rotineiramente. Nessa nova era do Vasco não será.

Uso ou não de alguns jogadores é uma parte técnica. Estão à disposição. Mas alguns jogadores podem ser de titularidade a médio prazo e não curto. Quando se faz um planejamento com jogadores em pico técnico, é para ser titular. Não estou falando do Luca Orellano necessariamente. Mas isso é uma análise técnica, do dia a dia, de carga de treinamento, ordem tática e estratégica. O aproveitamento dos oito reforços é alto, mas entendo que os movimentos foram assertivos. Todos passaram pelo treinador e a 777.

Esses rumores de dívida é claro que atrapalham. Isso interfere na credibilidade do Vasco como marca que estamos mudando, mas ainda esbarramos em problemas que são comuns a outros clubes. Temos poucos clubes superavitários e que pagam rigorosamente em dia todos os contratos. Óbvio que atrapalha, mas não vai impedir de fazermos movimentos na próxima janela. Não vou entrar em valor. O que foi feito na primeira janela foi deixado uma pequena parte para a segunda. Mas é um valor insuficiente para fazer grandes movimentos. Os movimentos já começaram. Não posso começar daqui 20, 30 dias. Óbvio que já começaram. O momento não é de contratação. É de resgaste da performance. Não vou fazer cortina de fumaça para o torcedor. Não vou dizer que estamos buscando jogador para criar expectativa. Vamos apresentar quando estiver tudo assinado. O que eu quero é que estejam prontos no dia 3 de julho. Para isso precisamos contratar antes. Mas a minha pasta eu preciso trabalhar contratação de jogador diariamente, não só quando a janela abre. Preciso fazer movimentos de antecedência. Quando a torcida criticou a não apresentação de jogadores em dezembro, já estávamos prospectando. Estamos trabalhando forte”.

Fonte: Uol

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    RESUMO. FIDA-SE A TORCIDA. VOCES SO PENSAM EM GANHAR DINHEIRO. ENQUANTO O VASCO DEFINHA.

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