Bernardo passa a carreira a limpo e reafirma arrependimento de ter saído do Vasco

O meio-campista Bernardo admitiu excessos, contou arrependimentos e sonha com nova chance no futebol aos 33 anos.

Bernardo passa a carreira a limpo em entrevista
Bernardo passa a carreira a limpo em entrevista (Foto: Emilio Botta)

Sentado em uma das cadeiras recém-pintadas do estádio Walter Ribeiro, em Sorocaba, Bernardo sonha em desenhar uma nova história na sua carreira. De volta para a cidade onde nasceu após quase duas décadas rodando o Brasil e o mundo, o jogador atua na várzea local enquanto espera por ofertas para retornar ao futebol profissional.

Nesta entrevista exclusiva ao ge, o meia-atacante reflete sobre os excessos, os erros e as decisões que mudaram a sua rota como uma das grandes promessas do futebol brasileiro.

Cruzeiro, Vasco, Santos e Palmeiras foram alguns dos clubes que fizeram do garoto nascido no interior de São Paulo uma celebridade do mundo da bola. E a fama trouxe consequências – boas e ruins.

– Todo mundo sabe do histórico que aconteceu no Rio de Janeiro. As pessoas sempre vinculam algo de droga, mas tenho todos esse anos de carreira e nunca caí em doping, nada. Meu problema sempre foi tomar uma bebidinha mais forte – conta Bernardo.

Em mais de uma hora de bate-papo, Bernardo abordou outros temas polêmicos que marcaram a sua carreira e hoje são motivo de reflexão de uma pessoa que não busca apenas o recomeço na vida profissional.

Dentre os 18 clubes ao longo dos pouco mais de 15 anos de carreira, o Vasco foi o divisor de águas na vida de Bernardo. Para o bem e para o mal.

Abraçado pela torcida, o meia-atacante foi tratado como “dono” do Rio de Janeiro. As amizades, as noitadas, as bebidas e as andanças pelas favelas fizeram parte da vida dele na mesma intensidade em que trilhava o caminho no futebol.

O ano era 2013. Levado por amigos até o Complexo da Maré, bairro da zona norte do Rio de Janeiro composto por 17 comunidades e mais de 140 mil habitantes, Bernardo viveu a sua história mais marcante e que se tornou uma espécie de cicatriz na sua carreira como jogador de futebol.

Foi lá que Bernardo passou pela “maior pressão psicológica da sua vida”, como ela classifica o episódio (veja no vídeo acima). O então xodó do Vasco teria se envolvido com a namorada de um dos chefes do tráfico local. Por isso, foi amarrado e obrigado a confessar que havia se relacionado com a mulher, que acabou sendo baleada sete vezes em retaliação pelo suposto envolvimento com o jogador.

Bernardo negou qualquer envolvimento com a mulher e foi liberado pelo traficante após intervenção do lateral Wellington Silva, que na época defendia o Fluminense e atualmente joga no Volta Redonda, e o ex-volante Charles, que jogava no Palmeiras. Ambos nasceram e foram criados no Complexo de Maré.

Ao ge, Bernardo detalhou o que aconteceu naquele dia. O jogador negou ter sido agredido ou torturado, algo que chegou a ser noticiado na época, e revelou que após o período tenso na favela foi relaxar em um show da cantora Anitta.

– Ali manchou, né? Acho que ficou muito chato por ter saído na mídia e uma situação como essa mancha muito. A verdade é a minha, que foi o que disse no dia do depoimento. Estava em uma feijoada na Iha (do Governardor) com uns amigos e fui para lá a convite de alguns amigos. Eu sempre ia, mas ficava na minha jogando futebol, como tantos outros jogadores vão. Mas por que o foco veio em mim? Porque eu era de fora, de outra cidade. Se eu fosse dali nada disso teria acontecido – contou Bernardo.

– Você chega e é conhecido, as pessoas ficam com inveja e acabou que eu sofri aquela pressão psicológica. Que me bateram, me agrediram, isso é tudo mentira. Tanto que depois faço uma reportagem e estou bem, rosto normal. Como isso teria acontecido eu estando bem um, dois dias depois disso ter acontecido? Foi mais uma pressão psicológica por um fato que não aconteceu, isso eu já relatei. Ficou chato porque você paga um preço e uma fama que não sou, do que não fiz. Então é um fato chato, falo normal, mas é o que falei. Saiu um pouco do trilho e manchou muito.

– Eu saio dali e vou embora para casa. Se não me engano, eu pego meu carro na Ilha (do Governador) e vou para a 021 (casa noturna) no show da Anitta, entendeu? É uma loucura, depois de tudo que sofri eu não podia ficar dentro de casa. Fui encontrar os amigos para esclarecer a mente, a pressão psicológica foi pesada – revelou Bernardo.

Dois anos depois do episódio polêmico no Complexo da Maré, Bernardo novamente foi alvo de notícias por ter sido fotografado por funcionários de uma empresa ao pegar carona em um caminhão de lixo após ter o carro roubado em Campo Grande, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro.

– É foda, foi foda. Eu estava em um rolê também e acabou que parei em uma conveniência para pegar um táxi, nem tinha carro de aplicativo na época. Em mais um exagero as pessoas aproveitam. O Ronaldinho Gaúcho já tirou várias fotos com pessoas que ele nem sabe quem é, então são coisas que acontecem com pessoa pública. Registraram o momento, mas graças a Deus quase ninguém lembra disso. Na época virou meme. É foda, né? Se tivesse um controle da vida com mais equilíbrio isso não teria acontecido – disse o jogador, que preferiu não entrar em detalhes.

Aos 33 anos, Bernardo Vieira de Souza quer recomeçar. Se a idade para muitos significa a proximidade da aposentadoria, para o jogador representa maturidade, experiência e o desafio de provar que ainda não acabou.

– Já tem mais de dez anos essas coisas, eu não sou mais nenhum moleque do passado, quero buscar um futuro melhor. Não penso em me aposentar agora, de maneira nenhuma. Vejo muitas pessoas falando que “já acabou”, “não dá mais” . Pô, eu não fiz nada de mal para ninguém, não matei ninguém –desabafou Bernardo.

– Eu daria mais uma chance, com certeza. Estou novo, tenho saúde, tenho perna. Corro ainda. Se me der uma oportunidade para treinar e me botar bem fisicamente… Beleza, tive meus deslizes na carreira, mas foi uma coisa que ficou, a gente quer algo diferente agora, mas acho que esse lado pesa um pouco. Espero que depois da nossa entrevista as pessoas pensem com carinho, deixem de lado o que passou e olhem para algo positivo.

É nos braços da família e na companhia dos filhos que Bernardo quer se reencontrar como pessoa. Ele ainda autovalia que se encaixaria em clubes da Série B e até Série A do Brasileiro, mas sabe que o caminho será mais longo que o do menino que brilhou na base do Cruzeiro e despontou para o cenário nacioal.

– Eu não gosto nem de lembrar quantos anos eu tenho (risos). Estou novo, dá ainda para voltar a jogar. Eu acompanho Série B e, se eu me preparar, jogo. Consigo também jogar a Série A. Óbvio, a internet e as pessoas comentam “ah, não joga mais” aquelas cornetas pesadas, ainda mais que agora eu tô aqui em Sorocaba, vivendo com minha família, esses comentários vêm.

Quem é Bernardo

  • Nome: Bernardo Vieira de Souza
  • Idade: 33 anos (20/05/1990)
  • Profissão: jogador de futebol (meia-atacante)
  • Carreira: Cruzeiro, Seleção brasileira sub-17, Goiás, Vasco, Santos, Palmeiras, Ceará, Ulsan (Coreia do Sul), Coritiba, Botafogo-SP, Al-Tadhamon (Kuwait), Ipatinga, Al-Khaleej (Arábia Saudita), Volta Redonda-RJ, Pegasus (Hong Kong), Rio Branco-PR, Brasiliense, Maguary-PE e Maricá-RJ.
  • Títulos: Sul-Americano Sub-17 pelo Brasil (2007); Copa do Brasil pelo Vasco (2011); Campeonato Carioca pelo Vasco (2015); Campeonato Mineiro pelo Cruzeiro (2009) e Campeonato Brasiliense (2022).

Veja abaixo a entrevista completa do ge com Bernardo

ge: Como você resume sua vida hoje em Sorocaba?

Bernardo: – Ah, eu tirei esse tempo, o último estado que fiquei mais tempo foi em Brasília, no Brasiliense, depois fui para Pernambuco, depois volto para o Rio jogar a segunda divisão pelo Maricá. Acabou que não conseguimos o objetivo lá de classificar, conseguir o acesso, e parei para pensar. Pô, depois de um tempo assim ficar parado, esperando, né? Clubes, oportunidades… Preferi dar um tempo do profissional mais para buscar algumas energias, a família é muito importante nesse momento.

– E para não ficar parado recebi um convite do Enquadros para jogar no amador. É aguardar, né? Dar continuidade. Existe um compromisso com o pessoal, mas estou puxando mais para o lado familiar mesmo, para resgatar aquela força, relembrar os tempos de Sorocaba, quando eu era criança e fui muito feliz aqui até os 12 anos, até que fui embora atrás dos meus sonhos. Espero que no final do ano, novembro para dezembro, possa acertar algo para o estadual de 2024.

O que te levou a tomar esse tempo?

– A gente sabe como é quando está numa situação de clubes menores. Acho que hoje pago o preço de tudo o que aconteceu na minha carreira, e as pessoas acabam meio que me deixando de lado, não querem ajudar, não querem dar oportunidade, isso é chato no futebol. A gente faz contato com as pessoas, já fiz com jogadores que foram campeões comigo, mas as pessoas têm um pouco de receio de dar essa oportunidade por achar que vamos acabar cometendo o mesmo erro do passado.

– Pensei que “ah, não vou ficar enchendo o saco de ninguém agora”, vou ficar ao lado da família, buscar um lado espiritual. Quero pelo menos voltar a jogar uma Série B, é o mínimo que eu mereço. E dependendo da minha força, do que eu render dentro de campo, voltar a jogar uma Série A. Nunca é tarde, tem jogadores aí com idade mais avançada atuando, é ter comprometimento com você mesmo para voltar aos trilhos e ter oportunidade, o que é mais importante.

Quando você está em alta, muita gente se aproxima naturalmente. No atual momento, muitas pessoas se afastaram de você pela carreira ter tomado outro rumo?

– Com certeza, principalmente atletas, mas claro que um ou outro a gente fala, curte, comenta, fala uma coisa ali no Instagram, mas é pouca coisa. Até porque não fico querendo entrar na vida da pessoa, cada um tem sua vida e sua família, suas responsabilidades. Não gosto de ser inconveniente nessa parte. Teve até um jogo aqui em Sorocaba, não fui convidado, mas recebi o convite para assistir com meus filhos. Fui até buscar o ingresso e algumas pessoas falaram para entrar, mas não fui convidado. Então foi um lembrete que tive agora, semanas atrás, mas é tranquilo. Sou um cara tranquilo.

– Desse lado de as pessoas se afastarem, mais aquelas que conviveram fora de campo, principalmente no Rio de Janeiro. Principalmente quando eu estava no Vasco era mole, mas hoje muda um pouco. Isso é da vida, muita gente já passou por isso, é ter discernimento e saber levar. Tem uma vida pela frente, muita lenha para queimar, é só saber com quem andar.

Nesse círculo todo, ainda tem contato mais próximo com algum jogador? Deu para fazer alguma amizade que carrega até hoje?

– Com certeza, claro que deixou amizades. Grandes contatos, Diego Souza, Fellipe Bastos, Dedé, alguns dirigentes como Rodrigo Caetano. Apesar de não termos tanto contato, mas a gente busca mandar uma palavra, alguns respondem, outros não, mas é normal. Mas com quem tenho mais proximidade são esses, o Luan, do Palmeiras, o Dudu. Mas é como falei, isso é de mim, do meu caráter. Tem muito jogador que já ouvi falar que fica mandando mensagem para muitos outros e chega a ser inconveniente. Isso não é legal, tenho vergonha na cara.

– O mais próximo é o Diego Souza, hoje sou praticamente amigo da família toda, conheço os irmãos dele, mãe, pai, lá na ilha do Governador onde também vivo hoje, minha esposa é de lá, meu filho também. Lá eu tenho muito contato, e as pessoas gostam muito de mim. Esse abraço poderia existir, sabe? Não que seja obrigação da pessoa, mas às vezes as pessoas têm aquele receio. Eu respeito mais o Diego Souza.

O Diego Souza também ajudou muito o Régis no São Paulo, talvez entenda bem a vida de jogador. Você acha que os clubes hoje não têm acompanhamento psicológico adequado?

– Todos os clubes hoje têm psicólogo, eu tive no Cruzeiro na base e no profissional, no Vasco também. Tive meus problemas lá, eu esqueci o nome da pessoa, ela está lá até hoje… Não me recordo o nome, mas tivemos vários contatos, muitas conversas. E é importante, não só quando o jogador está passando por um momento extracampo difícil. Eu vi o caso do Raphael Veiga, que o Fernando Diniz o chamou para conversar, você vê que o problema também pode ser dentro de campo. É muito importante ter esse contato para dar um caminho certo, mais para orientação mesmo.

Você explode no Cruzeiro, faz uma grande Copinha, vai para a Seleção de base e vira grande promessa até subir ao profissional. O que você se lembra desse início? O que traz de lá que você tenta resgatar agora?

– Eu me recordo de quando comecei a ir para a Seleção de base. Você começa a ver que é um jogador diferente, e pelas convocações que fui tendo… Os gols que fiz no Cruzeiro, os títulos, as viagens que fazíamos para a Europa, muitos torneios fora, tinha muito disso. A gente desfrutava desse momento. Sempre decidia jogos, principalmente contra o Atlético-MG, também fazia gols na Seleção, fiz na sub-15 contra Argentina três gols numa final. Uma coisa legal. Copa São Paulo também foi muito legal, joguei duas, sempre bem valorizado, na última fui artilheiro e depois subi para o profissional. Trago tudo isso para hoje, lembrar tudo de bom que fiz lá atrás, legal as pessoas lembrarem também disso, dos gols, dos títulos, para me trazer coisa boa para hoje.

O que você se lembra da época da base no Cruzeiro?

– Lembro de muitas coisas da época da Toquinha, né? Grandes histórias, a gente criança ainda, ia para a escola, tinha um colégio lá dentro. Tinha do que desfrutar, era uma oportunidade que o Cruzeiro dava. Lembro muito bem do Dudu, começamos a jogar mais quando estávamos perto do profissional, sempre via ele jogar na Toca, jogador diferenciado. O pessoal falava dele, mas como eu já tinha conquistado coisas ali dentro, o foco ia para meu lado. Graças a Deus, pelo meu talento, pelo meu trabalho.

Você guarda muita coisa boa desse início, crescendo no Cruzeiro, fazendo sucesso na Seleção de base, subindo para o profissional. Como fica sua cabeça nesse momento? Em algum momento você viu sua fama ficando maior do que você, saindo do seu controle?

– Foi bem quando subi para o profissional. Você começa a ter vários contatos, as pessoas vão se aproximando. Lá no Cruzeiro era difícil ter acesso ao clube, mas as pessoas conseguiam, quem tem lábia, quem tem conversa. E você vai sendo apresentado para as pessoas, você começa a saber realmente que tem seu valor, se torna um jogador mesmo que está fazendo seu trabalho, conhecido, e começam a te tratar de forma diferente.

– No começo, ali no Cruzeiro, tive mais cautela. Onde as coisas foram saindo mesmo do controle foi na minha terceira temporada pelo Vasco, eu vejo o tamanho do jogador que me tornei, e aí que as coisas ficaram difíceis.

E essa transição de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro já foi um impacto? Você jovem, saindo de um grande centro, mas indo para um ainda maior.

– No começo, em 2011, eu chego com o Vasco num momento difícil. Cheguei como mais um jogador ali para somar ao elenco, fui buscando meu ganha-pão, correndo atrás, 2011 foi uma temporada incrível, aí você começa a ser reconhecido, vai no restaurante, leva os filhos para a escola, mercado, e todo mundo para e pede fotos, autógrafos. Ali eu caio na realidade de que tinha conquistado meu lugar na prateleira do futebol brasileiro, um espaço num clube grande como o Vasco, e termino a temporada de uma forma consagrada, sendo artilheiro.

– Depois que eu começo a ficar sozinho no Rio de Janeiro, de 2012 para 2013, mais 2013, já que em 2012 fiquei no Carioca e depois fui para o Santos. Mas em 2013 fico sozinho, foi quando terminei um relacionamento que vinha de Belo Horizonte, e aí você começa a ter liberdade para fazer o que quer. E aí todo mundo sabe que as cram a sair do controle.

– Fui com minha esposa, do meu primeiro relacionamento de Belo Horizonte, e com dois filhos, o Enzo e o Luca, vou para o Santos já terminado.

Como foi essa saída do Vasco para o Santos? Como encarou essa saída para um clube que era campeão da Libertadores e tinha até Neymar…

– Não foi nada extracampo, na minha primeira passagem o Vasco tinha alguns valores para acertar, em 2012 tinha uma parcela para acertar bem no começo do ano, e aí por falta de tranquilidade minha na época, meu ex-empresário falou muito na cabeça… Teve um jogo, acho que foi estreia nossa na Libertadores. Eu não tinha entrado no jogo, saí meio chateado por isso, por tudo que vivi em 2011, queria ajudar. E aí, na época, fomos conversar sobre a situação. Mandaram uma notificação para o Vasco, não pensamos muito na época, o Vasco tinha feito um esforço enorme para me comprar do Cruzeiro.

– Ficou muito chato, principalmente com a torcida. Aí num jogo do Carioca a torcida começa a me vaiar, eu jogando bem, e depois do jogo eu tinha entendido, o diretor chegou para mim… Ficou meio chato isso, poderíamos ter tido mais tranquilidade, o time estava na Libertadores. Se eu pudesse voltar no tempo, ficaria no Vasco para jogar Libertadores, poderia ter feito gols, enfim, e aí fui para o Santos. Era uma oportunidade, mas logo me machuquei, foi um ano muito ruim.

Como ficou sua cabeça com tanta gente tentando te influenciar, falando coisas, fazendo você tomar decisões tão cedo?

– Se fosse para escolher, eu ficaria no Vasco. Mas foi um papo daqui, uma conversa dali, na época eu tinha propostas do Santos, do São Paulo e do Inter. O Muricy tinha ligado para os meus empresários, falou que queria contar comigo, sabia da situação chata, então mexe um pouco com você. E é legal, você vê que o trabalho está sendo reconhecido. Mas foi difícil para escolher, se fosse hoje eu ficaria quieto, pediria desculpas para a torcida e voltaria a jogar. Só que ficou um clima pesado, e sabendo o que a torcida do Vasco representa, sei que o pessoal ficou bem triste e magoado.

No Santos você teve problemas com lesão, mas seria uma grande oportunidade, não? Era para ser um recomeço…

– Foi uma experiência incrível, assim que eu chego a Santos já vejo o que é esse clube no futebol brasileiro e mundial. Convivi com Neymar, Ganso, entre outros que na época estavam lá e eram campeões da Libertadores. Apesar de não ter sido tão boa quanto era para ser, foi uma experiência incrível. Tive lesão no adutor já na segunda rodada do Brasileiro, fiquei um turno fora, volto só contra o Sport, joguei alguns jogos, entrei, mas vi que não foi legal… Fiz um gol, tal, mas poderia ter sido bem melhor. E aí volto para o Vasco em 2013.

Foi nesses momentos de lesão que você começou a pensar em outras coisas e talvez sair do caminho que tinha planejado?

– Eu volto em 2013, tenho uma lesão no ligamento cruzado do joelho, e o Vasco estar num momento muito difícil naquele ano. Dos campeões da Copa do Brasil acho que só tinham ficado eu e Fellipe Bastos, e no meio disso tudo eu ainda estava fazendo gols, decidindo, e aí uma semana antes do Campeonato Brasileiro eu tive a lesão. E ali eu vejo que tudo que eu fiz foi por água abaixo, estava com propostas de clubes europeus na época.

– Aí você meio que desanima, né? Começa a ter vários contatos para poder ir em festas, a gente sabe como é, você tem acesso a tudo. E meio que saí do trilho. Volto depois da lesão, já no final do ano fazendo gol, mas não adiantou nada porque o Vasco não se livrou do rebaixamento. Foi um ano difícil, porque tive problemas, problema de joelho, e fico triste por tudo que poderia ter sido diferente. Em 2013, tenho certeza de que se tivesse ido para fora ou continuado jogando no Vasco, iria para a Seleção.

Foi aí que se abriu o espaço para festas, noitadas?

– Ah, com certeza. Exagerei, sim. Teve um episódio que um torcedor invadiu São Januário para cobrar, eles só queriam saber de mim, falavam que eu estava mais nas festas do que na fisioterapia. O pessoal sabia. Foi chato, mas não é que eu não ia, senão não teria voltado a jogar. Foram seis meses de fisioterapia e voltei bem. Mas tem um espaço, né? Praia, festas, outros lugares para ir, e acabou que tive escolhas.

Como era sua rotina?

– Eu ia para a fisioterapia de manhã, e aí tinha tarde e noite livres. Eu ia para a casa de um amigo, eu frequentava a casa do Emerson Sheik também, ele estava no Corinthians e ia para o Rio, tem até foto nossa na internet, na cobertura dele. Fiz uma amizade legal também, ele sempre gostava da minha presença, sabia da minha índole, me achava legal. E aí tinha praia, ia para a noite também. Às vezes eu acordava meio “cozido” e ia para a fisioterapia, mas não deixei de ir. Às vezes chegava um pouquinho tarde, mas me recuperei legal.

Diante de todo esse cenário, o primeiro sentimento que bate é de tristeza? De pensar em parar? Como foi o momento logo após a lesão?

– Foi muito triste na época, eu estava voando em 2013, apesar de o Vasco não ter tido um time tão forte na época, estava fazendo gols. Preparando para o Brasileiro, porque em 2011 eu entrava, resolvia, mas em 2013 me preparei para ser o cara do Vasco, líder do time, depois de muitos jogadores terem saído. Então era meu momento, chegar e jogar. Na época sentei com meus empresários, gente da Itália também, uma possível transferência no meio do ano, algo de bom poderia acontecer, e eu estava já me preparando. Ia dar minha vida no Vasco, mas aí vem tudo, né? A lesão vem e bate aquela tristeza. “Não é possível”, acontece com todo mundo e por que comigo não pode? Quem está de fora não vê esse lado, não consegue enxergar o ser humano, coração, tudo o que sonhei, só vê o fora de campo. Eu queria jogar, ir para a Europa, vem essa tristeza, essa dor, porque eu sonhei.

– Nesse período em que me machuquei também poderia ter levado meus pais para o Rio, ficarem tranquilos comigo. Eles foram e ficaram comigo algum tempo, logo depois da lesão, mas eu, por escolha, preferi ficar com uma pessoa que hoje nem conversa mais comigo, fala pouco, enfim. Você vê que realmente é tudo diferente. Mas não volta atrás, não guardo mágoa, tem de olhar para frente.

É natural que num momento de extrema tristeza você fique mais vulnerável, se abrindo mais para pessoas que talvez não te tragam benefício. Foi isso que aconteceu?

– Era um colega que vivia comigo, fazia as correrias para mim, dia a dia, não tinha tudo digital, tinha que ir em banco, essas coisas. Era para eu ter um descanso, fazer fisioterapia, tudo. E a pessoa fazia isso. Não só essa pessoa, mas outras que também se aproximam e hoje nem perguntam dos meus filhos, do meu pai, da minha mãe, de mim. Mas que essas pessoas sejam felizes…

E aí na hora da dificuldade você não tinha apoio…

– As pessoas se aproximam de você porque você tem algo a dar. Quando as coisas vão mudando de rumo, você sente. Já abri mão de poder ficar com meu pai, minha mãe, pessoas que amarei para sempre, para poder ficar ao lado de pessoas assim, que não mandam mais mensagem. Tem até uma pessoa hoje, é até triste falar, quase discuti com meu pai por causa dessa pessoa e ela não está nem aí para mim, não quer saber se estou vivo, se existo. Mas estou na minha luta diária. Depois de um tempo vieram pessoas legais, bacanas, vamos valorizar isso. Pessoas que gostam de mim de verdade, principalmente do Rio de Janeiro, sabem quem são.

Nesse período crítico, teve algum momento em que você sentiu que foi longe demais? Algum exagero que te fez virar a chave?

– Em 2013 eu voltei no final do ano, jogando, comecei o Carioca de 2014 jogando, voltando à rotina, não é 100% noite e não dando valor para seu trabalho. Mas bate também um pouco de desânimo. Você trabalha, trabalha, mas meio que não tem mais oportunidades, não é mais aquele jogador valorizado de dois, três anos atrás.

– E aí continuei no foco, passagem pelo Palmeiras, retorno em 2015 para o Vasco… O Palmeiras outro clube gigantesco, lembrado já por causa do meu pai, alegria imensa, mas num ano errado em que o time quase caiu. Joguei poucos jogos, não tive tanta oportunidade, queria ter jogado mais, creio que se fico no Vasco em 2014, em 2015 eu poderia ter mais possibilidades. O Palmeiras começou a se levantar naquele ano. Em 2014 quem me levou foi o Fernando Prass, mandou mensagem. Mas se me liga em 2015, não ia pensar duas vezes.

O seu pai, que é ex-jogador, te orientou em algum momento e tentou alertar que você estava indo para um caminho errado? Houve esse papo?

– Sempre teve, não só em momentos de dificuldade, mas de felicidade também. Sempre me cobrou, principalmente no momento em que estava perdido falava comigo para acordar para vida, que o tempo estava passando e para valorizar o que estava vivendo. Minha voltas para o Vasco sempre foram boas, em 2015 eu voltei fazendo gols e acho que não só posso culpar o fora, sempre acontecia algo dentro de campo que me tirava do trilho, era chato, claro que tinha que saber que não estava jogando bem, mas aquilo dava um desânimo. Acabei indo para o Ceará em 2015, e ele sempre falou para ficar bem. Não era só fora de campo, coisas dentro de campo também me tiravam o foco.

No momento em que você estava perdido, o que mais lhe tirava o foco? Más companhias, balada, bebidas, drogas?

– Todo mundo sabe do histórico que aconteceu no Rio de Janeiro. As pessoas sempre vinculam algo de droga, mas tenho todos esses anos de carreira e nunca caí em doping, nada. Meu problema sempre foi tomar uma bebidinha mais forte, cerveja não tem problema de tomar, mas realmente atrapalha e tira o sono. Fiquei fora de um clássico contra o Botafogo num domingo por ter ido a um casamento. Acho que a bebida mesmo que lhe tira o sono, o foco e te deixa mal. A bebida te deixa com a imagem chata, mas é chato falar, difícil, mas é uma realidade que aconteceu. Graças a Deus não tenho problema com alcoolismo.

O que rolava era mais um exagero na bebida, de ficar mais em festa. O problema era o exagero?

– É você aloprar um pouco mais, se tivesse o controle pelo menos eu não iria. Foi um exagero que você paga o preço, tira o sono e você não treina bem. Não era amanhecer de ficar em bar.

Fora de campo, isso trouxe consequências? Parte financeira, relacionamentos, problemas na noite?

– Nunca aconteceu até porque a gente tem um cuidado com isso, principalmente eu e minha mãe temos um contato forte com isso. No Rio de Janeiro nunca tive problema com exagero, ficar com coisas pendentes. Sempre fui correto.

Você desperdiçou dinheiro nessa época?

– Isso, sim. Tive carro, você se ilude e acaba trocando de carro toda hora. Perdi um pouco sim, mas graças a Deus tenho um controle financeiro. Quanto a isso estou firme.

O que realmente aconteceu naquele episódio na favela? Esteve perto de acontecer algo pior com você? Como se meteu naquilo ali?

– Ali manchou, né? Acho que ficou muito chato por ter saído para a mídia e uma situação como essa mancha muito. A verdade é a minha, que foi o que disse no dia do depoimento. A pressão psicológica, estava em uma feijoada na Iha (do Governador) com uns amigos e fui para lá a convite de alguns amigos. Eu sempre ia, mas ficava na minha jogando futebol, como tantos outros jogadores vão. O Douglas Luiz, que é do Complexo da Maré, entre outros.

– Mas por que o foco veio em mim? Porque eu era de fora, de outra cidade. Se eu fosse dali nada disso teria acontecido. Você chega e é conhecido, as pessoas ficam com inveja e acabou que eu sofri aquela pressão psicológica. Que me bateram, me agrediram isso é tudo mentira, tanto que depois faço uma reportagem e estou bem, rosto normal. Como isso teria acontecido e eu estando bem um, dois dias depois disso ter acontecido? Foi mais uma pressão psicológica por um fato que não aconteceu, isso eu já relatei. Ficou chato porque você paga um preço e uma fama que não sou, do que não fiz. Então é um fato chato, falo normal, mas é o que falei. Saiu um pouco do trilho e manchou muito.

Para esclarecer, você considera que nunca correu risco de perder a vida?

– Não, jamais. Eu saio dali depois, vou embora para casa. Se não me engano, eu pego meu carro na Ilha (do Governador) e vou para a 021 no show da Anitta, entendeu? É uma loucura, depois de tudo que sofri eu não podia ficar dentro de casa. Fui encontrar os amigos para esclarecer a mente, a pressão psicológica foi pesada.

Foi de qualquer forma uma situação extrema, algo que você nunca tinha vivido? Com a cabeça mais fresca você parou para refletir?

– Quando aconteceu, eu pensei que aquilo não poderia ir para a imprensa. Era o desejo do meu coração, mas a pessoa que sofreu as consequências acabou chegando daquele jeito no hospital, e a polícia passou a investigar. Numa quarta-feira o pessoal foi a São Januário me intimar para ir depor, mas depois se não me engano um amigo meu próximo na imprensa me liga falando que estava sabendo. Eu disse o que aconteceu, que não tinha apanhado, mas ele disse que precisava soltar a notícia.

– Era tudo o que eu não queria, mas pedi para não sair para a imprensa. Mas isso vazaria em qualquer lugar do mundo, era uma informação muito forte, aí veio a preocupação de todos que eu estava convivendo na época. O Sheik me mandou mensagem, Jorge Henrique, parentes entrando em contato. Meus pais ficaram aos prantos. Foi bem complicado na época, é foda. Difícil tocar em um assunto desse, mas já foi.

A Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio chegou a divulgar em 2015 que você pegou carona num caminhão de lixo após ter o carro roubado e estar desorientado em Campo Grande…

– É foda, foi foda. Eu estava em um rolê também e acabou que parei em uma conveniência para pegar um táxi, nem tinha carro de aplicativo. Aí eu, em um exagero, as pessoas aproveitam, Ronaldinho Gaúcho já tirou várias fotos com pessoas que ele nem sabe quem é, então são coisas que acontecem com pessoa pública. Registraram o momento, mas graças a Deus quase ninguém lembra disso. Na época virou meme. É foda, né? Se tivesse um controle da vida com mais equilíbrio isso não teria acontecido.

Foi um divisor de águas na sua carreira? Mudou o rumo daquilo que era para ter acontecido?

– Tenho muito amigo de torcida organizada que são de alguns lugares, outros famosos que são de comunidade e é legal ir. Já fui na Vila Cruzeiro e encontrei o Adriano, tenho até um amigo que é segurança do Vasco que é do Complexo do Alemão, um cara que sempre faz questão da minha presença. Não é só esse tipo de pessoa que tem lá, cada um tem sua vida. Pessoas que só olham o lado problema, mas foi um caminho que se não acontece o que aconteceu eu estaria pelo menos vivendo uma Itália.

Você acha que paga o preço até hoje disso?

– Pago. Depois consigo, vou para a Coreia, Arábia e um local onde desfrutei legal. Hoje está melhor ainda, em 2013 se não acontece minha lesão e tudo isso, estaria vivendo outra coisa.

Como foi a passagem pela Arábia?

– Fui muito legal, já tinha passado pelo Kwait. Lá jogava com pessoas que tinham outras profissões, meu time só perdia. Culparam a gente e mandaram embora, entramos na Fifa e começamos a receber algumas coisas. Saio do Ipatinga em 2018 e vou para a Arábia. Quando vejo a estrutura do clube, no começo foi difícil por ter ido sem a mulher. Lá não tem bebida alcoólica, mas fiquei de boa. Acordava cedo para treinar, é muito calor. Na época já tinha ostentação, um zagueiro gêmeo que jogou comigo está com o Cristiano Ronaldo. O Carlos Eduardo, o Elton já eram ídolos lá antes mesmo da chegada desses craques. Tenho um carinho enorme pelo país. Quem sabe?

Foi uma época de sossego? Já tinha esse luxo, bicho mais gordo?

– Dependendo dos clubes, os de maior investimento pagam premiação muito boa. É uma coisa histórica da Arábia, o Sheik já contou e os jogadores ganham muito dinheiro lá. É uma coisa antiga, onde joguei não pagava premiação alta, mas pagavam uma coisinha ali. O sheik dono do clube pegou um carinho por mim e conheci muita coisa legal. Foi uma experiência maravilhosa.

Depois da Arábia, você volta e passa por vários clubes. Como encara esse momento hoje?

– Quando volto da Coreia, eu joguei no Coritiba e foi o último time de Série A. O Pachequinho estava de treinador e me disse para aproveitar que era um clube grande e que depois que saísse as coisas iam começar a ficar difíceis. Tive a oportunidade de renovar com eles em 2017, mas vem de novo as pessoas que falam. Acabei indo para o Botafogo-SP jogar o Paulistão, acabei passando para o diretor na época, mas acabei ficando em dúvida. Se eu permaneço no Coritiba teria mais um ano na Série A, é um arrependimento que tenho. Escolho ir para o Botafogo-SP, faço um jogo como titular e o time encaixa e não tenho oportunidade de jogar. Ali que começo a passar por times menores.

Ainda acredita que pode voltar a jogar em alto nível?

– Eu não gosto nem de lembrar quantos anos eu tenho (risos). Estou novo, dá ainda para voltar a jogar. Eu acompanho Série B, tudo. Consigo também jogar Série A. Óbvio, a internet e as pessoas comentam ‘ah, não joga mais’ aquelas cornetas pesadas, ainda mais que agora eu estou aqui em Sorocaba, vivendo com minha família, esses comentários vêm. Mas pelo que eu acompanho a Série B, se alguém me der uma oportunidade, uma chance, eu jogo. Pelo nível que está, dá para jogar. Se eu ficar mais uns cinco anos bem, até os 38. Na verdade, quatro anos porque já estamos no final deste ano.

Se você fosse um diretor de futebol e pintasse seu currículo na mesa. Como dirigente, o que convenceria a te contratar?

– A pessoa tem que ter pulso firme porque não é só ele, é o staff e o torcedor. Mas se o cara mexer com algo, tocar o coração dele, que aí já é uma parada espiritual. Depois que ele ver minha carreira no papel, se for uma conversa olho a olho, não por ter telefone porque o não a gente já tem, se tiver um contato pessoalmente as coisas ficam mais fáceis. Eu daria mais uma chance, com certeza. Estou novo, tenho saúde, tenho perna.

Você acha que ainda pesa seu passado para você não ter tido essa chance agora, depois de quase três anos no Brasiliense, um clube sólido, conhecido e que joga em campeonato nacional. Você acha que em 2023 essa questão ainda pesa?

– Pesa, mas é chato, né?! Já tem mais de dez anos essas coisas, eu não sou mais nenhum moleque do passado, quero buscar um futuro melhor. Não penso em me aposentar agora, de maneira nenhuma. Vejo muitas pessoas falando que “já acabou”, “não dá mais”. Pô, eu não fiz nada de mal para ninguém, não matei ninguém. Beleza, tive meus deslizes na carreira, mas foi uma coisa que ficou, a gente quer algo diferente agora, mas acho que esse lado pesa um pouco. Espero que depois da nossa entrevista as pessoas pensem com carinho, deixem de lado o que passou e olhem pra algo positivo agora.

O Bernardo não acabou para o futebol. Essa mensagem que você quer deixar clara?

– Uma nova oportunidade, sim. Jogador, diretor, treinador também, qualquer um que me que der uma oportunidade, eu tô vivíssimo no futebol.

A várzea não é um passatempo, está pagando legal hoje também e é um complemento de renda interessante também…

– Com certeza, a partir de agora no Maricá, alguns jogadores, o pessoal começa a ligar. Recebi convite de Minas Gerais, Nordeste. E aí eu falo que não, quero ir para Sorocaba. E aí, quando eu chego, vou num jogo beneficente do Ronaldinho, eu me encontro com o Roni, nosso presidente. Ele falou para a gente conversar, eu expliquei minha situação, falei que queria ficar em Sorocaba agora. A gente começa a receber informações de como está hoje, não é igual na época do meu pai, quando ele jogava aqui. O Água Santa começou no mesmo nível, e agora está disputando o Campeonato Paulista. Eu espero que não só aqui em Sorocaba, mas em outros lugares a várzea possa crescer.

O São Bento é uma opção? Um time que te acolheria, sua cidade, série A2 do Paulista. Estar em casa seria uma opção?

– Seria legal, uma oportunidade. Por eu ser daqui o torcedor acho que iria abraçar. Pra mim seria uma honra jogar A2 também. Irmão, eu quero estar em campo, mostrando meu valor, que eu ainda posso voar alto.

Você falou muito sobre buscar felicidade, se conectar com sua família, sua espiritualidade. O que é felicidade pra você hoje? E como o futebol entra nesse pacote?

– Felicidade para mim é amor. Descarregar o lado negativo. A felicidade é você estar conectado com as pessoas que sorriem pra você. Hoje aqui em Sorocaba eu reencontrei amigos que me fizeram rir quando eu era criança. Você vê aquele sorriso e é aquilo que é a felicidade que eu estou buscando.

Fonte: Globo Esporte

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