Barbieri pede ‘humanização’ do futebol e projeta jogo contra o Coritiba

O técnico do Vasco da Gama, Maurício Barbieri, adotou o tom de desabafo durante a entrevista coletiva desta terça-feira.

Barbieri em jogo contra o Bahia
Maurício Barbieri em jogo contra o Bahia (Foto: André Durão)

Em tom de desabafo, o técnico Maurício Barbieri concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira, no CT Moacyr Barbosa. O comandante do Vasco aproveitou a oportunidade para defender a humanização dos profissionais que trabalham com o futebol.

– Estamos todos juntos, no mesmo barco, mas as vezes vai se criando essa dinâmica ao ponto de, muitas vezes, você ter receio de sair para jantar porque você não sabe o que vai ouvir na rua. Você tem receio de sair com a sua família. E as vezes você é cobrado pela sua família porque a sua família quer sair com você, quer ter o seu momento de lazer, de convívio. A gente quase não tem tempo porque a gente sabe como é o calendário, dinâmica dos treinos, olhar vídeo. E quanto tem tempo, você acaba se privando porque você não sabe o que vai ouvir, o tipo de cobrança, as besteiras – desabafou Barbieri. E completou:

– Para mim é muito emblemático, tenho um filho que fez 16 anos, mas que uns quatro ou cinco anos atrás…ele foi no estádio e a torcida estava xingando o pai dele e ele não quis mais ir ao estádio. Ele é meu filho. E aí eu pergunto a vocês: o que que o futebol ganhou com isso? No que o futebol se tornou melhor? Estou falando, mas sei que não vai mudar. Gostaria que todos nós fizéssemos um esforço nesse sentido. A crítica ela faz parte, é pertinente, mas escolher as palavras é importante. – Vai chegar um momento em que não vai valer a pena. Por mais que o treinador – a minoria – consiga ter um bom salário, boas condições de trabalho, chega um momento que não vale a pena. Qual é o preço de ver o seu filho crescer? As pessoas não veem isso.

Além disso, o treinador esclareceu mais pontos sobre o momento em que vive o time, uma vez que o pós-jogo contra o Fluminense não foi tão proveitoso.

– Estamos oscilando. Falei que isso aconteceria, que a nossa calçada não era a Vieira Souto e que estávamos na Avenida Brasil. Sabíamos das dificuldades. As críticas fazem parte. O que incomoda é quando se criam pseudoverdades e as coisas se propagam. Opinião eu respeito. Julgamento fere e mexe com as pessoas – disse Barbieri.

– A gente entende o sentimento do torcedor e é o nosso sentimento. Precisamos fazer uma separação sobre o que é a camisa do Vasco, a história e o momento. O Vasco começou a temporada atrás dos seus rivais, pelo tamanho da reformulação que a gente tinha que fazer no elenco, pelo processo de construção. Contra o Fluminense, o Vasco foi uma equipe em formação, com jogadores em formação. Por exemplo, o Rodrigo está disputando jogos como profissional pela primeira vez na carreira. o Andrey está disputando a Série A pela primeira vez na carreira. O Vasco está em formação, enfrentando uma equipe pronta. Três dias antes, o Fluminense vinha de um resultado elogiado no Brasil e na América inteira. Gostaríamos de ter disputado mais a posse de bola, mas não jogamos sozinhos.

– A gente tem feito elas. Talvez não tenha ficado tão evidente. Mas a gente já jogou projetando mais o Puma ou o Piton. No segundo tempo contra o Bahia, eu tentei mais variações. A gente terminou o jogo contra o Fluminense com dois centroavantes. A gente não atuou com três zagueiros de ofício, mas já atuamos com jogadores fazendo a função de três zagueiros. Eu preciso fazer a variação quando tem sentido fazê-la – finalizou.

Barbieri também analisou o momento do Coritiba, que é o próximo desafio do Vasco no Campeonato Brasileiro. O adversário está em má fase e é o 19ª colocado na competição. No entanto, o Cruz-Maltino deve manter a estratégia.

– O fato de ser um jogo em casa ou fora de casa. Não condiciona a nossa estratégia. o que mais tem a influência é como o adversário joga. Muitas vezes é possível fazer com maior possibilidade, outras vezes menos. O Coritiba é complicado de se fazer uma avaliação concreta. A ideia do Vasco sempre é assumir o jogo quando entendemos que isso é possível. A ideia é que contra o Coritiba é que a gente faça a mesma coisa. Mas depende do que eles vão apresentar – avaliou o técnico. E completou:

– É um campeonato muito equilibrado. Apesar deles não virem de um bom momento, é uma equipe que procura se defender bastante. Tem se fechado bastante. Tem um jogador como o Alef Manga, que busca os contra-ataques. É um desafio que a gente tem. Fora de casa, onde eles têm o apoio da torcida.

Mais respostas de Maurício Barbieri

Fluminense

– Em relação ao primeiro ponto do Fluminense, claro que a gente queria ter tido a capacidade de ter ficado mais com a bola e ter ligado mais os contra-ataques. Agora, a gente jogou contra uma equipe que fez um ataca-marcando que encaixou a marcação para que a gente não conseguisse sair nos contra-ataques bem. Fez até com menos eficiência do que no primeiro tempo, porque esse é um ponto importante de se falar: no segundo tempo, o Vasco teve mais oportunidades de contra-ataque do que no primeiro.

– E muito se falou desse domínio do Fluminense é importante lembrar que o Léo Jardim fez seis intervenções no segundo tempo. Das seis, quatro foram em chutes de fora da área. O Fluminense finalizou duas vezes dentro da área do Vasco. Dessas duas, foram cruzamentos. Então esse domínio que se dá ao Fluminense não é verdadeiro. O que o Fluminense fez no segundo tempo foi abrir o Arias de um lado, o Lima do outro, fazer a bola chegar nos dois e colocar na área. Quando a maioria das equipes do Brasil fazem isso, são acusadas de fazerem chuveirinho. Agora, faltou ao Vasco conectar melhor os passes e a transição, sem dúvida nenhuma.

– É preciso entender que um dos “pais” desse futebol por aproximação, ofensivo, que é o Johan Cruijff, ele sempre diz o seguinte: “Futebol é um jogo de erros. Quem erra menos, leva vantagem”. Você entrar em uma proposta de explorar mais os contra-ataques e em transição significa que você joga com passes mais longos, o que diminui a precisão e significa que precisa jogar em uma velocidade maior, porque precisa aproveitar o tempo e o espaço que o adversário te oferece antes dele se retrair. Isso também diminui a precisão. Então jogar pertinho, acertar um passe de cinco metros é muito mais fácil do que um passe de vinte ou trinta (metros). Por isso que se acerta muito mais. O Fluminense é uma excelente equipe, não estou discutindo isso, mas o que gosta de fazer é ficar trocando passes curtos para atrair o adversário e abrir espaços.

– O Vasco não caiu nessa armadilha. Eles geraram volume, tiveram posse de bola, entraram tocando na área do Vasco? Não. Tendo em conta que estamos falando da melhor equipe da América do Sul, acho que o Vasco se defendeu bem. Mas sim, poderia atacar melhor. Gostaríamos e caminhamos para isso. Ser mais eficiente, ter mais a bola, mas é um processo. Não acontece da noite para o dia. Vamos chegar num nível muito melhor no futuro.

Jair e Alex Teixeira

– O Jair pediu para sair. O Alex é um jogador que tem agregado uma intensidade muito grande, mas não tem conseguido sustentar essa intensidade. Isso não tem a ver com falta de preparação do Alex. Tem a ver com a característica que o Vasco tem imprimido nos jogos. Por fazer um jogo muito intenso, de altíssimo nível das transições, de atacar, de defender.

Reforços

– Se eu disser a você que preciso da posição x, amanhã o Paulo vai receber 40 nomes daquela posição. E os que custavam um, vão estar sendo oferecidos por cinco. (risada). Não é inteligente da minha parte dizer isso ou não. O que eu posso dizer e a gente já manifestou isso publicamente é que sim, existem peças que vão chegar no meio da temporada.

– O clube está se mexendo. Temos um departamento de mercado, scout que está fazendo esse trabalho. E, quando isso acontecer, a ideia é que consiga elevar o nosso nível, vamos caminhar nessa direção. Enquanto não abre a janela, estou trabalhando com o elenco que tenho e procurando alternativas, variações. É ajudando-os a se desenvolverem individualmente, porque agrega valor na equipe e ao clube. Eu não vou te falar quais são as posições nem eventuais nomes. Tem situações que estamos mapeando. Tem nomes que talvez já tenha discutido, mas não vou abrir eles aqui (risada).

Carabajal e Rwan Cruz

– São jogadores que estão se adaptando à nossa maneira de jogar. Conversei com os dois e relataram uma diferença grande em relação à intensidade dos treinamentos ao que eles estavam habituados. O Carabajal disse que estava acostumado a jogo mais cadenciado antes, mas que já tinha feito jogos com bastante intensidade na Argentina. Ele falou “Vou me adaptar, preciso de um tempo”. Ele mesmo disse que era muito mais fácil você sair de uma situação de grande intensidade e depois baixar do que o contrário. Isso envolve tempo. Fez uma semana muito boa antes do jogo contra o Bahia. Não conseguiu, sabe disso e vem trabalhando.

– O Rwan é um menino que finaliza muito bem. Nos treinos sempre faz complemento de finalização, tem bastante mobilidade. É uma das coisas que tenho procurado ajustar para que ele consiga controlar um pouco mais essas movimentações. Em alguns momentos ele sai muito da zona que seria o atacante. Faz parte do processo, é um elenco em formação com jogadores em formação. Não é o caso do Gabriel (Carabajal) por conta da idade, mas está se adaptando a forma de jogar. O Rwan tem 21 anos.

Andrey Santos

– O Andrey é um jogador muito importante para nós. Apesar de ser muito jovem e estar amadurecendo, é um jogador muito inteligente para ocupar e fechar espaços. Ele está entre os dez maiores interceptadores do campeonato. Foi o jogador que mais roubos bolas a nosso favor. Além disso consegue chegar à área e fazer gol.

– Sobre a saída dele, temos buscado alternativas e possibilidades. Vamos fazer isso com maior intensidade a partir do momento que ele se apresentar à Seleção. Vamos buscar soluções internas, mas a gente já vem trabalhando isso diariamente e também fazendo substituições durante os jogos.

O Vasco é o 11º colocado do Campeonato Brasileiro, com cinco pontos. Na próxima rodada, o Cruz-Maltino vai enfrentar o Coritiba, na quinta-feira, às 19h, no Couto Pereira.

Fonte: Lance!

1 comentário
  • Responder

    Foi ótima entrevista. Deu para ver que o Barbieri é pior ainda do que eu já pensava que ele era, além de ser duas vezes mais covarde que eu imaginava. Sua mediocridade de pensamento só não é maior que sua covardia. Tem aquela mente moldada para ser treinador de times pequenos que buscam se defender acima de atacar, desarmar pura e simples ao invés de almejar o fazer para ter a posse da bola e fazer a proposição do jogo. Citar pura e simplesmente o gênio Hendrik Johannes (Johan) Cruijff, como pai do futebol de aproximação ofensiva. Denota o total desconhecimento do representou este magnífico jogador, que infelizmente não vi jogar, pois por ter traído sua esposa com prostitutas na Copa de 74, não veio na da Argentina, a primeira que acompanhei. Ainda assim, vi sua generalidade como treinador. Que pregava o domínio do jogo através da manutenção da posse da bola, movimentação ofensiva e ocupação dos espaços do campo independente da posição original de cada atleta. Mas isto numa maximização do toque de bola de primeira e da verticalização do futebol em direção do gol, no intento de fazer o máximo de gols possíveis. Romário que o diga, definido pelo genial treinador holandês como o “rei da grande área”. Aliás, o baixinho, cria de São Januário, aonde chegou ainda criança vindo do Olária. Vasco da Gama, a maior fábricas de atacantes do mundo: Ademir Menezes, Roberto Dinamite, Romário, Edmundo, Jardel, Waldir Bigode, Alan Kardec e muitos outros. É um clube aonde a citação de Cruijff faz total sentindo, mas por alguém que entenda o que está dizendo, e não apenas fazendo transcrições do que leu em algum livro ou ouviu nalguma palestra. Além do que. Se não aguenta a pressão saia. Isso aí, aonde você está, é Vasco. Não é time da linguiça não. Mesmo que turbinado com os euros austríacos do energético do touro vermelho, a pressão no chamado massa bruta é zero. No Gigante meu caro, você ainda não viu nada. Se quer irá conseguir respirar o ar do Rio de Janeiro, se nos empurrar para a lanterna. Pede pra sair, vai! Como diria o personagem do capitão Nascimento, pede pra sair! Você como ex-mulambo, jamais será Cruzmaltino! Jamais!

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