Atuação em empate indica que Vasco precisa de ajustes e reforços de velocidade

O primeiro teste de Fábio Carille contra um time um pouco mais organizado mostrou que o trabalho será longo para ajustar o Vasco de olho nos maiores desafios da temporada. Em Cariacica, a equipe apresentou dificuldades para implementar suas ideias contra o Volta Redonda e ficou no empate com o atual líder do Carioca, que disputará a Série B do Brasileiro este ano.

Como em muitos momentos desde agosto de 2023, o destino do Vasco na partida passou pela presença de Vegetti. O time perderia a invencibilidade na competição, mas o argentino marcou o gol do empate – seu segundo na partida – aos 48 minutos da etapa final. Pilar do time desde sua chegada, o centroavante chegou ao seu quinto gol em quatro jogos no ano e se isolou na artilharia do Carioca.

Início ruim e Coutinho apagado

Diferentemente dos jogos anteriores de Carille, o Vasco teve dificuldades desde o início da partida e não conseguiu impor seu jogo a partir da posse de bola. Nas outras duas partidas com os titulares em 2025, contra Madureira e Portuguesa, o time impôs uma intensa dinâmica de toque de bola no meio-campo e dominou o confronto nos primeiros minutos. Contra o Voltaço, porém, o primeiro tempo teve apenas quatro finalizações vascaínas e muitos erros de passe.

A equipe sofreu, principalmente, com o fraco desempenho de Coutinho, que não repetiu em Cariacica as boas atuações dos jogos anteriores. O time abusou dos erros de passe e mostrou lentidão na construção de jogo nos primeiros 45 minutos.

Com Coutinho apagado, a bola pouco chegou para Vegetti em condições de finalizar no primeiro tempo. Assim, coube aos volantes o papel de encontrar as melhores chances da primeira etapa. A principal saiu em cabeçada de Jair, aos 19 minutos, após cobrança de escanteio, mas Jean Drosny fez excelente defesa. Depois, Tchê Tchê teve duas finalizações com algum perigo.

Falhas da zaga, e gol de Vegetti no fim

A volta do intervalo não fez bem para a dupla de zaga vascaína, que havia feito um primeiro tempo com bastante segurança. E as falhas custaram caro para o Vasco. A primeira aconteceu logo aos oito minutos, após João Victor tentar tirar a bola de Robinho na área e fazer gol contra para abrir o placar para o Volta Redonda.

O Vasco até respondeu ao baque rapidamente. Dois minutos após o gol do adversário, Jair sofreu pênalti bobo de Cayo Tenório. Vegetti cobrou com segurança para se isolar na artilharia do Carioca e empatar o jogo para o time de São Januário.

No entanto, outra falha da zaga voltou a deixar o Volta Redonda em vantagem, aos 18 minutos. Desta vez, depois de um duplo bote errado de Jair e João Victor na intermediária ofensiva, Oliveira se atrapalhou e não conseguiu cortar bola fácil. Bruno Santos avançou cara a cara e finalizou por cobertura.

Carille promoveu duas mudanças aos 22 minutos: Payet e Hugo Moura entraram nos lugares de Paulinho e Alex Teixeira. Surgiu a expectativa: como o time atuaria com Coutinho e Payet juntos? Na primeira oportunidade dos dois em campo em 2025, o resultado foi decepcionante. Eles pouco produziram, e o Volta Redonda ficou com o controle do jogo na reta final.

A derrota, que já parecia sacramentada, foi evitada nos acréscimos. Depois de cruzamento ruim de Hugo Moura, a bola ficou com Sanchez sozinho na área, e o lateral do Volta Redonda botou para escanteio. Era a oportunidade esperada para a aparição da parceria de longa data entre Lucas Piton e Vegetti. Aos 48 minutos, o lateral cobrou o escanteio na cabeça do argentino, que finalizou no canto e decretou o empate.

Lentidão e urgência por reforços de velocidade

Com o meio-campo bastante preenchido, Carille vem buscando neste início de trabalho manter a posse de bola para potencializar as características dos jogadores do elenco. Os erros nas construções no campo ofensivo, porém, se acumularam contra o Volta Redonda, e o time não conseguiu ter o domínio do jogo no primeiro desafio contra um time um pouco mais competitivo.

A lentidão se fez presente nas transições de jogo do Vasco durante todo o jogo. Sem a individualidade de Coutinho, que fez uma de suas piores exibições desde seu retorno ao clube, a equipe se tornou mais previsível. O meio-campo no geral caiu de produção, especialmente Paulinho e Tchê Tchê, já que Jair fez boa partida.

Faltam jogadores de velocidade no elenco. E a única válvula de escape com maior aceleração se torna Paulo Henrique pela direita, que esbarra muitas vezes em erros técnicos ou de tomada de decisão.

A busca por um novo atacante capaz de atacar o espaço e implementar maior velocidade e profundidade ao Vasco torna-se urgente. O clube tem negociações avançadas com Bruma, atacante português do Braga, que chegaria para suprir essa carência e dar novo fôlego ao time pelo lado esquerdo.

Na coletiva, Carille comentou brevemente o assunto, mas indicou justamente que o time necessita de jogadores com essas características.

– Sobre negociação, não me meto nesse negócio aí. Mas (Bruma) é um jogador qualificado, de uma característica que nós não temos no grupo, Mas como estão as negociações, quanto ele vai ganhar, vai deixar de ganhar, isso eu não sei, não quero saber. Que chegue jogador com qualidade que nem ele para nos ajudar.

Enquanto o Vasco não resolve no mercado uma nova companhia para Vegetti no setor ofensivo, o argentino segue somando seus gols e mostrando a importância que terá para o esquema de Carille em 2025. Mas a chegada de reforços de velocidade para o ataque será fundamental para dar equilíbrio ao elenco e tornar a equipe mais competitiva contra adversários ainda mais organizados. Na quarta-feira, o time fará seu primeiro clássico no ano, contra o Fluminense, em Brasília.

Fonte: Globo Esporte