Análise de Milly Lacombe sobre a goleada do Vasco contra o Santos
Para a comentarista, o Vasco da Gama comandado por Fernando Diniz deu um baile tático no Santos diante dos santista no Morumbis.

Foi um baile tático. O time de Fernando Diniz massacrou o Santos sob o testemunho de Neymar, que se destacou pelas reclamações, pelo descontrole e por nada mais. Ainda no primeiro tempo, Neymar forçou um cartãozinho amarelo, o terceiro. Por quê? Talvez porque o próximo jogo seja em Salvador e ele esteja cansado de disputar tantas partidas seguidas, coisa que não faz desde 2022. Quem foi ao Morumbi ver Neymar viu Philippe Coutinho.
Vasco arrasador. Taticamente se impôs e só não foi para o intervalo goleando porque perdeu muitos gols. Jogo virou com 0 x 1. O meio de campo era todo vascaíno, com Coutinho distribuindo bolas como bem entendia. As laterais eram também cruzmaltinas. Piton e PH subiam como queriam. Enquanto Neymar reclamava, o Vasco criava.
O Santos teve dez minutos de domínio – os primeiros dez. E depois foi engolido de forma magnífica. A torcida do Vasco pode se orgulhar do que o time fez em campo nesse domingo. Futebol solto e ofensivo, cheio de toque de bola e de chances de gol. Um Vasco sem Vegetti, seu ponto de referência no ataque, e com o volante Hugo Moura jogando na zaga – eu amo o Dinizismo – que recebeu um cartão amarelo com 30 segundos de jogo por falta violenta em Tiquinho Soares. Parecia que ia dar ruim. Mas deu muito bom para Diniz e seu elenco.
Neymar, vendo a goleada ser construída, fazia cara de “que horror, eu não tenho nada a ver com isso”. Mas tem. Tem muito a ver com isso. Outra vez, não jogou nada. Assim como a comissão técnica de Tite, atônita no banco, também é protagonista nesse constrangimento. O estádio chamou Cleber Xavier de burro com força quando o time ainda perdia por um a zero. Poupou o filhão de Tite, igualmente responsável pelo malogro. Escrevo antes de saber se Titinho e Xavier se segurarão no cargo – dificilmente ficarão diante do vexame. Aí precisa ver quem a Neymar S/A toparia como liderança técnica.
A torcida do Santos, que lotou o Morumbi, foi deixando o campo depois do quarto gol. O jogo estava no 15º minuto do segundo tempo. Quem se mandou perdeu o quinto gol, um golaço de Coutinho, e o sexto, de Tchê Tchê. Isso tudo com 25 minutos. Nesse momento, a torcida organizada deu as costas para o campo. Um protesto de forte simbologia. Neymar saiu aos prantos. Uma imagem que não representa a de um adulto, mas a de uma criança que joga por si.
O craque recusou a mão dos colegas ao final do jogo, mas aceitou o abraço de Diniz e nessa hora desabou. Não era momento de chorar, seria momento de se comportar como uma pessoa madura, ficar de pé, se dirigir à torcida, assumir a bronca e mostrar um caminho. Mas parece que, outra vez, ele vai tentar se separar da tragédia. Foi uma humilhação que entra para o folclore do jogo. Quem ficou na arquibancada gritou “olé”. Justo. Justíssimo. Foi um tremendo e sólido “olé”. Um olé para a história.
Fonte: Uol