Análise da atuação do Vasco contra o Fluminense
O Vasco da Gama não conseguiu evolução com novo esquema, erra demais, mais pressiona até conseguir empate contra o Fluminense.
Depois de três derrotas consecutivas e atuações sofríveis, Ricardo Sá Pinto resolveu abrir mão dos três zagueiros e voltou ao 4-2-3-1, sistema adotado em seus três primeiros jogos à frente do Vasco. Não deu certo. No abafa, sua equipe conseguiu empate por 1 a 1 com o Fluminense, conquistado nos acréscimos com Cano – sempre ele -, mas esteve longe de jogar bem.
Embora o Vasco tenha feito um primeiro tempo capaz de desesperar seu torcedor, o português não concordou e atribuiu a desvantagem momentânea à eficiência do rival. Foi além: lamentou o resultado, mas afirmou que seus comandados mereciam vencer.
– Não é justo responsabilizá-lo (Cano) por esse dado (a responsabilidade pelos gols), outros jogadores têm que participar no processo ofensivo e melhorar no capítulo da finalização. Hoje ficou claro: se tivéssemos sido tão eficientes quanto o adversário, sairíamos com a vitória, que era o que merecíamos. Tivemos mais arremates, mais oportunidades. Temos que melhorar na finalização, temos que ser mais eficazes – insistiu Sá Pinto.
A frieza dos números sustenta o argumento do treinador, afinal foram 20 finalizações do Vasco contra apenas nove do Fluminense. Mas o jogo não traduziu essa superioridade vascaína vista pelo comandante.
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Vasco começa na pressão, mas depois é envolvido
O Vasco deu impressão de que iria para cima. Em três minutos, Benítez já havia finalizado duas vezes, e o time se lançava ao ataque. Porém, após sucessão de erros, veio o gol tricolor com apenas nove minutos jogados. Gustavo Torres tentou drible da vaca em Michel Araújo e, na sequência, Egídio, Wellington Silva e Igor Julião tocaram na bola em diferentes momentos, porém em todos com uma coincidência. Sempre recebiam livres, diante de uma marcação frouxa.
Wellington Silva acabou botando na rede após Leandro Castan afastar errado e entregar no pé do rival. Liderança nas palavras e com a bola nos pés, o zagueiro vive seu pior momento na Colina. Ainda no primeiro tempo, cedeu escanteio de forma inexplicável por falha de comunicação. A bola foi levantada na área, e Michel Araújo por pouco não fez o segundo.
Duas situações no primeiro tempo refletiram bem a passividade vascaína. Aos 20 minutos, o Fluminense tinha 72% de posse de bola. Aos 24, Vinícius chutou uma bola em cima das pernas de Cano numa clara demonstração de afobação do time.
No fim da etapa, Neto Borges, que teve mais uma atuação ruim, fez uma bela jogada individual, livrando-se de Nenê, Hudson e Julião. Parou no goleiro Marcos Felipe. O gol, porém, seria injusto para um Vasco que, embora já estivesse à frente do adversário em finalizações, ia para o intervalo com uma péssima atuação.
Talles anima o time, e empate sai após queda tricolor
Após primeiro tempo sofrível, Ricardo Sá Pinto mais uma vez demorou a mexer na equipe. E, em nova prova do momento ruim do Vasco, nem conseguiu fazer uma substituição dupla aos 12 minutos. Na oportunidade, foi obrigado a tirar Neto Borges, que queixou-se de dores. Queria também colocar Talles Magno no mesmo momento, porém, de acordo com explicação do próprio após o jogo, o quarto árbitro não o permitiu fazê-la.
Ainda de acordo com Sá Pinto, tal decisão da arbitragem o prejudicou no planejamento de mexidas, já que poderia parar o jogo somente mais duas vezes após trocar Neto por Henrique. No final do jogo, Vinícius se queixava de cansaço e pedia a substituição, mas o português pediu para o garoto esperar. Na coletiva, explicou que o ponta “deu um feedback de que ainda tinha condições”.
Colocou Talles e Carlinhos aos 16 minutos, ganhando imposição física e maior posse de bola com a dupla. Àquela altura a atuação do Vasco ainda era muito ruim, mas uma bola na trave da joia vascaína, aos 21, acendeu o time.
A sutil evolução do Vasco coincidiu com queda vertiginosa do Fluminense. O Tricolor passou a exclusivamente se defender e chamou o rival para o seu campo defensivo. As oportunidades foram saindo. Aos 40, Talles perdeu chance clara após ótimo passe de Léo Matos. Dois minutos depois, Cano recebeu cruzamento de Carlinhos e cabeceou com perigo.
A vitória tricolor estava desenhada. Germán Cano já havia finalizado três vezes e nada… Até que aos 46 minutos, num lance de muita sorte e com assinatura argentina, o centroavante que mantém o Vasco vivo em 2020 limpou a barra de Ricardo Sá Pinto e seus comandados. Léo Gil levantou bola em direção ao gol, Cano tentou completar com a esquerda, mas a bola sobrou para a direita. Ele só teve o trabalho de empurrar. Um prêmio à melhor contratação do Vasco nos últimos anos.
O gol de Cano evitou uma vitória tricolor que, àquela altura, seria injusta. Não em função de uma grande atuação vascaína, mas sim pela renúncia do Fluminense à bola no segundo tempo.
Aliás, se Cano e Léo Gil salvaram a Cruz de Malta, Benítez, o outro argentino do Vasco, não teve um dia inspirado. Embora tenha tentado o tempo todo, errou muito nos passes e na tomada de decisões.
Fonte: Globo Esporte