Análise da atuação do Vasco contra o Defensa y Justicia
A equipe do Vasco da Gama errou bastante, desperdiçou muitos chances de gols e acabou eliminado da Sul-Americana em casa.
O Vasco que foi eliminado para o Defensa y Justicia na Sul-Americana não é só um time que perde chances com Ribamar e Gustavo Torres e enlouquece a torcida longe dos estádios. É um clube que da constante ebulição política se encontra desta vez num cenário quase inédito: a poucos dias do fim da gestão Alexandre Campello ninguém sabe quem vai tomar as decisões no clube.
Há dez contratos por se encerrar. Entre eles, o do próprio Ribamar, que foi alvo de protesto da torcida nesta melancólica noite de quinta-feira em São Januário, mas também de jogador importante, o argentino Benítez. Sem Cano, com Covid-19, foi a dupla a protagonista das primeiras chances do time na primeira etapa contra o time argentino. A derrota de 1 a 0 eliminou o Vasco nas oitavas de final.
Por falar em Benítez, o plano de Campello de comprar o argentino – um investimento alto nas condições atuais do clube – parece que não passou de desejo de candidato à reeleição dias antes de ir às urnas. Campello amargou a quarta colocação entre cinco candidatos e de lá para cá o assunto esfriou. No outro pleito, ele nem disputou.
Terminam vínculo com o Vasco também no final de dezembro Felippe Bastos, reserva da equipe, Marcelo Alves, titular nas últimas partidas, Ygor Catatau, que chegou a aparecer no início do Brasileiro, entre outros menos votados. O zagueiro Breno e o lateral Ramon, por exemplo, são raros casos de definição: o Vasco não vai renovar seus vínculos que terminam dia 31 de dezembro.
Problemas sem fim
Até mesmo para negociar extensão contratual até o fim de fevereiro, que é até onde vai a Série A, há problemas à vista. Problemas financeiros. E não é para arcar com os cerca de R$ 20 milhões por Benítez. Mas para pagar salários e resolver questões pendentes.
A contratação de Ricardo Sá Pinto era uma aposta num nome que chegaria com boa aceitação da torcida, depois da demissão de Ramon, às vésperas da primeira eleição. Depois de 11 partidas, o português estacionou no sistema de jogo com três zagueiros e a produção ofensiva não avançou e ainda esbarra na disposição tática da equipe. Quase sempre com menor posse de bola em campo.
Se é verdade que o time finalizou mais do que o adversário nessa quinta à noite, ele criou em cima de constantes erros de saída de bola dos argentinos. Foi assim por duas vezes com Benítez para Ribamar e também de Neto Borges para Gustavo Torres. O time de Hernan Crespo cedeu chances até mesmo quando Yago Pikachu se enrolou com a bola em tentativa de arrancada no fim da partida.
Candidatos prometem alternativas
Campello se apressou em expor que houve cobrança no vestiário – foi o que disse Alexandre Grasseli depois da goleada sofrida para o Ceará -, mas tem poucas opções de mudanças em fim de mandato. Mantém o português ou vai mudar de novo? Há tempo para nova arrumação de time? Vai renovar contratos? Que alternativas ainda é possível buscar no próprio elenco que venceu apenas duas partidas nas últimas 19? Apenas o Caracas, pela Sul-Americana, e o Sport, pelo Brasileiro.
Enquanto isso, Luis Roberto Leven Siano passou as últimas semanas, depois de se autoproclamar presidente vascaíno, com mensagens nas redes sociais. Chegou a colocar imagem de uma mão para salvar outra – numa clara alusão ao salvamento do Vasco. Nos últimos dias se queixou da indefinição que afugentaria investidores. O outro candidato, Jorge Salgado, com quem Campello mantém boa relação, aguarda a Justiça e diz que segue reuniões para soluções vascaínas.
No próximo dia 17 de dezembro, desembargadores analisam no Tribunal de Justiça, em colegiado, todo o imbróglio da eleição vascaína. O próximo presidente – se houver definições, enfim, – deve assumir dia 20 de janeiro. Até lá, são sete rodadas do Brasileiro, suficientes para definir os rumos da nau vascaína.
Fonte: Globo Esporte