Alexandre Mattos revela conversa com Dinamite onde previu que trabalharia no Vasco

Novo diretor executivo de futebol do Vasco da Gama, Alexandre Mattos contou sobre o dia em que conheceu Roberto Dinamite.

Alexandro Mattos, executivo de futebol do Vasco
Alexandro Mattos, executivo de futebol do Vasco (Foto: José Tramontin/ Athletico)

Depois de quase um mês de trabalho, o novo diretor-executivo do Vasco, Alexandre Mattos, foi apresentado oficialmente pelo clube, nesta segunda-feira. O dirigente foi anunciado em 11 de dezembro e foi responsável pelas mais recentes contratações do cruz-maltino.

Em entrevista coletiva, ele se disse honrado em trabalho num clube do tamanho do Vasco e relembrou uma conversa com o então presidente Roberto Dinamite, falecido exatamente há um ano.

— É uma honra enorme estar aqui , um clube gigantesco, um desafio do tamanho do clube e muito prazeroso. Chego num momento de muita maturidade, em que me preparei muito — disse, acrescentando. — Quero mandar um sentimento, um beijo no coração de todos os vascaínos, especialmente a família do Roberto Dinamite. Conheci ele, educado, demonstrou por que é um ídolo do Vasco, brasileiro e nacional. Faz muita falta, uma pessoa espetacular. Disse a ele em 2013, “presidente, quem sabe um dia eu posso estar aí”. Fica meu abraço e respeito.

Mattos prometeu um Vasco competitivo, que segue um projeto sólido junto à SAF de médio a longo prazo. Por isso, ele pediu compreensão da torcida em relação a voos mais altos.

— Um Vasco sólido, cada vez mais competitivo, com responsabilidade e gestão financeira. É isso que a gente vai buscar. Sobre o projeto, não tenho dúvida, por isso aceitei. É um projeto de médio a longo prazo, o torcedor precisa entender isso. Temos um caminho a ser pavimentado, mas não tenho dúvidas que é um caminho sem fim. O torcedor tem que saber que o caminho ainda é de pavimentar estrada, um plano muito bem feito. Não vai ser da noite para o dia. Temos um chão, uma estrada a cumprir. Paralelamente ao futebol, o Vasco vem crescendo em estrutura. Precisamos melhorar bastante categorias de base — afirmou.

Confira a entrevista

Contratações e grande jogadores

Satisfeito nunca vamos estar. Nem ganhando eu cheguei a estar satisfeito. Temos sempre que buscar mais e melhor. Os grandes erros que cometi foram nos momentos de acomodação. A escolha pelo Vasco foi pela camisa, tradição, tamanho, o desejo de participar de um projeto que tem tudo pra crescer, conquistar protagonismo.

Sobre atletas, em quase 20 anos já aprendi que contratação temos que esperar dar certo, acontecer. Já contratei grandes jogadores que não vingaram e outros questionados que viraram os caras do projeto.

Dentro da sua responsabilidade financeira, o Vasco vai buscar atletas que queiram vir. Não adianta sair fora da responsabilidade, porque a conta chega. O Vasco não vai fazer isso. O futebol hoje está muito caro, um crescimento de valores assustador para todos os clubes.

O Vasco vai equacionar dívidas, crescendo em investimentos, buscando patrocinadores. Todo atleta que vier tem uma avaliação positiva e o tempo vai dizer.

Quando o elenco pode ficar pronto

Nosso ambiente não está só ligado em contratações. Temos tanto a evoluir e a contratação, no fim, é uma consequência de um monte de fatores.

O perfil de contratações é de acordo com seu plano. E o plano é de médio a longo prazo. Essa disputa técnica (entre os que chegarem) não cabe a mim, vai definir os papéis. Todos que vêm, vêm por algum motivo. Temos uma avaliação minuciosa dentro do Vasco. Scout daqui, do grupo, a comissão técnica, aprovações. Passa por muitas mãos para entender que pode ser um atleta importante pro projeto. O torcedor pode ter ciência que a contratação é um fim. Nossa preocupação é muito além, é fazer um processo duradouro. O Vasco vai chegar, e quando chegar todo mundo vai entender por que. E não é chegar dois anos, é chegar com protagonismo.

Contato com a 777

Para ser muito claro, eu não fui aos Estados Unidos encontrar a 777. As pouquíssimas coisas que a pandemia mostrou é que hoje falamos o dia inteiro com Zoom, Teams. Antes de pensar em Vasco, já tinha compromissos pessoais lá.

Logo que sair daqui, tenho reunião. Agradeço inclusive ao Johannes Spors e ao Don Drasfield (diretores da 777).

Tenho muito respeito pelo Paulo Bracks. Liguei para ele e só falou coisas boas do Vasco, a vontade em melhorar em tudo. Só me deu mais vontade de vir. Não cabe a mim o que era lá atrás. Olhando para a frente, converso diariamente, contato todos os dias, a relação natural de uma empresa. A empresa tem o seu processo. Na hora que você contrata o João Victor por 6 milhões de euros, alguém é responsável. Os processos ajudam a minimizar os erros. O sim ou não, o dono tem que dar. Posso até discordar, mas assim que tem que ser.

Impactos dos trâmites na 777

O Vasco SAF tem um dono, direitos, deveres e obrigação. Tem várias maneiras de enxergar o processo. Me preparei nesse sentido. O processo não pode ser burocrata, tem que minimizar erros e otimizar as tomadas de decisão. Se em algum momento tiver dificuldade, vamos atuar de maneira diferente. O principal é o plano.

Já cheguei em clube que perguntou se podia ganhar o Brasileiro em dois anos. Falei “da, mas temos que radicalizar”.

Sei que o torcedor está machucado, quer soluções para ontem. Mas o para ontem pode machucar, foi o que levou a anos de complicação, altos e baixos. A médio e longo prazo, vamos seguir nosso rumo.

Sobre jogadores que podem vir e sair, quando tiver algo concreto e anunciado, nossa assessoria vai passar para vocês.

Sobre elenco e permanência de Gabriel Pec

Todo início de projeto é difícil, a tendência é que com o tempo as coisas vão se ajustando. Estou me adaptando ao Vasco, aos processos. Não adianta ficar… (lamentando). O que vai ser feito será feito.

Não citei nome de jogadores. Se algum jogador sair, vai ser porque é bom pro Vasco. Se acontecer, é uma situação natural que tem que ser de ambos os lados. Para trabalhar aqui, tem que ser um desejo enorme, doar a vida, o suor e determinação. Sem citar nomes, não é o caso especifico agora. Sobre o Pec, nós deixamos claro com o procurador dele. Não é a primeira proposta, já vieram outras. A postura que eu tenho é que conto muito com ele. Além do desejo meu, tem o do Vasco, clube e atleta. É isso que estamos debatendo. Já recusamos uma proposta há dez dias atrás.

Títulos? Qual é a realidade do Vasco?

Título vem com projeto sério, de médio a longo prazo. Título que vem por acaso, pode ter certeza que a consequência é do tamanho ou pior que a alegria. O Vasco vai conquistar e saber por que conquista. O planejamento é entrar, fazer o melhor possível e ganhar. Esse é o Vasco.

Nós temos condições e vamos fazer o melhor para isso. Nunca podemos prometer título. Uma vez prometemos, eu e o Cuca, e ganhamos graças a Deus. Uma insanidade.

O tempo e a maturidade levam a entender a uma série de coisas que aproximam do título. Se eu não for protagonista, a chance de título é acaso.

Pagamento em dia, fundamental para projeto sério. Desejo de evolução nas questões de estrutura e tecnologia, buscar profissionais, ser competitivos no mercado. Se pensa muito nos 270 milhões (do próximo aporte). Mas não é só pra contratar jogador. Pagar folha, melhorar estrutura, uma série de coisas. Cada tomada de decisão responsável, inciativa de querer melhor e mais vai levar o Vasco a ter investimentos, receitas. A promessa é de um Vasco forte, e é isso que vamos buscar. Minha essência é de uma equipe forte e competitiva, se eu não acreditasse nisso não estava aqui.

Orellano e mais contratações como João Victor

Essas questões quando estiverem resolvidas, vamos passar. Futebol muda toda hora. Tive casos de jogadores que iam embora, tinham lesão e viravam protagonistas. Vamos dar tempo ao tempo, as coisas está sendo feitas. O Vasco acima de tudo tem que ter responsabilidade e parte dos seus ativos, dos atletas. Tudo dentro do plano, da responsabilidade.

30 dias de Vasco

Trinta dias muito intensos. Chegadas, saídas, contratações de profissionais. No elenco, algumas confirmações de permanências, saídas. Há já algumas contratações, chegadas, tudo de acordo com o planejamento. Tivemos uma base base formada.

O torcedor do Vasco é diferente, é duro jogar aqui. Viemos jogar com o Athletico, dei graças a deus que estava sem torcida, ganhamos até num jogo mentiroso. O que temos hoje, temos que melhorar em 2025. E assim, vai, na sequência.

Sobre processos

Eu sempre trabalhei diferente do que pensam. Foca-se em contratações e não se analisa a realidade. Quando cheguei no Palmeiras, tinha muita dificuldades de estrutura, base, receitas. Com o tempo, as coisas foram acontecendo. A Crefisa chegou dois meses depois da minha chegada. No Cruzeiro, quase caímos em 2011. Fizemos um time de jogadores que naquele momento eram pouco conhecidos, muito criticados. Everton Ribeiro, Goulart. E aí viraram bicampeões brasileiros. Meu histórico é o do Vasco, ter muita criatividade, trabalhar com o orçamento. O que difere é o plano.

O plano é arrumar bem a casa. Base, estrutura, profissionais, tecnologia. E ao mesmo tempo fazer um futebol competitivo.

É necessário vender o Pec?

Eu lembro da negociação do Dedé, que não queria sair do Vasco. O convencimento partiu da necessidade de pagar salários naquele momento. Sempre vai haver necessidade de vendas. Se o Vasco não tivesse necessidade de equacionar dívidas. Se não tivesse que evoluir. Os recursos são necessários para os desejos. Os clubes com grandes recursos também vendem jogadores. As vendas vão acontecer, como em todo clube do mundo. O que cabe a nós é o mais rápido possível ter um substituto ou substitutos para aquela perda. E saber usar o dinheiro em contratações e melhorias.

A necessidade ou desejo partem disso. É o que vai acontecer, seja com Pec ou com outros atletas.

Orellano quer ser negociado?

Não vou individualizar. Quando o diretor falar, é o diretor falando. E, às vezes, muda a conversa. O que eu posso dizer é que o Vasco vai sempre priorizar o Vasco. Nenhuma individualidade vai ser maior que o clube. Todo mundo tem o direito de querer, mas tem a instituição.

Orçamento

Sobre orçamento, temos pessoas melhores para dizer, como o Lúcio Barbosa (CEO). É um dos grandes responsáveis por eu estar aqui. Temos a nossa CFO, a Kátia, que também é um espetáculo de profissional. O que eu posso dizer é que só vou trabalhar com o que tenho em mãos.

Credibilidade é tudo e isso passa pelas pessoas. Tenho a minha e o relacionamento. É claro que vou trabalhar sempre para que tudo seja combinado seja cumprido. A credibilidade do Vasco vem crescendo muito, senão eu não estaria aqui. Atrasos podem acontecer, aqui ou em outros clubes. Acabamos de fazer o maior negócio da América do Sul e teve um atraso.

Pré-temporada

O Vasco pode e vai trabalhar para ser campeão em todos os campeonatos. Se eu não acreditasse nisso, não estaria aqui hoje. Sempre vamos entrar buscando coisas grandes. O que temos que fazer é estar bem fundamentados.

Sei que o torcedor está ansioso, o torcedor quer para ontem. E isso vai acontecer, fundamentado em ideias, planos.

O carioca é importante, quando ganha é obrigação, quando perde é um tsunami. Qualquer campeonato vamos fazer o nosso melhor.

Ramón Díaz

Fácil demais falar nele. Para mim é uma honra trabalhar com ele. Talvez olhando de fora tenham uma impressão dele… (ele) e o Emiliano são fantásticos. Super engajados, não a toa aceitou a renovação por dois anos. Tomara Deus que fiquem por muito tempo. Devem estar vendo minha coletiva aqui e falando “médio a longo prazo nada” (risos). Está muito engajado, muito feliz, querendo ver o Vasco no topo. Trabalho fantástico, conseguiram tirar o Vasco daquela situação. Um grande homem, profissional, vitorioso, tenho essa preocupação de trazer gente vitoriosa para cá. Atencioso, engajado, ideias ótimas, entendendo o momento. Falei muito com o Emiliano esses dias. A participação deles é fundamental, precisam querer o jogador.

Fonte: O Globo

1 comentário
  • Responder

    Todo incompetente em final de carreira vem trabalhar no Vasco, virou casa da Mãe Joana.

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