100 anos: saiba o contexto e o que é a Resposta Histórica do Vasco

A Resposta Histórica do Vasco da Gama aconteceu logo após a conquista do Carioca 1924 e completará 100 anos no domingo (7).

Vasco publica sobre os 98 anos da Resposta Histórica
Vasco publica sobre os 98 anos da Resposta Histórica

A Resposta Histórica do Vasco da Gama completará 100 anos no domingo (7). O marco aconteceu após a conquista do Campeonato Carioca de 1924, quando o Cruzmaltino se posicionou contra a discriminação racial e social que afetava o esporte na época.

Tudo começou em 1907, quando o Vasco enfrentou uma certa perseguição com os seus atletas do remo. Na ocasião, a Federação Brasileira das Sociedades do Remo colocou regras mais rígidas para as inscrições de atletas. Por exemplo, quem exercesse profissão que estava abaixo do nível social ou moral. Assim, três anos depois, o Gigante da Colina se posicionou contra a Federação.

Vasco se posiciona contra preconceito no remo

Em 1915, o Cruzmaltino aderiu ao futebol e sua equipe era formada por jogadores que vieram de clubes menores ou do subúrbio. Assim, em 1923, o Vasco conquistou pela primeira vez o Campeonato Carioca. Depois do título, a Liga Metropolitana, que não aceitava atletas analfabetos, pediu a cassação de jogadores do Clube.

Já em março de 1924, os times rivais do Vasco decidiram romper com a Liga Metropolitana e aderirem a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA). Então, para fazer parte da Associação, o Gigante da Colina teria que excluir 12 jogadores, negros e de camadas mais populares da sociedade.

Jogadores analfabetos são perseguidos

Então, diante disso, nasceu a Resposta Histórica do Vasco da Gama, que em resumo é uma carta redigida pelo mandatário do Clube na época. Assim, o presidente informou à AMEA que com essas condições, o Gigante da Colina não participaria da liga.

Resposta Histórica

“Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924.
Officio No 261
Exmo. Snr. Dr. Arnaldo Guinle,
D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.

As resoluções divulgadas hoje pela Imprensa, tomadas em reunião de hontem pelos altos poderes da Associação a que V. Exa. tão dignamente preside, collocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada, nem pelas defficiencias do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa séde, nem pela condição modesta de grande numero dos nossos associados.

Os previlegios concedidos aos cinco clubs fundadores da A.M.E.A., e a forma porque será exercido o direito de discussão a voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.

Quanto á condição de eliminarmos doze dos nossos jogadores das nossas equipes, resolveu por unanimidade a Directoria do C.R. Vasco da Gama não a dever acceitar, por não se conformar com o processo porque foi feita a investigação das posições sociaes desses nossos consocios, investigação levada a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.

Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um acto pouco digno da nossa parte, sacrificar ao desejo de fazer parte da A.M.E.A., alguns dos que luctaram para que tivessemos entre outras victorias, a do Campeonato de Foot-Ball da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.

São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias.

Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da A.M.E.A.

Queira V. Exa. acceitar os protestos da maior consideração estima de quem tem a honra de subscrever.

De V. Exa. Atto Vnr., Obrigado.
(a) José Augusto Prestes
Presidente”
.

Carta Resposta Histórica 1924 (Foto: Centro de Memórias/ Vasco)
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