Confira os bastidores da saída de Ramon Menezes do Vasco

O Vasco da Gama demitiu o treinador Ramon Menezes após derrota para o Bahia e causou revolta nos jogadores.

Ramon Menezes orientando jogadores do Vasco contra o Bahia
Ramon Menezes orientando jogadores do Vasco contra o Bahia (Foto: AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO)

A sequência ruim de Ramon Menezes recentemente já havia o tirado do status de “unanimidade” para o de divisão de opiniões entre os torcedores do Vasco. Internamente no elenco, porém, seu prestígio continuava intacto mesmo sem as vitórias, fato que fez com que sua demissão, somada ao desencontro de informações, gerasse uma grande insatisfação entre os jogadores.

Após a derrota por 3 a 0 para o Bahia, em Salvador, na última quarta-feira (7), alguns atletas já tinham o prenúncio de que a saída do treinador seria algo iminente, embora mantivessem uma esperança de mudança de pensamento até a chegada ao Rio de Janeiro. A diretoria, no entanto, entendeu que os resultados recentes pesaram — principalmente contra os baianos e o Atlético-MG (4 a 1) — e decidiu pelo desligamento do técnico. Houve uma reunião na manhã de ontem (8) somente com Ramon, quando ele foi comunicado oficialmente da saída.

Auxiliares são informados por telefone

Os auxiliares de Ramon, Thiago Kosloski e Júnior Lopes, ficaram sabendo que não mais trabalhariam no Vasco através do próprio treinador, que os comunicou por telefone.

O fato curioso é que Júnior — filho do coordenador-técnico Antônio Lopes também demitido — havia sido avisado anteriormente pela diretoria de que comandaria a equipe no clássico com o Flamengo, amanhã (10), em São Januário (RJ). A informação, inclusive, foi repassada aos jogadores. No entanto, horas depois, os dirigentes desistiram da ideia e resolveram também desligá-lo, algo que irritou os atletas, que interpretaram essas idas e vindas como uma “confusão”.

Outro demitido foi o preparador físico Léo Cupertino.

Técnico do sub-20 pode comandar

Como o clássico com o Flamengo está em cima, a tendência é a de que o Vasco seja comandado amanhã pelo técnico do sub-20, Alexandre Grasseli.

Ontem, em sua categoria original, ele classificou o time para a final da Taça Guanabara ao vencer o Bangu por 4 a 3. O primeiro jogo da decisão estadual acontecerá neste domingo (11), contra o Madureira, em Conselheiro Galvão (RJ).

Ambiente ruim

Quem convive com o grupo entende que a demissão de Ramon Menezes gerou um ambiente ruim às vésperas do clássico contra o maior rival.

Para piorar, o clima tenso no desembarque, com direito a pancadaria entre torcidas organizadas, causou apreensão entre os atletas, mesmo com o grupo deixando o aeroporto por uma saída alternativa e recebendo escolta da Polícia Militar. Não houve agressões ao elenco.

Campello tem almoço animado e puxa “casaca”

A demissão de Ramon Menezes foi consumada no dia do aniversário do presidente do Vasco, Alexandre Campello. Após informar ao treinador sobre o desligamento, o dirigente teve uma agenda agitada, que começou com um almoço entre os correligionários de sua campanha à reeleição, chamada de No Rumo Certo.

Estiveram presentes o ex-candidato à presidência, Fred Lopes — que retirou sua candidatura e declarou apoio ao mandatário — e outros cartolas e conselheiros conhecidos do ambiente político vascaíno. Na ocasião, Campello recebeu o apoio do Arouca Barra Clube, tradicional clube português situado no bairro da Barra da Tijuca (zona oeste do Rio).

O presidente vascaíno posou sorridente para as fotos e puxou, com empolgação, o tradicional grito de “casaca” junto aos seus apoiadores:

À noite, Alexandre Campello participou de jantar para celebrar mais um ano de vida. A ideia é que, a partir de hoje, ele e a diretoria definam o nome a ser escolhido para substituir o treinador. Alguns já foram ventilados, mas nenhum que tenha tido uma conversa avançada.

Querido pelos jogadores

Ramon Menezes já era querido pelo grupo desde o ano passado, quando ainda exercia a função de auxiliar-técnico. Uma vez efetivado, ele aumentou seu prestígio ao dar confiança a jogadores que, até então, estavam “queimados” com a torcida, casos do lateral esquerdo Henrique e do volante Fellipe Bastos.

A dupla iniciou bem o Campeonato Brasileiro e isso deu credibilidade ao treinador internamente e também externamente.

Outra aposta de Ramon foi colocar o jovem zagueiro Ricardo Graça para atuar ao lado de Leandro Castan, algo que já vinha sendo pedido pelos torcedores há tempos. A dupla deu certo até uma parte da competição, onde chegou a ser a defesa menos vazada. Porém, assim como o restante do time, teve uma queda de produção, além de Graça sofrer algumas lesões.

Recentemente, além dos resultados em si, as críticas foram com algumas insistências do treinador, principalmente com o lateral direito Yago Pikachu e o próprio Fellipe Bastos, que não conseguiu manter o mesmo desempenho do início.

Após a derrota por 3 a 0 para o Bahia e antes de ser demitido, Ramon Menezes havia justificado as opções pela dupla.

“Se você pegar o começo do meu trabalho, todo mundo elogiava muito, principalmente, a recuperação dos atletas. Então, assim, o Yago tem uma história aqui dentro do clube, ele é o lateral que mais fez gols com a camisa do clube e eu vejo a importância do Yago, principalmente para esses jogadores mais jovens. Nosso grupo é um grupo muito jovem. E o Fellipe, ele é vice-artilheiro da equipe. Há algumas rodadas era um jogador elogiado que, também, é um jogador que nós conseguimos recuperá-lo”, disse à Vasco TV.

Adepto do diálogo

Internamente, os jogadores do Vasco elogiavam o trato de Ramon Menezes no dia a dia do clube, optando sempre pelo diálogo ao invés da postura mais enérgica e ríspida. Segundo eles, tal característica facilitava o entendimento de suas ideias táticas.

Ramon também teve muito mérito na boa fase do meia Martín Benítez. O argentino havia chegado do Independiente-ARG em baixa e vindo de uma lesão. Durante a paralisação por conta da pandemia do coronavírus, o treinador fez questão de ligar para o jogador e dizer a ele que contava com seu futebol o enxergava como uma peça importante futuramente, feito que aconteceu posteriormente.

Em 16 jogos no comando da equipe, Ramon Menezes teve oito vitórias, três empates e cinco derrotas. Nas últimas seis partidas, ele não conseguiu obter nenhuma vitória e foi eliminado da Copa do Brasil pelo rival Botafogo.

Fonte: Uol

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1 comentário
  • Responder

    Lamentável a opção do Campelo.
    Pior ainda são os “técnicos ” cotados para a Vaga.
    Dorival Júnior e Vagner Mancini tem passagens desastrasos pelo Clube e no atual momento não somam nada ao Cl7be.

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