Na luta contra o câncer, Índio planeja volta ao futebol de areia já em
Para ser considerado totalmente curado, Índio ainda terá um longo período, de dois anos, sendo medicado e constantemente monitorado.
A luta ainda não acabou, mas Índio já tem motivos para sorrir. Diagnosticado em fevereiro deste ano com leucemia promielocítica aguda, um tipo de câncer que atinge o sangue e a medula óssea, o ex-treinador da seleção brasileira de futebol de areia venceu a primeira batalha contra a doença. Os exames mais recentes deram negativo. Para ser considerado totalmente curado, Índio ainda terá um longo período, de dois anos, sendo medicado e constantemente monitorado. Mas a superação parcial de seu drama deixa a sensação de que o pior já passou.
– Farei 50 anos em agosto que vem e 1 ano de vida em julho de 2013. Em nenhum momento duvidei de que iria me recuperar. Sempre pensei positivo. Me apeguei à fé, à família também. A Lulu (Pretti, esposa) esteve comigo 24 horas por dia. Se não tiver auto-estima a doença te derruba mesmo. Recebi muitas mensagens dos amigos do futebol de areia e dos meus alunos. Ainda terei de fazer exames regularmente, não posso voltar ao trabalho de imediato, mas sempre acreditei que iria me curar. E estou conseguindo – afirma Índio.
O treinador descobriu a leucemia em plena semana de Carnaval, no Rio de Janeiro, enquanto treinava o time do Vasco da Gama para a II Copa Brasil de Clubes de Futebol de Areia. Um mal-estar o levou para o hospital na sexta-feira, dia 24 de fevereiro. Na segunda-feira, ele já estava sendo internado em Vitória. Foi um baque. Logo, Índio passaria um mês no hospital. Como reação imediata à quimioterapia, teria ainda um problema no pé direito, que inchou e o impediu de caminhar por 58 dias.
– Foi mais um problema. Mas, por um lado, acho que o pé acabou até distraindo a atenção dele sobre a doença em si. E como precisou ficar na cadeira de rodas, não conseguia se ver no espelho naquela fase em que o cabelo caiu. Por um lado, até foi “bom”. A gente tenta ver a vida sempre pelo lado positivo – diz Lulu Pretti, esposa de Índio.
Samba-enredo embala a superação
Entre as idas e vindas do hospital para casa – Índio foi liberado após um mês, mas precisou ser reinternado -, a crença de que tudo daria certo ganhou forma de oração. Mas não apenas. Foi numa música de carnaval a que Índio também se apegou. Curiosamente, no dia seguinte ao que começou a sentir os sintomas da doença, Índio iria ao desfile das campeãs do carnaval carioca. Veria, entre outras, a quinta colocada, Grande Rio. O samba-enredo, sobre superação, era um tema mais que apropriado para uma escola que havia sofrido com um incêndio em seu barracão às vésperas do carnaval de 2011. Uma canção que Índio canta como se fosse sua.
– Num certo dia, eu e Lulu nos abraçamos. E, chorando, cantamos essa música. A letra diz: “A luz que vem do céu brilhou no meu olhar. Trazendo a esperança que os anjos vêm anunciar. Lutar sem desistir, das cinzas renascer. Eu encontrei na fé a força pra vencer. A felicidade mandou avisar, é preciso superar”. A gente cantou várias outras vezes. É muito importante manter a auto-estima. Agradeço muito ao doutor André Marinatto, a todos que me apoiaram e me ajudaram a manter a confiança de que daria tudo certo, do Vasco a todos que lembraram de mim durante o Campeonato Estadual (do Espírito Santo). Tudo isso me ajudou a acreditar.
Técnico, só em novembro
O reecontro com o esporte será aos poucos. Índio ainda não está liberado para retomar suas atividades profissionais. Ele acredita que apenas em novembro voltará a trabalhar. Mas o tão esperado reencontro com a areia já aconteceu, mesmo que timidamente, tão logo soube que seus novos exames deram negativo para a leucemia, na última sexta-feira.
– Depois de quatro meses, voltei a pisar a areia. Foi uma caminhada leve, não muito longa. Não posso me esforçar como antes ainda. Mas eu sempre acreditei que isso aconteceria, que eu superaria a doença. E voltarei a ser técnico, a dar minhas aulas, com certeza. Depois de vencer algo assim, você se sente mais forte para superar os desafios da vida, da profissão. Mas não penso primeiro em título ou em voltar a comandar uma seleção brasileira. Sucesso é consequência. O mais importante é voltar a fazer o que gosto. Isso é o que eu mais quero.
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