Menino cego vira xodó e comemora: ‘o Vasco é a minha vida’
O menino Hugo foi levado até Alecsandro por Fernando Prass e "previu" o gol do atacante.
Após deixar sua marca no clássico contra o Flamengo, Alecsandro comemorou de um jeito diferente. No lugar da tradicional careta que homenageia o pai Lela, o artilheiro vascaíno, acompanhado de Diego Souza e Wiliam Barbio, levou uma mão aos olhos e esticou a outra. Depois da partida que garantiu o Vasco na decisão da Taça Guanabara, o atacante explicou o novo gesto. Trata-se de outra bonita homenagem. Desta vez, a um menino de apenas sete anos: Hugo.
– Ele falou que eu iria fazer o gol, mas tinha uma exigência, comemorar com uma mão no rosto e a outra pra frente. Então fiquei feliz por marcar num momento importante do clássico e dedicá-lo a um menino tão especial. Hugo é para você – disse Alecsandro.
Morador de Bento Ribeiro e vascaíno fanático, o pequeno é deficiente visual desde o primeiro ano de vida. Mas o problema originado de um câncer (já curado) na retina gerado ainda no útero não o impede de ir a todos os jogos do time do coração. Seja na Colina histórica ou no Engenhão, Hugo sempre entra em campo de mãos dadas com Fernando Prass e já mostrou que é pé-quente. A primeira vez que acompanhou o time coincidiu com a ascensão do Vasco, que voltou a ser campeão ao conquistar a Copa do Brasil e passou a brigar também pelo Brasileirão. Contra o Fluminense, Hugo estava lá, e Alecsandro marcou duas vezes. Nessa quarta-feira, o menino deu mais uma prova de que dá mesmo sorte para o grupo cruz-maltino. Antes de a bola rolar, ele foi levado até Alecsandro por Fernando Prass e “previu” o gol do atacante. Orgulhoso, Hugo comemorou a homenagem.
– Pedi ao Alecsandro para fazer um gol e para ele comemorar daquele jeito. Fiquei muito feliz quando soube que ele festejou assim. O Vasco é a minha vida, e os jogadores gostam de mim – celebrou.
O gesto do atacante emocionou também a família de Hugo. A mãe, Vânia, disse que o garoto dedicou o gol a todas as crianças do Instituto Benjamin Constant, onde estuda. Segundo ela, sempre que Hugo pede gol, Alecsandro balança as redes rivais.
– Ver a comemoração é muito emocionante. Os jogadores têm um carinho muito grande pelo meu filho. Hugo me disse que toda vez que ele pede gol, o Alecsandro faz. Então ele pediu uma homenagem caso ele marcasse – contou a mãe.
Responsável pelo coração cruz-maltino de Hugo, Vânia disse que a ligação dele com o Vasco se intensificou no ano passado, quando ele pediu para conhecer São Januário.
– A paixão pelo Vasco veio por mim, já que o pai é Fluminense. Quando ele completou seis anos, ano passado, pediu para conhecer São Januário e foi muito bem recebido. Conheceu tudo, até mesmo o vestiário e todos se encantaram por ele.
Sem poder ver o que acontece dentro das quatro linhas, Hugo usa o radinho para acompanhar as partidas.
– É difícil ver meu filho brincando na rua e não poder correr como os outros. O futebol é o nosso refúgio e ele é fundamental no desenvolvimento do Hugo porque estimula os outros sentidos dele. Ele aprendeu a esperar o momento de entrar no campo e também passou a conviver melhor com sons altos. Antes ele se assustava com os gritos. Hoje, se emociona no estádio e até discute com os torcedores do Vasco que falam mal dos jogadores durante as partidas. Depois que ele sai do campo, vai para a arquibancada e fica ouvindo rádio. Então ele acompanha a narração da partida e sente a vibração da torcida – disse Vânia.
E mesmo sem ter visto a homenagem de Alecsandro, Hugo já conseguiu o mais importante, sentir que já é parte da história que o Vasco começa a escrever neste Campeonato Carioca.
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