Para Daniel Freitas economia da não concentração é pequena

Daniel Freitas acredita ter conquistado o grupo do Vasco da Gama graças à franqueza no discurso.

Nos últimos 21 anos, Daniel Freitas salvou vidas, apagou fogo e encharcou-se nas enchentes de Teresópolis. O bombeiro formou-se em Educação Física, fez MBA em gestão esportiva e tornou-se diretor executivo de futebol do Vasco, onde, que ironia, reencontrou-se ontem com seu destino: apagar incêndio.

É ele o substituto de Rodrigo Caetano e, portanto, o bombeiro que tenta controlar a crise entre a diretoria e os jogadores que, agora, se recusam a ir para a concentração, como forma de reivindicar algumas pendências financeiras.

Aos 40 anos, Daniel, um tenente-coronel, deixa em casa as lições do quartel. Ontem, ao negociar com os líderes Felipe, Alecsandro e Diego Souza, precisou ser mais flexível do que nunca para aceitar suspender a concentração. Filho de uma cabeleireira e um auxiliar de enfermagem, foi criado no Rocha e mora em Campo Grande. Casado, pai de três filhos, Daniel acredita ter conquistado o grupo graças à franqueza no discurso, mas, por mais sincero que seja, guarda um segredo a sete chaves.

— Meu time de infância? Prefiro não revelar — diz, evitando um incêndio na sua imagem.

Há algum risco de o time se recusar a concentrar também para a estreia na Libertadores, em uma semana?

A gente espera que o problema esteja equacionado até lá. A gente sinalizou que a decisão dos jogadores não é a melhor forma de reivindicação. Mas a gente entendeu.

Essa medida representa alguma economia de gasto com concentração?

Não. O gasto por concentração é de R$ 6 mil. Isso não é representativo.

O que o Vasco deve?

Salário de dezembro, 13 e direito de imagem de alguns jogadores. O problema é que a gente só consegue receber a verba da Eletrobras através da justiça. E perdemos patrocinadores (Ale e BMG). Estamos buscando outras fontes, já que a verba da Eletrobras destina-se somente ao pagamento da dívida de CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Qual é o valor da folha do Vasco em CLT?

De R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões.

E em direito de imagem, esse valor sobe muito?

Sobe uns R$ 500 mil. Somente sete jogadores recebem direito de imagem. Prefiro não dizer quais são.

Seu salário também está atrasado?

Sim, como o de todos.

Você ainda é bombeiro?

Sou. Estou lotado na brigada de incêndio da Assembleia Legislativa.

Comenta-se que você é assessor parlamentar do Roberto. É verdade?

Não é verdade. Eu não o conhecia até vir trabalhar no Vasco, em agosto de 2008. Não sou lotado no gabinete do presidente e não tenho nenhum vínculo com ele. Minha situação funcional como bombeiro é legal.

Está licenciado da corporação?

Estou. É importante ter dedicação exclusiva ao clube. Ou melhor, não é uma licença. Presto assessoria na brigada de incêndio e pânico.

Como bombeiro, qual é sua lembrança marcante?

Em 1996, eu estava de folga tomando uma água de coco na Barra, quando um adolescente começou a se afogar. Mergulhei e consegui salvar o garoto. Atuei também em enchentes da região serrana, especificamente em Teresópolis.

Que tal a responsabilidade de ser bombeiro do Vasco, no lugar de Rodrigo Caetano, tão querido e disputado no mercado?

Não tenho só essa responsabilidade, mas também por estar à frente do departamento de futebol de um dos maiores clubes do Brasil.

Qual era o seu time na infância?

Prefiro não revelar.

Como está sendo sua relação com os jogadores?

Não sou um cara carismático. Sou muito sério, mas conquistei a confiança deles. Não sou sorridente… Entendo a reivindicação deles. São trabalhadores que estão sem receber salário.

De quanto o Vasco precisaria hoje para zerar essas pendências reclamadas pelos jogadores?

Uns R$ 10 milhões.

Como você vai dormir sabendo que o Diego Souza não está concentrado?

(Risos). A gente acredita no profissionalismo dos jogadores. Diego Souza vai ser papai pela segunda vez amanhã (hoje). De manhã, nasce Manoela, e ele está liberado para assistir ao parto (na Perinatal da Barra). O Diego Souza nunca nos deu trabalho. Ele se entrega em campo. O que acontece na sua vida particular não tem nenhuma interferência.

O que você, um tenente coronel, trouxe do quartel para o Vasco?

Moro em Campo Grande e, às 7h30m, estou no clube. Trago a questão do comprometimento com horários, mas são ambientes completamente diferentes. Com os jogadores, temos que negociar muitas coisas.

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