Cristóvão Borges ‘não quero virar treinador’

Cristóvão Borges se vê diante de um cenário nunca antes imaginado: entrar para a história – e no pôster.

Quando Bernardo fez o gol da vitória de 2 a 1 sobre o Fluminense, na rodada passada, no Engenhão, Cristóvão Borges se viu diante de um cenário nunca antes imaginado: entrar para a história – e no pôster – do clube como campeão brasileiro. Para isso, o time precisa derrotar o Flamengo neste domingo e torcer por um triunfo do Palmeiras sobre o líder Corinthians, no Pacaembu. Nestes sete dias que separam um clássico do outro, o treinador viu um filme passando na sua cabeça. No entanto, mesmo que saia vencedor, ele avisa que não quer repetir a trajetória de Andrade – ex-técnico do Flamengo.

Tudo começou no dia 28 de agosto. Curiosamente, Flamengo e Vasco se enfrentavam no mesmo palco da “final” deste fim de semana quando Ricardo Gomes sofreu um AVC hemorrágico. Internado às pressas, o técnico vascaíno foi submetido a uma delicada cirurgia duas horas após passar mal. Ainda no hospital, na madrugada de segunda-feira, o presidente Roberto Dinamite e o diretor-executivo Rodrigo Caetano chamaram Cristóvão num canto do hospital para um conversa franca.

“Você será o técnico. Ninguém melhor que você para trabalhar com este grupo, os jogadores gostam de você”, intimaram os cartolas cruzmaltinos.

Cristóvão lembra, três meses depois, que as primeiras semanas foram difíceis. E o que salvou foi justamente a aceitação do elenco.

“Num primeiro momento, foi muito duro, muito difícil. Eu estava ali sob a desconfiança de todos, imprensa, diretoria, torcida. Sofri bastante, Nos primeiros dias, confesso que dormi mal, comi mal, não relaxava. Não estava nos planos assumir a equipe, e principalmente da forma como aconteceu”, revela o treinador.

Sua estreia foi contra o Ceará. Venceu, o que deu um alívio. Mas ali o auxiliar já sabia que não tinha pretensão de seguir a carreira de técnico. Queria, sim, ver o amigo recuperado e retomar sua vida como auxiliar. Vinte e quatro partidas depois e a indicação para o prêmio de melhor técnico do Brasileiro, ele mantém a palavra. Mesmo seduzido pelo charme de ter sua foto eternizada pelos corredores de São Januário, Cristóvão é o mesmo sujeito humilde que discretamente trocava impressões com Ricardo na beira do campo durante os treinos.

“Realmente, foram meses de muito trabalho, muita superação. Estar aqui é a prova que fiz o simples, sem mudar nada do que o Ricardo gostaria. E passa, sim, um filme sobre estes dias de dureza, mas de muitas boas lembranças também. Você fala em pôster…Não tinha pensado…Legal (risos)…Mas quando isso tudo acabar, volta ao meu posto. Não quero virar treinador”, diz o auxiliar.

Em 2009, Andrade, volante do Flamengo nos anos 80, era auxiliar de Cuca no time rubro-negro e foi mantido após a queda do treinador. Comandou a equipe em boa parte do Brasileiro, sagrando-se campeão. Cristóvão e Andrade têm histórias parecidas. Volantes, tiveram a carreira marcada pela simplicidade com e sem bola, jogaram juntos na seleção brasileira em 1989 e se o Vasco for campeão, os dois serão os únicos auxiliares negros a vencer como jogador e técnico.

Ainda assim, o auxiliar de Ricardo Gomes descarta seguir os passos do ex-treinador do Flamengo. “Nada de Andrade. Mesmo que receba propostas de clubes de fora, não quero sair. Quero continuar meu trabalho ao lado do Ricardo”, afirma Cristóvão.

Nestes 24 jogos à frente do time cruzmaltino, venceu 11, perdeu seis e empatou sete. Foram 18 partidas pelo Brasileiro e seis pela Sul-Americana – competição na qual Cristóvão usou times mistos nos compromissos fora de casa, exceto diante do Universidad de Chile, na quarta-feira.

“O que mais me ajudou foi a minha relação com os jogadores. Quando o Ricardo teve o problema, o caminho natural seria eu assumir. Não havia mistério nisso. Eu já estava aqui, conhecia os jogadores e sabia como o Ricardo gostaria que a coisas andassem. E aí eles foram muito legais comigo também, me ajudaram demais. Por isso estamos aqui, pois somos um grupo que se ajuda, sem vaidade, com todos querendo a mesma coisa”.

Neste período, seu contato com Ricardo é diário. Quando não se encontram, se falam ao telefone pelo menos duas vezes ao dia. No entanto, quem imagina que o comandante, vendo os jogos de casa, dá seus pitados com o auxiliar, está enganado. Ricardo se recusa a falar sobre trabalho se não está presente aos treinos para ver o que verdadeiramente acontece no campo e nos bastidores.

“Nossa relação é assim: sabe o pai que não paparica muito o filho? Então, é mais ou menos assim. Se você paparica muito, quando ele sair sozinho não vai saber se virar na hora em que acontecer um problema. E aí eu me resolvo sozinho”, brinca Cristóvão.

Fonte: ig

Promoção: Inscreva seu email abaixo e concorra à uma camisa oficial do Vasco

Comente

Veja também
Vasco fecha parceria com o CF4
Vasco fecha parceria para retorno das categorias de base do futebol feminino

Com colaboração do CF4, o Vasco da Gama anunciou o retorno das categorias de base do futebol feminino, após um ano e meio parado.

João Victor em jogo contra o Vitória
João Victor apresenta bons números e vira peça importante no Vasco

João Victor teve bom desempenho nos últimos jogos do Vasco da Gama e pode ganhar mais chances com Rafael Paiva.

Puma comemorando gol contra o Athletico-PR
Puma é convocado pelo Uruguai para jogos das eliminatórias

O lateral-direito do Vasco, Puma foi chamado pelo técnico Marcelo Bielsa para os jogos contra Peru e Equador.

Eduardo Paes com bandeira do Vasco
Conheça os 2 prefeitos de capitais eleitos no 1º turno que torcem para o Vasco

O Vasco da Gama tem dois torcedores que foram eleitos prefeitos de capitais no 1º turno da eleição do último domingo.

Fernando Lima, o Zé Colmeia
Personagens ligados ao Vasco não tiveram sucesso nas urnas

Torcedores do Vasco, Roberto Monteiro e Zé Colmeia não conseguiram eleger nas eleições municipais do Rio de Janeiro.