Cristóvão Borges ainda não pensa ser treinador

Transferir-se definitivamente para a beira do campo é algo que não está nos planos de Cristóvão Borges.

O pacato Cristóvão Borges, de 52 anos, está na contramão da história de treinadores como Oswaldo de Oliveira, Andrade, Paulo Cesar Gusmão e outros. Auxiliar de Ricardo Gomes, que se recupera de um AVC, o ex-volante assumiu o Vasco há sete rodadas, pôs o time na liderança do Campeonato Brasileiro e tem a confiança da diretoria e dos jogadores. Ainda assim, com todas estas credenciais, transferir-se definitivamente para a beira do campo é algo que não está em seus planos. Pelo menos por enquanto.

“Olha, não tenho pressa e nem penso nisso. Estou feliz com o que faço, gosto do meu trabalho, do que desenvolvo. Sinceramente, não faço planos hoje para virar técnico. Não paro para pensar nisso ainda”, disse Cristóvão ao iG.

O jeito pacato, mas de sorriso aberto, sempre arrancando uma gargalhadas dos membros da comissão técnica nos momentos de descontração é o retrato do dia a dia do treinador interino em São Januário. Certa vez, Ricardo Gomes concedia entrevista ao iG e por alguns instantes se desligou da conversa para se despedir de amigo e auxiliar, que deixava o treino. Na volta, disse:

“Vocês têm que falar também do Cristóvão e do Poletto (Rodrigo, preparador físico). Eles ralam pra caramba aqui. Não pode só o meu trabalho aparecer sozinho. Estes caras são responsáveis por tudo isso também”.

É nesta relação de confiança e amizade que Ricardo e Cristóvão estão juntos há seis anos. Curiosamente, os dois se conheceram no Fluminense. O ex-volante defendeu o clube entre 1979 e 83. Foi campeão estadual em 80, mas o contato com ao então zagueiro foi curto, pois Ricardo ainda estava iniciando uma carreira de grande sucesso.

Do Fluminense, Cristóvão se transferiu para o Operário-MS, Atlético-PR, Santa Cruz, Atlético-PR novamente, Corinthians e Grêmio. Pelo time gaúcho, em 89, chegou à seleção brasileira, e lá reencontrou Ricardo, já experiente, tricampeão carioca (83/84/85), campeão brasileiro (84) pelo Fluminense e na segunda temporada de uma carreira internacional no Benfica, de Portugal. Seu adeus aos campos aconteceu em 1994, pele Rio Branco-SP. Antes, porém, atuou por Guarani, Portuguesa-SP e Atlético-MG.

A primeira experiência como auxiliar foi em 1998. A convite de Alfredo Sampaio, deu os primeiros passos no Bangu. No ano seguinte, a convite de Gomes, trabalhou no Juventude, de Caxias do Sul. Pela ordem, a parceria se estendeu por Guarani, Coritiba, Juventude. Em 2004, nova parceria. Mas o ano não trouxe boas recordações.

Tudo começou no Pré-Olímpico do Chile. Mesmo em uma equipe que tinha Diego e Robinho, o Brasil não se classificou para os Jogos de Athenas. Na temporada, a dupla trabalhou no Fluminense e no Flamengo. Os resultados não ajudaram. As campanhas não mantiveram a dupla no cargo por muito tempo.

O Vasco, em 2011, foi o divisor de águas para a dupla. Depois da conquista da Copa do Brasil, o ambiente ficou favorável ao bom trabalho. Até que veio o susto com o afastamento de Ricardo. Cristóvão viu cair sobre seus ombros um peso que não imaginava.

“O que eu tinha a fazer era continuar exatamente aquilo que ele (Ricardo) vinha fazendo. Pedi aos mais experientes que não deixassem os mais jovens se abaterem com o que aconteceu. No mais, não teve mistério, pois não mudamos absolutamente nada do que o Ricardo fazia”, conta o auxiliar.

“Aqui a gente gosta muito dele. Cristóvão foi homem, foi profissional, teve coragem. Naquele momento, nós, jogadores, dissemos que estaríamos com ele. Ele precisava do nosso apoio, pois todos estariam com um ar de desconfiança…torcida, diretoria…E passamos a jogar por ele”, disse o atacante Éder Luís, manifestando sua solidariedade ao auxiliar.

Quarta-feira, completa um mês do afastamento de Ricardo Gomes. Neste período, o Vasco venceu quatro partidas, empatou duas e perdeu apenas uma. Foi justamente com Cristóvão que o time, há três rodadas, lidera a competição. Ele conta que nada foi alterado na rotina de trabalho.

“Não há o que mudar. Faço o que já estava desenhado. O grupo já assimilou o trabalho, a coisa está fluindo. Não há em que mexer. A filosofia é a mesma, por isso os resultados aparecem”, diz o discreto auxiliar.

“O Ricardo e o Cristóvão parecem as mesmas pessoas trabalhando. É a mesma coisa, os dois têm estilos bem parecidos. Claro que a gente quer o Ricardo logo aqui com a gente de novo, mas no dia a dia o Cristóvão tem feito as coisas como antes. Parecem a mesma pessoa”, conta o volante Rômulo.

Fonte: ig

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