Ricardo Gomes pegou o Vasco do inferno e levou ao céu

Ricardo Gomes pegou o Vasco à beira do abismo e levou ao título da Copa do Brasil e Libertadores.

Começou na casa de Roberto Dinamite, no Rio, a virada no Vasco que resultou no título da Copa do Brasil. O presidente do clube e o diretor-executivo, Rodrigo Caetano, chamaram Ricardo Gomes para uma conversa. O time estava esfacelado, sem técnico, com jogadores afastados por indisciplina e com uma campanha vergonhosa no Carioca. O treinador, dispensado pelo São Paulo, recebeu o seguinte recado dos dirigentes:

— Estamos cheios de problemas. E precisamos de resultados imediatos. Você topa? Com seu jeito quieto, Ricardo ouviu atentamente a lista de problemas, entre eles o afastamento dos dois jogadores mais conhecidos, Felipe e Carlos Alberto. Aceitou o convite, mesmo consciente de que estava diante de um do maiores “pepinos” da carreira.

Ao chegar a São Januário, sob olhares desconfiados, a primeira atitude do ex-zagueiro foi apaziguar os ânimos. Mais do que organizar a equipe taticamente, precisava trazer harmonia e motivação ao vestiário.

Foram dezenas e demoradas conversas com Gaúcho, atual auxiliar técnico que é funcionário do clube. Depois, teve longos diálogos com o grupo. O desafio era recuperar a confiança dos atletas, principalmente de experientes como Felipe. O mesmo desafio teve com os novos contratados Diego Souza e Alecsandro, que chegaram em seguida.

– A palavra é moralização. Estavam todos de cabeça baixa, não só os jogadores. Foi um trabalho de resgate de autoestima, moralizar individualmente cada jogador — lembra.

Arranhado pela passagem no São Paulo, chamado de burro pelos torcedores, Ricardo sabia que sua experiência pós Tricolor Paulista seria decisiva na carreira. Por esse motivo, recusou propostas de clubes que brigavam para não cair no Brasileirão passado. O título mostrou que a aposta pelo Vasco foi certa.

TREINADOR ELEGE FELIPE O ‘MAESTRO’ DA VIRADA

Um dos primeiros desafios de Ricardo Gomes ao assumir o Vasco foi recuperar Felipe. Contratado para ser um pilar da equipe, o meia estava afastado, em péssima fase e com relação conturbada com a torcida. Ricardo e Felipe trabalharam juntos no Flamengo, em 2004. Fã da qualidade técnica do jogador, o técnico rapidamente o transformou em um braço direito no árduo desafio de reerguer o clube da Colina.

Aos 33 anos, o atleta recebeu de Ricardo Gomes a tarefa de agrupar o elenco, e aceitou. Principalmente no relacionamento com os jovens, Felipe teve papel importante. O técnico até o comparou a Rogério Ceni, seu antigo líder no São Paulo.

– A relação dele com os jovens é muito legal. É um cara que gosta do Vasco e gosta do que faz. Podia ser arrogante, cheio de vícios, manias, mas tem liderança e usa de forma bastante positiva – elogia Gomes.

Dentro de campo, o camisa 6 também fez diferença. No início do trabalho, antes das chegadas de Alecsandro e Diego Souza, o meia era o oásis de talento da equipe.

– O Felipe foi o grande maestro no início da nossa recuperação, ele fez com que os outros jogadores também crescessem e jogassem cada vez melhor, se transformou em um exemplo positivo – diz.

Fonte: lancenet

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