Conheça a história da vascaína Dulce Rosalina, 1ª mulher líder de torcida no Brasil

Em 1956, a vascaína Dulce Rosalina se tornou a primeira mulher a presidir uma torcida organizada no Brasil.

Dulce Rosalina foi a 1ª mulher a liderar uma torcida no Brasil
Dulce Rosalina foi a 1ª mulher a liderar uma torcida no Brasil (Foto: Reprodução/Internet)

No Dia Internacional da Mulher, os vascaínos têm o orgulho de relembrar um ícone das arquibancadas do clube: Dulce Rosalina, que em 1956 tornou-se a primeira mulher a ser líder de uma torcida organizada no Brasil.

Aos 22 anos, ela assumiu a presidência da “Torcida Organizada do Vasco”, mais conhecida como TOV, e fez história. Na gerência da agremiação, introduziu a bateria e o papel picado nas festas nos estádios do país.

Sua presença em São Januário era constante em todos os esportes, e alguns dos craques que passaram pelo clube têm ótimas lembranças da torcedora, caso do ex-meia Geovani, o “Pequeno Príncipe”, ídolo cruzmaltino na década de 80.

“As lembranças são as melhores possíveis. Inclusive ela que me chamou de Pequeno Príncipe pela primeira vez, e depois pegou. Pequeno eu sei que eu sou, mas príncipe eu não sabia (risos). Mas ela era uma pessoa maravilhosa, levava coisas para nós, tinha fama de pé quente quando aparecia nos treinamentos. E ela acompanhava todos os esportes, não só o futebol. Acho que ela sabia o nome de todos os atletas de todas as modalidades. Hoje em dia ela seria muito importante no apoio ao futebol feminino”, disse Geovani ao UOL Esporte.

Por conta de sua entrega ao Vasco, Dulce Rosalina venceu o concurso de melhor torcedor do Brasil, realizada pela ‘Revista do Esporte’, no início da década de 60.

Em 1977, por conta de divergências políticas, deixou a TOV e fundou a “Renovascão”.

Dulce fez time do Vasco se recusar a entrar em campo

Em um dos episódios mais conhecidos da torcedora-símbolo, Dulce Rosalina foi detida na entrada do Maracanã ao entrar com papel picado, ser abordada por policiais e chamar um deles de “flamenguista” ao tomar ciência de que estava impedida de adentrar o estádio com tal adereço.

A notícia entrou pelos corredores do vestiário e, ao tomarem conhecimento do fato, os jogadores do Vasco alegaram que só entrariam em campo se Dulce fosse solta, algo que acabou acontecendo e a equipe cruzmaltina, enfim, disputou a partida.

Sofreu grave acidente em caravana

Em 1968, sua torcida organizou uma grande caravana com 30 ônibus para São Paulo, onde o Vasco jogaria, mas o veículo onde Dulce Rosalina estava, sofreu um grave acidente e ela acabou tendo fraturas na clavícula e no braço, além de um afundamento do crânio, o que fez com a torcedora ficasse afastada por dois anos dos estádios.

Dulce morreu em 2004 e hoje dá nome a uma rua próxima ao estádio de São Januário.

“Rosalinas”: projeto no Youtube que teve a torcedora como inspiração

Ano passado, um grupo de vascaínas criou o projeto “Rosalinas”, que como o próprio nome sugere, teve Dulce Rosalina como inspiração.

Ele consiste em um canal no Youtube produzido e voltado exclusivamente para o público feminino, e debate não só assuntos atuais do Vasco e do futebol feminino como também gera conteúdos especiais, em formatos de “websérie”, abordando temas históricos ou entrevistas com torcedores que possuem fatos curiosos.

“A ideia do Rosalinas surgiu a partir do momento que eu, Luiza e Julia [algumas das integrantes] começamos a participar de alguns programas no Youtube que eram mesas redondas de amigos nossos, queridos e tudo mais, mas feitos majoritariamente por homens. Estávamos ali meio que cumprindo uma cota, sendo convidadas e tal. E aí comecei a pensar como seria legal ter um espaço só com mulheres produzindo conteúdo de futebol, pois temos tanta gente que conhece, que é mulher e que manja de futebol mais do que muito marmanjo por aí”, destacou Juliana Bernardes, uma das idealizadoras.

A escolha pelo nome foi a “cereja do bolo” para o projeto que já tinha formato e características. E veio a calhar com toda a ideologia que ele carrega:

“Tínhamos definido como seria, o que iríamos fazer, e tinha um nome muito característico que lembrava torcida, arquibancada, mas aí depois surgiu um canal com um nome que era parecido com o nosso, então não estávamos satisfeitas com o brainstorm do nome. E aí chegou a Vitória, que é uma historiadora do nosso grupo, que trabalhou no Centro de Memória do Vasco, e perguntou sobre ‘Rosalinas’ em homenagem a Dulce. E aí o nome foi perfeito. Já conhecíamos a história da Dulce, já a admirávamos. Ela nos inspirou em diversos momentos de nossas vidas individualmente. Então foi um casamento perfeito com um protagonismo feminino e o nome da Dulce”.

Atualmente, o “Rosalinas” conta com nove integrantes que abraçam a diversidade da torcida vascaína.

“Éramos 11, hoje somos nove. A ideia era montar um espaço que fosse seguro para mulheres comentarem, que tenha diversidades, então temos mulheres negras, trans, do Rio, de fora do Rio… Torcedoras do Vasco de muito tempo, de pouco tempo, de arquibancada… Óbvio que tem muitos meninos que nos prestigiam, mas a nossa ideia é produzir conteúdo de futebol nosso, criarmos uma identidade nossa, um espaço produzido por mulheres. É nossa maior missão. Disso a gente não abre mão”, frisou Juliana.

Fonte: Uol

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1 comentário
  • Responder

    Dona Dulce, verdadeiro patrimônio do CR Vasco da Gama, tive muita honra em fazer parte de sua torcida. Uma guerreira, mulher de fibra e de muita garra.Uma Glória do Vasco.

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