Raphael Vianna faz revelação sobre situação financeira do Vasco
No cargo de diretor financeiro do Vasco da Gama há mais de um mês, Raphael Vianna dá detalhes de como estão as finanças do Clube.
Há mais de um mês na SAF do Vasco, o diretor financeiro Raphael Vianna tem como principal desafio aumentar as receitas e melhorar o fluxo de caixa. Em entrevista ao podcast “Sports Market Makers”, o executivo comentou como ele encontrou o clube quando foi contratado.
– A situação do Vasco é diferente, porque tem o questionamento de quem tem o controle do Vasco. A associação hoje tem o controle, existe um gap entre quem fazia esse controle antes. As coisas estavam um pouco sem direcionamento estratégico. Não o futebol, mas as partes de marketing, comercial, finanças… Todo o planejamento que tinha sido feito não vai funcionar, porque esperava-se um aporte em setembro e tudo indica que ele não vai acontecer – disse o dirigente.
– O planejamento muda. Sai de um negócio que deveria estar em crescimento e que está em reestruturação mais uma vez. Tem muita coisa bem feita, é uma empresa, existem processos, mas o Vasco tem muitos problemas de caixa. Eu vejo mais oportunidade do que problema. Se a gente colocar energia no lugar certo eu tenho certeza que a gente vai conseguir aumentar a receita – acrescentou Raphael em entrevista publicada na quarta-feira.
O aporte ao qual o diretor financeiro se refere é o dinheiro que seria depositado pela 777 Partners em setembro. A empresa americana pagaria mais R$ 270 milhões pela compra da SAF no mês que vem. Isso não vai mais acontecer porque o clube associativo retomou o controle do Vasco judicialmente. Raphael Vianna foi contratado pelo presidente Pedrinho para dar novos rumos às finanças.
– O desafio é o caixa. Historicamente os clubes antecipam o máximo de receita possível e você não consegue fechar o caixa operacional, tem que estar sempre pedalando para encontrar outras fontes. No Vasco se esperava um aporte em setembro que provavelmente não vai acontecer. Todo o plano de negócios que foi executado foi feito esperando esse aporte. A gente tem que buscar dinheiro novo, tem muitas coisas adiantadas. Se não tivesse eu não viria para o Vasco. Vou trabalhar em um time que vai parar de pagar as contas? Claro que não – pontuou o dirigente.
Raphael Vianna chegou ao Vasco no dia 8 de julho depois de trabalhar na reestruturação do Cruzeiro. Ele foi contratado junto com o CEO Carlos Amodeo. Os dois substituíram Kátia dos Santos e Lúcio Barbosa, respectivamente. Veja outros tópicos comentados pelo diretor financeiro:
Aumento de receita com bilheteria
– O Vasco tem um estádio pequeno, com 18 mil pagantes, o ticket médio, por questão histórica, é mais baixo que o dos outros clubes. Os programas de sócio-torcedor são feitos em torno do estádio. Ou você tem um estádio maior para jogar ou você joga em estádios maiores. Ou então fazemos um programa que não seja “estadiocêntrico”, com outros benefícios. É gigante a torcida, mas é mal monetizada, e é caro monetizar, porque o sócio-torcedor tem um custo. A gente precisa de um estádio maior e de ter criatividade no programa. Dá para criar produto para quem não vai ao estádio.
Como experiência no Cruzeiro o ajuda no Vasco
– O mercado de futebol é muito pequeno. Eu consegui resolver os problemas urgentes do Vasco de forma muito mais rápida porque eu já conhecia as pessoas. Os problemas são os mesmos, só muda o CEP. Os problemas do futebol, fluxo de caixa, as práticas são as mesmas… Os momentos são diferentes, mas são problemas parecidos.
Venda de camisas paga contratação de jogador?
– O clube não vende as camisas diretamente. Ele contrata uma marca que fabrica a camisa, essa marca vende as camisas, e o clube ganha royalties – entre 8% e 15%. Não é o valor total da camisa que vai para o clube. Só a venda de camisas não paga um jogador como o Suárez (no Grêmio). Nunca vi acontecer. Nem se a gente trouxesse o Messi para o Vasco, não vai pagar em camisa. Mas tem outras receitas que vem junto. Trazendo bons jogadores, a performance desportiva do clube aumenta. Significa mais sócios-torcedores, mais bilheteria e gente comprando mais produtos. Mas não dá para montar um plano de negócios com um jogador se pagando só com a venda de camisas.
Fonte: Globo Esporte