Atuação diante do Athletico escancara a realidade do Vasco dentro e fora de campo
Sob o comando da 777 Partners, o Vasco da Gama vive um monto conturbado e desorganizado no ambiente do futebol.
Ano após ano, e jogo após jogo, a sensação é de que o Vasco passa por um grande círculo vicioso no Campeonato Brasileiro. Apesar do Campeonato Brasileiro estar apenas na quinta rodada, o cruz-maltino já ocupa a zona de rebaixamento há duas. Essa é a oitava edição consecutiva de Série A que, em algum momento do campeonato, o Vasco entra no Z-4. Na derrota de ontem por 1 a 0 para o Athletico-PR — que assumiu a ponta da tabela —, ficaram marcadas as falhas individuais de Hugo Moura, expulso em lance infantil logo aos 15 minutos, e Paulo Henrique, que abandonou a marcação no lance do gol.
— Muda muita coisa (a expulsão no início). É muito difícil prever que isso vai acontecer. Estrategicamente, você tem que entender o jogo rápido com um a menos — lamentou o técnico Rafael Paiva após a partida.
No entanto, quando se analisa o contexto do jogo, entende-se que não foi apenas pelos erros da dupla que o Vasco sofreu a quarta derrota consecutiva no Brasileirão. Sob o comando de Paiva, técnico do sub-20 que caiu de paraquedas no cargo de interino, o cruz-maltino viu sua estratégia inicial não funcionar, e o Athletico-PR enfileirar chances de marcar. De modo geral, mesmo com a atuação abaixo nos setores defensivo e ofensivo, o atual comandante é o menos culpado pelo resultado ruim.
Expulsão condiciona derrota
Mais do que só um treinador, Ramón Díaz, demitido no último fim de semana, era o “homem forte” do futebol do Vasco, que, na ausência de um diretor — Pedro Martins, recém-contratado para o cargo, chegou há menos de 15 dias —, tinha no argentino a principal figura de comando. Sem ele, fica exposto o conturbado e desorganizado ambiente do futebol cruz-maltino. Assim, sob as diretrizes da SAF controlada pela 777 Partners, o time sofre, rodada a rodada, com o planejamento ruim montado pela empresa americana — que teve, claro, a participação de Díaz.
Contra o Athletico-PR, o cenário, que já era ruim nos primeiros 15 minutos — com os donos da casa acertando uma bola na trave e acumulando chances de marcar —, tornou-se dramático quando o volante Hugo Moura, emprestado justamente pelo time paranaense ao Vasco, foi expulso numa sequência de erros que começou na falha técnica ao recuar a bola para Léo Jardim e terminou na decisão, temerária, de fazer falta em Zapelli, que arrancava em direção ao gol cruz-maltino. Lance claro de expulsão.
Nove minutos depois do cartão vermelho bobo recebido pelo jogador que custará cerca de R$ 12 milhões aos cofres da SAF, já que ele já cumpriu as cláusulas do empréstimo que obrigavam a compra em definitivo, o Athletico-PR chegou ao gol. Em lance de desatenção do lateral Paulo Henrique, que abandonou a marcação de Esquivel, o argentino recebeu ótimo passe nas costas da defesa cruz-maltina e tocou para Erick só empurrar para o gol.
— A gente teve que entender onde o Athletico ia tentar buscar a vantagem numérica, mas é um time muito inteligente. Gerou espaço tanto pelo lado do campo, com cruzamentos, quanto as bolas por dentro. Acho que a gente sofreu mais nos dez, 15, 20 minutos depois da expulsão, mas depois a gente conseguiu perceber o jogo e se equilibrou melhor para se defender, principalmente no segundo tempo — disse Rafael Paiva.
Após abrir o placar, o Athletico-PR seguiu pressionando o Vasco e teve diversas oportunidades para ampliar a contagem. Das quatro bolas na trave que o Furacão colocou ao longo da partida, três foram só na primeira etapa. Além dessas, foram sete finalizações no gol e 26 chutes ao todo.
Na segunda etapa, o cruz-maltino, que contou com o relaxamento do Furacão, de fato melhorou na partida. Sob o comando de David, o mais lúcido do ataque vascaíno, a equipe ficou mais organizada, mas não conseguiu levar perigo. No fim, o Vasco ainda ficou na bronca em lance com Vegetti que poderia resultar em expulsão de Kaique Rocha.
No domingo, o cruz-maltino enfrenta o Vitória, às 11h, em São Januário.
Fonte: O Globo