Eleição do Vasco é marcada por SAF, formação de alianças e futebol

Faltando menos de um mês para a eleição presidencial do Vasco da Gama, grupos se articulam e discutem estratégias para o pleito.

Bandeira doada por vascaínos ao CT Moacyr Barbosa
Bandeira doada por vascaínos ao CT Moacyr Barbosa (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

A inscrição de oito chapas para a eleição do Vasco chamou a atenção, mas até o dia da votação, em 11 de novembro, muita coisa mudará. A tendência é que os grupos se afunilem, e poucos nomes sejam candidatos no dia do pleito. Há muitas conversas sobre alianças em andamento, algumas delas bem encaminhadas.

A eleição do Vasco será diferente neste ano. Quem assumir não terá o controle sobre o futebol, mas, com 30% das ações, ainda terá voz, além de temas importantes pela frente, como a reforma de São Januário e a venda ou não de 20% da SAF – por lei, o Vasco é obrigado a manter 10%.

Essa, no entanto, não deve ser a única diferença em relação às últimas eleições. Com uma campanha menor, com duração de menos de um mês, a expectativa é que seja uma eleição menos raivosa, sem tantos ataques pessoais. Agentes políticos da situação e da oposição se reuniram e entenderam que isso fará bem ao Vasco.

– A política do Vasco foi longe demais nos últimos anos, e todos os agentes saíram manchados – reconheceu uma figura importante do clube.

SAF e termômetro do futebol
Todos no clube, no entanto, concordam que a eleição vai girar em torno da SAF. Há grupos a favor, que prezam pela boa relação com a 777, e há os que prometem abrir os contratos de forma imediata, o que desagrada a empresa americana.

– Será uma espécie de plebiscito – disse outra fonte, ao ge.

Essa será a pauta eleitoral, e o futebol terá um papel importante. Caso o time vá bem nas próximas rodadas, crescerá entre os sócios a aceitação em relação à SAF. Um mês de outubro ruim, no entanto, com tropeços dentro de campo, tende a aumentar a rejeição. Há quem diga, por exemplo, que o clássico contra o Flamengo, no dia 22 de outubro, valerá mais do que três pontos e terá influência na eleição.

Chapas inscritas

  • Resgatando o Vasco (candidato Léo Rodrigues)
  • Sempre Vasco (candidato Pedrinho)
  • Vasco da Gente (candidato Marcelo Borges)
  • Nosso Vasco (candidato Fábio Nogueira)
  • Somamos (candidato Leven Siano)
  • Um Só Vasco (candidato Julio Brant)
  • União Brasil Portugal (ainda não divulgou candidato)
  • Ser Vasco (candidato Eduardo Cassiano)

Conversas e alianças

Como o presidente Jorge Salgado não tentará a reeleição, hoje a situação está mais alinhada em torno do nome de Júlio Brant. Júlio e Salgado não estão se falando, houve uma tentativa de aproximação, mas o presidente do Vasco não topou. Seus pares e os principais grupos que compuseram a Mais Vasco (chapa de Salgado em 2020), no entanto, apoiam o candidato, que pretende concorrer pela quarta vez seguida.

Brant trabalhou junto e é amigo de Lúcio Barbosa, CEO da SAF. Os dois se reuniram algumas vezes nos últimos meses.

A candidatura de Júlio à presidência, no entanto, ainda não é certa, entre aliados ouvidos pela reportagem. A chapa “Um Só Vasco”, que tem Brant como candidato, tem se reunido com frequência com a Sempre Vasco para uma possível composição. O ex-jogador e comentarista Pedrinho é o candidato do grupo.

Júlio e Pedrinho são amigos e conversaram sobre uma possível aliança. Para evitar desgaste, os dois acharam melhor que seus pares e lideranças de grupos assumissem as negociações. A Sempre Vasco, que tem Pedrinho como candidato, convidou Júlio Brant para ser vice, além de oferecer 60 cadeiras no Conselho Deliberativo. A chapa “Um Só Vasco” fez uma contraproposta, com Júlio como candidato à presidência e Pedrinho como vice. Nos dois cenários, ambos estariam no Conselho de Administração da SAF, em caso de vitória na eleição.

Ainda não houve entendimento. Apesar de algumas divergências, a maioria dos agentes políticos ouvidos pela reportagem acredita em uma composição.

– Convergimos em relação a quase tudo. As chances de composição, hoje, são muito grandes.

O entendimento dos dois grupos é que Pedrinho é “unanimidade entre os vascaínos”. Mas há também a preocupação de “queimar um ídolo”, assim como aconteceu com Roberto Dinamite, que foi bastante contestado na reta final do seu segundo mandato como presidente do Vasco.

As conversas estão em andamento. Alguns pontos em relação ao contrato com a 777 estão em pauta, como os direitos dos sócios-estatutários. Resta saber se as partes entrarão em acordo sobre um nome em comum, e alguém abrirá mão da candidatura. A boa relação entre Júlio Brant e Pedrinho tende a facilitar a aliança.

Outro nome alinhado com a situação é o de Fábio Nogueira, da chapa “Nosso Vasco”. Ele foi VP de Patrimônio na maior parte da gestão de Jorge Salgado, mas seu grupo (Petro Vasco) decidiu lançar candidatura própria.

Nome de Leven ganha força na oposição

Se há conversas de um lado, a oposição também se articula. A entrada de Leven Siano na corrida eleitoral uniu grupos, e existe a chance de candidatos abrirem mão da campanha para apoiá-lo. Candidato em 2020, Leven é apontado como um nome forte para o pleito.

Houve três reuniões até o momento entre Leven e possíveis aliados. Estiveram presentes Euriquinho (Eurico Angelo Miranda), Eduardo Cassiano, Leonardo Rodrigues e Pedro Strozenberg.

Embora tenha inscrito a Chapa “Ser Vasco”, Eduardo Cassiano está aberto a alianças e muitos acreditam no apoio a Leven Siano. O candidato, no entanto, diz manter firme sua candidatura e também teve conversas com Pedrinho. Com discurso de união, afirma que vai procurar o melhor para o Vasco.

Leonardo Rodrigues e Pedro Strozenberg ainda não entraram em acordo, mas também devem apoiar Leven até a votação. Caso isso não aconteça, um dos dois será candidato.

– Há o compromisso de tentar uma unidade de oposição – disse um agente político.

Marcelo Borges também é visto como um candidato de oposição. Até o momento, ele está irredutível e pretende seguir até o dia do pleito. Mas ele mantém conversas com alguns nomes da oposição.

Em comum, entre todos esses nomes, a promessa de abrir os contratos com a 777 Partners e dar maior transparência ao processo da SAF. Leven Siano, por exemplo, se diz a favor da SAF, mas não nos moldes atuais.

Prazos

Após o fim do prazo de registros, os grupos a partir de agora têm pouco mais de duas semanas (o prazo final é 1 de novembro, 10 dias antes da eleição) para completar a inscrição, apontar os candidatos e apresentar a assinatura de todos os participantes da chapa.

A chapa deve ser composta por 1 presidente, 1 1º vice Geral, 1 2º vice Geral, 1 presidente da Assembleia Geral, 1 vice da Assembleia Geral e 160 conselheiros (120 titulares e 40 suplentes).

6.209 associados poderão participar do pleito, que ocorrerá no dia 11 de novembro, entre 10h e 22h, de forma híbrida. Os sócios poderão votar on-line ou presencialmente na Sede do Calabouço.

Fonte: Globo Esporte

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