Filha mostra lembranças da carreira de Nelsinho Rosa e revela mágoa do Vasco

Rosane guarda recordações de mais de 60 anos de carreira do pai Nelsinho Rosa, que foi campeão no comando do Vasco da Gama.

Caixinha de recordações de Nelsinho Rosa
Caixinha de recordações de Nelsinho Rosa (Foto: Raphael Zarko)

Nelsinho Rosa morreu no último dia 16 de maio, aos 85 anos. Era noite de Fla-Flu – a primeira partida das oitavas de final da Copa do Brasil – quando ele descansou sete meses depois de internação num hospital na Tijuca. A filha Rosane ainda se emociona com as lembranças do pai, às vésperas do encontro entre Vasco e Flamengo, duelo de dois dos times que marcaram a trajetória de Nelsinho.

Rosane tinha oito anos quando o pai comandou o Vasco no título do Brasileiro de 1989. Descobriu que era o “Nelsinho do Vasco” na feira na Barra da Tijuca, onde moravam, com abordagem das pessoas na rua, pedido de autógrafos e, vez ou outra, algumas fotos.

Foi da casa que vivia com o pai que ela retirou com carinho algumas das recordações de mais de 60 anos de carreira do jogador que começou na base do Madureira, brilhou no Flamengo, venceu como treinador no Fluminense e chegou ao auge como técnico no Vasco.

Há uma curiosidade pela única ausência entre os grandes tradicionais do futebol carioca. O único dos quatro grandes que não defendeu era o dono do seu coração na infância.

– Ele torcia pro Botafogo por causa do nosso pai – conta Nair, um dos quatro irmãos de Nelson Rosa Martins.

Rosane guarda as lembranças do pai Nelsinho Rosa
Rosane guarda as lembranças do pai Nelsinho Rosa (Foto: Raphael Zarko)

Na memória, o sufoco que foi a tentativa de ver o irmão em campo na final de 1963 contra o Fluminense – o empate de 0 a 0, com quase 200 mil pessoas, o maior público registrado entre clubes na história do futebol brasileiro, deu a primeira faixa a Nelsinho. Rosane guarda praticamente intacta, junto com a camisa, a faixa e uma carta de campeão pelo presidente da época Fadel Fadel.

– Meu pai nunca teve apego pelas coisas. Já me ofereceram muito dinheiro dessa camisa. Meu pai falava: “um rapaz quer comprar”. Eu não deixava de jeito nenhum. Essa vou fazer um quadro – diz a filha.

A família Rosa Martins veio dos arredores de Madureira e sempre seguiu os passos do caçula talentoso para o futebol. Foi ao lado do amigo e cumpadre Carlinhos que Nelsinho viveu os primeiros dias de glória e faixa no peito. Com o Violino, apelido de outro símbolo rubro-negro, foi campeão carioca em 1963 e 1965.

– Quando eu era pequena torcia pelo Madureira, a gente morava ali na estrada da Portela. Mas quando ele foi para o Flamengo, todos nós viramos Flamengo. Eu sou até hoje – conta a irmã.

Rosane se tornou vascaína pela influência do título Brasileiro. Em 1992, com a campanha do terceiro lugar no Brasileiro, ela já acompanhava mais e Nelsinho guardava camisas dos jogadores com autógrafos de Bebeto e cia. A relação com o Vasco ficou abalada quando o pai foi despedido do clube de São Januário, na administração de Roberto Dinamite, que sucedeu Eurico Miranda.

Ela morou com o pai por sete meses no hospital Badim, na Tijuca. Debilitado desde o AVC em 2013, o quadro de saúde de Nelsinho piorou depois do falecimento da esposa em 2019. No fim do ano, ele sofreu queda em casa e machucou o quadril que tinha prótese. Com a Covid-19, evitaram ir a hospitais para tratamento. Os músculos se atrofiaram.

Rosane cuidava da agenda de fisioterapia e todos cuidados possíveis, ao lado do irmão Nelson Rosa Martins Junior. E tentava estimulá-lo a assistir futebol. Com a ponta de mágoa com o Vasco, torceu pelo Fluminense contra o Flamengo na final do Campeonato Carioca mais recente, quando os comandados de Fernando Diniz viraram a decisão e conquistaram o bicampeonato.

Nelsinho Rosa conquistou o Brasileiro pelo Vasco em 1989
Nelsinho Rosa conquistou o Brasileiro pelo Vasco em 1989 (Foto: Divulgação/Vasco)

– Ele mal viu a Copa do Mundo, mas briguei para conseguir de ele assistir no hospital a final. Mas ele não conseguiu quando a gente passou o carro de 4 a 1. “Pai, maior jogão!”, tentava acordar ele, mas já estava bem debilitado – emociona-se.

Com jeito sereno e apelido de Paulinho da Viola da bola, Nelsinho era Rosa de sobrenome e defendeu diversas cores do futebol do Rio de Janeiro. Depois de tantas conquistas, preferia escapar discretamente se alguém lhe perguntava o time de coração. Dizia que era torcedor do Madureira, onde tudo começou. Local também do velório que reuniu tanta gente saudosa do homem que “custava pouco, mas valia muito”, como diziam as manchetes de jornal do jovem jogador.

– As pessoas me viam morando no hospital e diziam “nunca vi filha igual”. É que não tem pai igual a ele – diz a filha.

Fonte: Globo Esporte

Mais sobre:Nelsinho Rosa
Comente

Veja também
Vasco tenta reverter péssimo retrospecto recente contra o Flamengo

São apenas duas vitórias, com 11 empates e 17 derrotas nos últimos 30 jogos entre Vasco da Gama e Flamengo, retrospecto péssimo.

Vegetti busca 1º gol contra o Flamengo em 2025

O atacante do Vasco da Gama enfrentou o Flamengo em três oportunidades, não venceu nenhuma delas, nem balançou as redes.

Saiba quantas vezes o Vasco fez mais de 60 pontos no BR de pontos corridos

Marca muito negativa, que demonstra que o Vasco da Gama pouco conseguiu ser competitivo desde o início do formato de disputa.

Preço médio de ingressos para jogos do Vasco é um dos maiores no BR; veja ranking

O Palmeiras lidera a lista de clubes que cobra ingressos mais caros no Brasileiro, e o Vasco da Gama também cobra caro.

Carille terá dura tarefa em duelo contra o Flamengo

Fábio Carille terá que vencer o Flamengo para dar fim a um jejum de 10 anos sem vencer o rival no Brasileiro e se garantir no cargo.

Diego Souza manda recado ao elenco do Vasco antes de clássico

Torcedor do Vasco, Diego Souza é sincero ao mandar forte recado aos jogadores do Clube, antes do clássico.

Relembre a última vez que Vasco venceu o Flamengo no Brasileiro

A última vez que o Vasco da Gama venceu o Flamengo pelo Brasileiro foi em 2015, com gols de Nenê e Rodrigo.

Confira o que está em jogo para o Vasco no clássico deste sábado

Vitória do Vasco diante do Flamengo colaria fim a um jejum de quase 10 anos e daria sobrevida ao técnico Carille.

Paulo Nunes aponta fragilidade e projeta posição do Vasco no Brasileiro

Paulo Nunes apontou as dificuldades que o time do Vasco enfrenta e demonstra preocupação com o time no Brasileiro.

Rayan sobe de produção e briga por posição no Vasco

O jovem atacante Rayan vem entrando bem nos jogos e começa a brigar por vaga no time titular do Vasco da Gama.