Conheça a trajetória de Lucas Eduardo, meia do Vasco
Hoje na equipe Sub-20 do Vasco da Gama, o meia Lucas Eduardo teve uma infância marcada por dificuldades e medo.
Criado em uma das áreas mais violentas do Rio de Janeiro, a comunidade de Antares, o meia do sub-20 do Vasco Lucas Eduardo teve uma infância marcada por dificuldades e medo. Para muitos, seria completamente inimaginável pensar em uma criança jogando bola na rua com receio de ser pego em um tiroteio. Essa era a realidade da região, marcada pelas brigas entre facções locais.
– Eu jogava bola nas ruas da comunidade com medo de levar tiro. Às vezes, isso realmente acontecia e era preciso se esconder na casa de alguém. Era uma forma de fugir da realidade dura que eu vivia na comunidade. Quando eu estava jogando, esquecia de tudo ao meu redor e me sentia livre. Era uma maneira de sonhar com algo melhor – conta Lucas.
Aos poucos, porém, o futebol transformou-se em uma forma de escapar da violência e dos problemas que o rodeavam na comunidade. Foi na escolinha do Seu Jorginho, que montava times com garotos da região, que Lucas começou a sonhar com o futebol profissional.
– Eu comecei a jogar bola na escolinha e, aos poucos, fui me destacando. Conheci um padeiro chamado Marcelo, que gostou de mim e me levava para praticar. Ele acreditou em mim durante um momento muito difícil da minha vida. O período na escolinha foi fundamental para mim. Sem ela, eu não teria tido a oportunidade de conhecer o Marcelo e talvez não estivesse onde estou hoje – lembra.
O destaque na escolinha, o apoio de Marcelo e as explicações sobre formações e conceitos táticos de Alan, conhecido do padeiro, levaram Lucas até um teste na equipe do Nova Iguaçu, onde foi aprovado. Nessa época, seu pai, falecido em agosto de 2019, entrou para o tráfico de drogas depois de se separar da mãe do jogador. Dois anos depois, Marcelo não pôde mais levá-lo aos treinos do Nova Iguaçu. Lucas precisou começar a pedir dinheiro para a mãe para ir sozinho de trem. Nesse período, precisava escolher entre comer ou ter dinheiro para voltar para casa.
Mesmo tendo conquistado três torneios municipais, Lucas fez parte do terceiro time e teve pouco espaço no Nova Iguaçu. Aos 14 anos, depois de quatro no clube, acabou saindo e ficou um ano sem time.
– Foi um período difícil, mas também muito importante na minha trajetória. Aprendi a ser perseverante e a não desistir do meu sonho mesmo diante das adversidades. Eu sabia que precisava lutar pelo meu lugar no futebol e estava disposto a fazer tudo o que fosse necessário para alcançar meu objetivo. Mesmo sem clube por um ano, continuei treinando duro e me preparando para o momento certo – comenta Lucas.
Através de um amigo da família que fazia parte da organizada do Vasco, o Pantera, o jogador, aos 15 anos, conseguiu oportunidade em uma peneira no Gigante da Colina. Nesse período, ele saía de casa sozinho, às 3 horas da manhã, para participar das atividades da peneira. Sempre que saía, lia o Salmo 91 – versículo 7: “Mil cairão ao teu lado, e 10 mil a tua direita, mas você não será atingido”.
– Eu sempre tive muita fé em Deus e esse salmo me ajudava a ter coragem para seguir em frente. Eu sabia que, com ele, eu estava protegido – explica Lucas.
Fonte: Lance!