Vasco teve chance de contratar Pelé em 1957, mas ‘recusou’; entenda

Antes de brilhar com a camisa do Vasco da Gama em um torneio amistoso e aparecer para os clubes, Pelé foi oferecido, mas Calçada havia vetado.

Pelé com a camisa do Vasco em 1957
Pelé com a camisa do Vasco em 1957 (Foto: Divulgação/Vasco)

Pelé se consagrou como o maior futebolista de todos os tempos com as camisas da Seleção Brasileira, do Santos e, já no fim da carreira, pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos. Mas o currículo pelos clubes, de certa forma até enxuto, reflete muito mais sobre escolhas pessoais do atacante que propriamente a cobiça do mercado. Porque ofertas para deixar a Vila Belmiro o Rei teve de sobra.

Vasco, Botafogo, Grêmio, Inter de Milão, Sport… O ge resgata a história de negociações de clubes do Brasil e mundo afora pelo Atleta do Século, falecido na última quinta-feira, aos 82 anos. Acertos que, na verdade, não aconteceram por um triz. Ou até mesmo pela recusa na contratação do eterno camisa 10 santista.

O não do Sport

O Leão pernambucano, neste caso, é a exceção. Do que se tem conhecimento, o Sport foi o único time do futebol brasileiro que negou Pelé. Sim, a história data de novembro de 1957, quando o Peixe ofereceu o Rei para jogar na Ilha do Retiro. Seria um período de amadurecimento do jogador, ainda aos 17 anos de idade.

O telegrama de Carlos Henrique Roma, filho de Modesto Roma, membro da diretoria de futebol do Santos, e endereçado a Adamir Menezes (primo de Ademir), e José Rozenblit, ambos dirigentes do Sport, atestam a que a oferta do Santos, de fato, aconteceu.

Mas o acerto não foi pra frente porque a proposta do clube alvinegro não agradou. O motivo? A pouca idade de Pelé – que se consagraria, quase um ano depois, campeão da Copa de 1958 com a Seleção – e o tempo curto de contrato oferecido, de apenas quatro meses.

Vasco esperou demais… E perdeu o Rei

Meses antes do desacerto com o Sport, o Vasco havia entrado na jogada para ter Pelé. Também não deu certo. O curioso é que o Rei, diga-se, chegou a vestir a camisa do clube de coração, em um combinado entre o Cruz-Maltino e o Santos, no Maracanã, pela Taça Morumbi.

E foi justamente o desempenho do craque no torneio, formado por jovens dos dois times, que minou a chance do Vasco em contratá-lo.

O atacante, à época com 16 anos, atuou por quatro partidas. Brilhou com um hat-trick sobre o Belenenses, de Portugal, e também marcou nos empates em 1 a 1 com o Flamengo e Dínamo Zagreb, da Croácia.

O Santos, que tinha oferecido Pelé aos cariocas antes das partidas, recebeu um ”não” do diretor Antônio Calçada. Ele queria esperar para ver o Rei em ação. Depois do camisa 10 estourar no Rio, viu que era tarde demais. O Peixe não quis mais conversa.

Grêmio também bateu na trave

Ainda antes do estrelato, assim como aconteceu com Sport e Vasco, Pelé esteve na mira do Grêmio. Em março de 1957, o Santos fez uma excursão para disputar amistosos no Rio Grande do Sul.

O Imortal aproveitou a oportunidade e fez uma consulta pelo Rei, que chegaria no clube por empréstimo – contou Pelé ao jornal Zero Hora, em entrevista em 2013. Os gaúchos acabariam ficando com outro jovem, conhecido como Chinesinho.

– Uma história verdadeira. Quando já estava no Santos, no início da minha carreira, ocorriam alguns empréstimos de jovens para pegar experiência. O Santos fez uma excursão pelo Sul. Jogamos em Pelotas, Rio Grande e quase que eu fico no Grêmio, quase fui emprestado. Houve uma consulta por alguns jovens e eu era um deles. Depois saiu o Chinesinho. De vez em quando, eu brinco, quase reinicio no Sul, na equipe do Grêmio – revelou.

Na rodada de amistosos pelo Sul, o atacante disputou oito jogos e marcou dois gols. Nos próximos três meses, Pelé, entretanto, marcou 20 vezes, conseguindo a convocação para a Seleção pela primeira vez.

Botafogo

O Botafogo chegou perto de contratar Pelé em 1963, conforme estampou o ”Jornal do Brasil” em 20 de agosto daquele ano. O Rei estaria insatisfeito em atuar no Campeonato Paulista e queria ir para o Fogão por empréstimo.

– Pelé vê a possibilidade de jogar no Rio até o fim do ano com grande simpatia e até mesmo com entusiasmo, pois sente que, pelo menos por enquanto, estão liquidadas suas condições de continuar disputando o Campeonato Paulista, onde é injustiçado, ofendido, injuriado e vaiado a todo momento – afirmou Pepe, o ”Gordo”, empresário do Rei do Futebol, ao jornal.

Com o desenrolar das notícias, a torcida do Peixe mudou de atitude, ”abraçou” o Rei, e ele permaneceu na Vila Belmiro. Para frustração da diretoria do Alvinegro carioca.

Pelé, um camisa 10 caseiro

O arroz e o feijão, comidas típicas brasileiras, pode-se dizer que foram importantes para a permanência de Pelé no Brasil. Já vivendo o estrelato na carreira, o Real Madrid quase assinou com o craque santista – a primeira tentativa ocorreu em 1959; a segunda, uma oferta milionária, em 1961.

O atacante era desejo de Santiago Bernabéu, ex-presidente que hoje dá nome ao estádio do clube merengue. Uma oportunidade, na época, de seguir contratando nomes de peso, como Di Stéfano. Mas…

”A vontade de ficar em casa foi maior. Prefiro seguir no Brasil para não ficar sem arroz e feijão”, disse o Atleta do Século, em 2020.

Italianos fazem leilão, mas não levam o craque

Ao leste dos olhos madridistas, clubes italianos chegaram a fazer um leilão por Pelé, em 1961. Jornais da época dão conta que Inter, Juventus e Milan ofereceram 600 milhões de liras ao Santos pelo atacante. Irredutível, o Peixe preferiu segurar a sua joia.

”No início da minha carreira, Angelo Moratti [então presidente da Inter] fez uma proposta, mas o Santos recusou. O clube também disse não à Juventus de Agnelli e, por isso, fiquei no Brasil”, contou Pelé, em entrevista ao jornal Corriere dello Sport.

Fonte: Globo Esporte

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1 comentário
  • Responder

    Perdemos duas libertadores e dois mundiais sem o Pelé! Dinamite agradece kkkk

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