Quintero fala sobre momento no Vasco, amizade com Rogério Ceni e exalta torcida
O zagueiro Quintero fez bastante elogio ao elenco do Vasco da Gama, exaltou a torcida e considera Rogério Ceni como um pai.
A paixão por futebol e por tatuagens surgiram ainda na infância, e o zagueiro Quintero as uniu, marcando na pele também lembranças da trajetória que o mundo da bola o fez trilhar. O desembarque mais recente foi no Vasco, onde chegou como reforço para a Série B do Campeonato Brasileiro e faz parte de um sistema defensivo que vem sendo elogiado até aqui.
O jeitão de xerife logo dá brecha aos sorrisos quando o colombiano fala da relação com a família, Brasil e, atualmente, o Cruz-Maltino. Entre elogios ao elenco e exaltações à torcida, o camisa 2 afirma que o grupo tem de focar no presente para alcançar os objetivos traçados para a temporada.
Quintero, inclusive, viu de longe a vitória do Vasco sobre o Náutico, na última terça-feira (7), mas retorna de suspensão contra o Cruzeiro, no Maracanã que estará lotado, visto que todos os ingressos já estão esgotados.
Ainda é cedo para dizer se o zagueiro vai marcar seu nome na rica história vascaína. Do jeito que o jogador vive de modo intenso sua carreira, porém, talvez não seja tão difícil assim, todavia, que o Vasco possa virar (mais) uma marca em seu corpo. As tatuagens já são uma atração visual em jogos do time.
“Isso começou desde criança, muito pequeno (risos). Lembro que até brincava com a minha mãe, quando eu tinha uns 6, 7 anos. Não sei se aqui vendia aquele chiclete e vinha uma tatuagem que saía depois com água, e eu chegava da escola com o braço cheio. Cresci e comecei a fazer, e cada tatuagem tem um significado, algo especial para mim, ou um momento da minha vida que marcou muito. Acho que a que mais me marca é a tatuagem em homenagem ao meu filho, que é a maior bênção que Deus deu em minha vida”, conta o zagueiro, que é pai de Thiago, que nasceu em setembro de 2020.
“É algo meu mesmo. Tatuei na Colômbia, na Espanha, aqui no Brasil. Sempre que fui, tatuei, até para levar uma coisa de cada lugar onde fui. A do meu filho, por exemplo, tatuei em Fortaleza… Levo essas lembranças”, completou.
Natural de Cali, Quintero é um colombiano bem brasileiro. Com a camisa do Vasco, o zagueiro está na quarta temporada no país. A primeira experiência foi em 2019, no Fortaleza, clube com o qual ainda tem vínculo — está em São Januário por empréstimo até o fim do ano.
“[Relação com o Brasil] É muito linda. Começando que meu filho nasceu aqui no Brasil. Fico feliz por isso, meu filho é brasileiro. Minha esposa já está muito acostumada. Meus pais, quando vêm aqui, também amam o Brasil. E a cultura é muito similar à cultura do meu país, a comida, o clima… Brasileiro é muito receptivo com os estrangeiros. Estou super adaptado e espero continuar muitos anos aqui e, se for no Vasco, melhor.”
A amizade com Rogério Ceni
No clube cearense, inclusive, construiu uma ligação com Rogério Ceni, hoje treinador do São Paulo.
“O Ceni é como um pai para mim. Eu gosto muito dele, ele gosta de mim, e aprendi muito com ele. Muita coisa para a minha vida pessoal e futebolística. Quem sabe um dia ele não esteja aqui no Vascão, para eu compartilhar com ele de novo (risos). Sempre nos falamos, até hoje. Natal, aniversário… A gente é muito próximo. Era quase um pai para mim e ficamos com uma relação muito boa”, lembrou.
No Leão do Pici, Quintero fez parte de uma geração que conquistou a Copa do Nordeste de 2019 e venceu três estaduais, integrando um momento de retomada do clube, que culminou com a inédita classificação à Libertadores deste ano.
“Fico feliz pelo momento, o status que o Fortaleza conseguiu alcançar. Quando joguei, esse era um dos principais objetivos. O primeiro, era permanecer na Série A. Fico feliz por eles. Sempre levo uma lei para a minha vida: ‘quando faz as coisas certas na sua vida, chega um momento que tem de dar certo’. E acho que lá o presidente, a diretoria, são uns caras excepcionais, vêm fazendo as coisas certas. Por isso que o Fortaleza está onde está hoje.”
Momento no Vasco
Após um ano em que o sistema defensivo foi o calcanhar de Aquiles do time, o Vasco tem, até aqui, uma das defesas menos vazadas na Série B do Brasileiro, um dos triunfos da passagem do técnico Zé Ricardo — que deixou o clube no último fim de semana, após aceitar proposta do Shimizu S-Pulse, do Japão.
Integrante da equipe base, Quintero vem formando dupla com Anderson Conceição, mas ressalta que o sistema tem de ser analisado como um todo, e faz elogios ao ambiente do elenco.
“Acho que encaixamos muito bem, sabe? Acho que, quando falamos ‘defensivamente’, não é só a parte da defesa. Começa com o Raniel, Getúlio, Pec, Figueiredo, Nenê… É um conjunto. Acho que estamos, cada vez mais, encaixando melhor a ideia de jogo. Feliz porque é uma coisa que conseguimos melhorar e temos de ser cada vez melhores”, disse.
“O ambiente é muito bom, é uma família aqui. Eu já tive times com muita discórdia, ciúme de quem joga e quem não joga. Aqui não, aqui é tudo muito natural, grupo muito unido. Se respeita muito a decisão da comissão técnica e isso faz com que se forme uma família. Isso é muito bom para o andamento no campeonato, porque vamos precisar de todo mundo. Todo mundo vai ser importante em um momento”, afirmou.
O camisa 2 também exalta a torcida cruz-maltino, que, neste início de competição, tem feito a diferença nas partidas em casa. Amanhã (12) a promessa é que o Maracanã esteja lotado.
“Eu falo com muito orgulho da torcida do Vasco. Acho que temos de nos doar sempre, 200% em campo para dar uma alegria a eles. Claro que à família da gente, ao clube, mas esses caras são diferentes. Em cada aeroporto que vamos está lotado, São Januário sempre lotado… Fomos a Manaus, 40 mil pessoas. É diferente e acho que temos de valorizar isso, e aproveitar também a torcida que a gente tem.”
A torcida, porém, começou a temporada envolta a diversas incógnitas após o fracasso de 2021, quando o Cruz-Maltino não conseguiu o acesso à Série A.
“A gente entende a parte do torcedor, é normal. Não é apenas o ano passado, são muitos anos que vê o clube na situação complicada, mas acho que esse time se tornou muito forte mentalmente, e deixamos lá para trás. Temos de focar em conseguir o nosso objetivo nesta temporada. Isso que temos de colocar o foco máximo, se não vai se desgastar com algo que está no passado. Tem de focar no presente.”
Conselhos e mira em legado
Quintero iniciou a carreira no Deportivo Cali, clube que defendeu por mais de cinco temporadas. Lá, foi companheiro de alguns nomes que, posteriormente, também se tornaram notórios no futebol brasileiro. Dentre eles, Cuellar, velho conhecido da torcida do Flamengo.
“Ele foi o primeiro com quem que falei [quando surgiu a proposta para vir ao Brasil], me disse que eu podia ir na hora. Ele me passou alguns contatos de confiança, me apoiou em algumas coisas. Falei também com o Manga Escobar, que jogou aqui no Vasco. Conversei com vários companheiros.”
O zagueiro cruz-maltino fez parte de uma geração colombiana que ganhou o mundo, e acredita que pode deixar um legado importante para o futebol do país natal.
“Acho que mudou o patamar da Colômbia a nível mundial. Acho importante isso, quando sai de um país para o outro, abrir as portas para outros meninos que têm o sonho de jogar fora. Eu, pessoalmente, penso muito nisso, em abrir as portas para os mais jovens. Já me perguntaram sobre jovens jogadores do meu país, e isso é bom porque mostra que você está deixando um legado, mostrando que os colombianos jogam bem, são boas pessoas. Você abre portas.”
Ídolos
Questionado sobre ídolos, Quintero cita o italiano Fabio Cannavaro e o espanhol Sergio Ramos, mas diz que sua referência é o compatriota.
“O Cannavaro, zagueiro italiano, gostava muito dele. O Sergio Ramos também. Mas um dia eu estava conversando com um senhor que considero muito inteligente que me disse: ‘sempre que for elogiar alguém, elogia alguém que esteja perto de você para seguir os passos dele’. Comecei a colocar sentido no que ele falou. Tem um companheiro meu, Jeison Murillo, que agora está na Espanha [no Celta de Vigo], que considero meu ídolo e o levo como referência.”
Fonte: Uol