Talles Magno lamenta situação do Vasco e revela torcida para o Clube voltar à Série A
Talles Magno afirmou que acompanhou quase todos os jogos do Vasco da Gama e torce para que o Clube retorne à Série A.
Passada a euforia da contratação e da apresentação oficial, Talles Magno se deparou com a realidade nos Estados Unidos. Aos 18 anos, morando sozinho em Nova York, ele precisava não só se adaptar à vida num país diferente, como também se recuperar de uma entorse no joelho.
Como esperado, não foi fácil. Vendido pelo Vasco ao New York City FC, o atacante demorou a engrenar no novo clube. Precisou recomeçar, ficar seis semanas parado para cuidar de vez da lesão até voltar aos campos. A paciência deu resultado: no último sábado, fez o gol do título da Conferência Leste, na vitória por 2 a 1 sobre o Philadelphia Union.
Agora, 100% fisicamente e mais confiante, Talles se prepara para o novo desafio. Neste sábado, o New York City FC enfrenta o Portland Timbers pela MLS Cup, a finalíssima da liga norte-americana.
– Foi difícil, mas eu me recuperei da lesão e pude fazer o gol do título. Está tudo ocorrendo conforme deveria ocorrer. Tive que ficar parado. Cheguei aqui, não tinha força e velocidade para jogar com eles. Nessas seis semanas parado, dei meu máximo na academia. Quando voltei, era outro Talles. Agora, estou deixando a minha marca e trabalhando ao máximo para que possa ter minha vaga na equipe – contou o atacante ao ge.
O início de Talles foi difícil a ponto de o atacante ligar para profissionais do Vasco e pedir ajuda. Ele ainda se recuperava de uma artroscopia no joelho, realizada ainda pelo clube carioca, quando chegou ao New York.
– Naquela ansiedade de mostrar meu futebol, eu acabei piorando. Meu joelho inchava, e eu ligava para os médicos do Vasco, pedia para eles me ajudarem, comprava aparelho de fisioterapia. Eu jogava um jogo, o joelho inchava, eu ficava em casa treinando e fazendo fisioterapia sem ninguém saber o quanto foi difícil. Chegou um tempo que o pessoal do clube descobriu.
– Eles me perguntaram: “Você quer ficar sem jogar?”. Eu falei: “Eu não quero ficar sem jogar. Se vocês não me tirarem de campo, eu vou jogar mesmo machucado. Não quero ficar fora”. Eles entenderam, me proibiram de treinar e passei a recuperar com eles. Fiquei de cinco a seis semanas sem jogar, recuperando o meu joelho. Sou muito grato aos profissionais do New York, porque hoje estou bem – completou.
Surpresa com o futebol local
A questão física não foi o único entrave no processo de adaptação de Talles aos Estados Unidos. Ele ainda mora sozinho em Nova York e não vê a hora de os familiares tirarem o visto para ficarem com ele. Enquanto isso, se vira contra o frio e o futebol completamente diferente do que imaginava.
– Minha adaptação foi muito difícil mesmo. No começo vim para cá achando que era uma coisa, cheguei aqui e era totalmente diferente. Além de ficar parado, dentro de campo eu não estava bem. Eu ia para os treinos e os jogos e não ia bem, não era quem eu sempre fui. Não ia para cima, não driblava, não conseguia jogar. O jogo aqui é mais rápido, mais corrido. Foi difícil demais. Mas coloquei minha cabeça no lugar, trabalhei quietinho no meu canto. Mesmo sendo difícil, não abaixei a cabeça.
– Tentei igualar na força e na velocidade deles. Com o pouco que igualei, sobressaiu a qualidade técnica, quem eu sou. De um tempo para cá vim melhorando. Tenho muito que melhorar ainda. Não estou no ponto exato que eu queria estar, mas melhorou bastante de um tempo para cá. A língua é difícil de entender. A adaptação foi um pouco demorada, um pouco difícil, mas fui recompensado – analisou o brasileiro.
De olho no Vasco
Fora de campo, Talles começa a se aventurar nos restaurantes de Nova York. Ele já incorporou o reggaeton à sua trilha sonora, embora ainda prefira o gospel e o pagode brasileiros e comece a abrir os olhos em relação ao Hip Hop, originário da cidade onde vive atualmente.
Neste processo, Talles também mantém a ligação com o que deixou no Brasil, como o Vasco.
– Assisti a quase todos os jogos. Torço, vibro. Além de ter carinho pelo clube, tenho muitos amigos aí. Sei que foi difícil esse ano. Sou muito grato ao Vasco por tudo. Torço muito para que consiga se reerguer, voltar para a Série A, de onde nunca deveria ter saído. É um clube grande, de tradição. Todos nós, torcedores do Vasco, temos que vibrar, buscar e conseguir reerguer o clube. É muito importante que o clube esteja na Série A, disputando, no auge mais uma vez. É duro ver o Vasco dessa forma, mas tenho certeza que vai dar a volta por cima. Estou torcendo muito daqui. Sempre sendo grato ao Vasco e sempre levando a cruz de malta, porque todos vão saber de onde saí – disse o garoto.
No New York City, um afiliado do Manchester City, Talles também tem buscado evoluir dentro de campo. Ele tem trabalhado cada vez mais como centroavante, mas contou que também foi usado em outras funções, inclusive como volante. Para ele, é a oportunidade de ter mais informações.
Contra o Philadelphia Union, por exemplo, o gol marcado foi típico de centroavante. Ele recebeu cruzamento na pequena área e completou para o gol vazio. Até agora, ele balançou as redes três vezes pelo New York. São 17 jogos, apenas cinco como titular. Um processo de adaptação e aprendizagem a longo prazo.
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Acompanhamento do Manchester City
– O pessoal do Manchester City sempre vai no CT, vê nossos treinos e nossos jogos. Tem os coordenadores, que sempre estão em contato com o pessoal, estão sempre no CT. Na final, tinha um dirigente do grupo City. Por mais que seja filial, eles estão bem perto de nós, nos acompanhando.
Novas funções em campo
– Eu estou me sentindo muito feliz, muito bem. Não só de centroavante, como de ponta. Ganhei isso em todos os treinamentos. O treinador me coloca de ponta-esquerda, no outro estou de centroavante, no outro na ponta direita. No outro eu jogo de 10. Estou aprendendo muitas informações e muitas funções. Estou levando comigo para a minha carreira essas adaptações, porque é muito bom aprender a jogar em mais de uma posição. Eu já aprendi a jogar de meio-campo, de centroavante, que eu já gostava, de ponta eu também já gostava. Aprendi a jogar de número 10, de ponta-direita, já treinei também de volante. Isso só agrega na minha carreira.
– Eu gosto muito da posição de centroavante. Não sei como me vejo no futuro, por isso estou aprendendo cada vez mais funções. Onde precisar, estarei e darei meu máximo. Estou trabalhando para ser sempre o melhor. É difícil, é duro, mas temos que ter isso na nossa cabeça. Ter o melhor de você em todas as funções.
Torcedores nos EUA
– Eu me surpreendi. Achei que os torcedores daqui não eram tão quentes quanto os do Brasil. Desde que cheguei aqui, cada jogo tem muita gente no estádio, tem torcida organizada. Na semifinal a torcida organizada foi no CT, bateram lá, gritaram, deram apoio para a nossa equipe. Me surpreendeu bastante. Achei que não estaria dessa forma. A torcida aqui é muito perto do nosso grupo também e tem um acesso melhor que no Brasil. Os torcedores às vezes vão no CT ou no hotel, todos nós temos que ir lá assinar, numa fila bonitinha. Aqui é mais regrado, mas a torcida é muito boa também.
Importância do gol do título da conferência
– Significa muito. É uma primeira final para mim. Me faz entender que eu tenho um valor no grupo, mesmo entrando pouco. Tenho três gols. Estou trabalhando ao máximo nos treinos, dando o meu melhor. É muito importante para o decorrer do ano que vem, para o fim desta temporada, ter um espaço na equipe e logo, logo poder começar jogando. Ser quem eu quero ser, como fui no Brasil. Quero ser destaque da MLS também.
Fonte: Globo Esporte