Discreto, Martín Silva cria seu estilo de liderança no Vasco
O goleiro Martín Silva surpreende e chama a atenção pelo estilo diferente que tem dentro e fora dos gramados.
Mesmo há cinco anos no Vasco, Martín Silva ainda é capaz de surpreender pela frieza no trato nos períodos de concentração do elenco. O goleiro é descrito quase como antissocial, devido à distância que mantém em relação aos outros jogadores em diversos momentos. É justamente essa característica que permite o uruguaio ser o capitão que cobra sem ter rabo preso com ninguém.
Foi o que aconteceu no intervalo da partida em Sucre, contra o Jorge Wilstermann. Em meio ao abatimento generalizado do elenco, os três gols sofridos e o medo real de perder uma vaga tida como certa na fase de grupo da Libertadores, foi Martín Silva quem falou. Cobrou duramente os companheiros. Reclamou da postura do time.
Os três pênaltis defendidos na Bolívia deram mais luz ao jogador que há algum tempo é a principal referência do Vasco, mas que por seu estilo fechado, muitas vezes não é lembrado tanto quanto deveria. Martín Silva foi quem fez as críticas mais duras ao clube no começo do ano, quando a indefinição política estava no auge. Falou sem medo de represálias, afinal, quem deve é o Vasco, não ele.
Seu profissionalismo tem resistido à dívida de R$ 1,2 milhão que o clube possui com o goleiro, acumulada desde que foi contratado, em 2014. Vice-presidente de futebol da gestão Alexandre Campello, Fred Lopes é próximo do empresário do jogador, Régis Marques, com quem tem tido conversas para acertar o pagamento do passivo milionário. A divida herdada pelos dirigentes atuais inclui premiações e direitos de imagem acumulados.
Contrapartidas não financeiras
Martín Silva já teve oportunidades para deixar o Vasco, mas não o fez. Recebeu proposta do São Paulo e recusou, mesmo com o dinheiro que o clube da Colina deve. No ano passado, tratou com Eurico Miranda a renovação de seu contrato até dezembro de 2020. Se cumprí-lo até o final, chegará a sete temporadas seguidas em São Januário.
Tanta disposição em permanecer, mesmo com as crises que viu em São Januário, tem sua contrapartida. O uruguaio alcançou status no Vasco que lhe permite certas concessões. Na partida contra a Cabofriense, na Taça Guanabara, Zé Ricardo chegou a cogitá-lo na viagem, quando o restante da equipe era reserva, com exceção de Nenê. Martín Silva alegou que preferia ficar. Gabriel Félix jogou.
Devidamente autorizado pela diretoria, Martín Silva também já aproveitou dias a mais nas férias. O goleiro, por outro lado, também já pediu dispensa de convocações para a seleção do Uruguai, em 2016, e seguiu defendendo o Vasco, na época na Segunda Divisão. Tal gesto foi mais um a ajudá-lo a cair nas graças da torcida.
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