Entrevista coletiva de Zé Ricardo após o jogo contra o Volta Redonda

O técnico Zé Ricardo citou dificuldades encontradas diante do Volta Redonda e elogiou a produção ofensiva do Vasco da Gama.

Nenê comemorando gol com Zé Ricardo comemora com Nenê
Nenê comemorando gol com Zé Ricardo comemora com Nenê (Foto: Thiago Ribeiro/AGIF)

Foi com vitória que o técnico Zé Ricardo reestreou no Vasco. Na noite desta quarta-feira, no Raulino de Oliveira, o time venceu o Volta Redonda por 4 a 2 e com boa atuação. O treinador elogiou o desempenho ofensivo, mas citou a dificuldade da partida, apesar do resultado. Ele também vislumbra uma boa margem de crescimento e evolução para a equipe ao longo do Carioca.

– Acho que toda equipe que estreia numa competição, numa temporada, tem também uma margem de crescimento. A gente acredita também que possa aumentar essa margem de crescimento. Hoje tivemos uma partida muito difícil. Volta Redonda faz um dos melhores trabalhos, depois das quatro equipes grandes. Muito difícil jogar aqui. Lembrar que o Volta Redonda já vem trabalhando desde o dia 25 de novembro. Conseguiu fazer seis amistosos nesse período, e a gente conseguiu fazer apenas dois. Com isso, já era esperado que nós não apresentássemos 100% do nosso rendimento e daquilo que a gente acredita. Mas o que eu falei para eles antes do jogo era que a gente tinha que procurar fazer o máximo daquilo que trabalhamos. Se a gente fizesse isso, seríamos competentes para conseguir um bom resultado.

– Fizemos um primeiro que já era esperado o Volta Redonda pressionar a gente, exatamente por essa diferença de preparação e jogando em casa. A equipe tem muitos comportamentos ofensivos interessantes, e certamente passar daquele momento de pressão, e se assentar no jogo foi acho que o ponto principal da nossa equipe. Depois, na volta do segundo tempo, o quarto gol acabou nos dando tranquilidade. Apesar da gente tomar o segundo gol, acho que a experiência de alguns jogadores ajudaram a controlar a partida e levar os três pontos na primeira rodada – analisou Zé.

Zé comemorou o fato de o time ter conseguido aplicar coisas que foram treinadas, mas freou a empolgação e lembrou que o Vasco é um time em formação.

– Acho que algumas coisas nós conseguimos aplicar, mas até pela pressão da estreia, pelo tempo pequeno que nós tivemos, pela questão da confiança de alguns jogadores que estão vestindo a camisa do Vasco pela primeira vez, que é muito pesada, sabíamos que uns iam sentir mais que outros. Meninos que tiveram problema no ano passado, também dar confiança para que pudessem jogar. Muito disso acaba influenciando. Momento de construção a gente já conseguiu alguma coisa, de saída de bola. Tivemos um gol numa jogada ensaiada também, que a gente entendia que poderia acontecer e acabou acontecendo. As nossas transições ofensivas também.

O Vasco volta a jogar no sábado, às 21h, em São Januário, contra o Boavista.

Outros trechos

Elogios à garotada

O trabalho que é feito nas categorias de base do Vasco é de excelência. Temos aqui ótimas pessoas, que pensam a base com uma cabeça bem atual. Conhecemos a base, temos a ajuda de Carlos Brasil e do Eduardo Húngaro, que ficaram muito tempo nessa transição. A gente sabe que a transição base-profissional tem muitas armadilhas, e também muita responsabilidade. No futebol brasileiro, é muito comum atleta ser colocado no fogo, e ter que responder de imediato. O que a gente quer é proteger nossos atletas, sem ser paternalistas, mas a gente quer proteger nossos atletas, porque temos certezas que eles tem condições de responder a aqueles estímulos que nós damos a eles.

Ulisses e Juninho

Hoje fiquei muito feliz de ver o Ulisses, quase dois, três anos de entra e sai, sendo pouco efetivo. Ele estava um pouco tenso, natural. O Juninho fez a primeira partida no profissional que ele inicia e termina. Foi coroado com um gol muito bonito, mas fez uma partida bem acima da média, que talvez a gente esperasse do jogador. Ainda precisamos corrigir bastante coisa, mas fiquei muito feliz com o rendimento dele.

Nenê

O Nenê é um jogador que acaba ajudando muito nas fases do jogo, principalmente quando ele tem mais espaço para jogar. Com isso, a gente cria algumas movimentações para ele render mais, próximo do gol, dando assistências, pisando na área, além do carisma e liderança que ele tem. Hoje pensei em tirá-lo da partida, para preservá-lo. Ele teve Covid no início do ano, perdeu sete dias de pré-temporada, mas mesmo assim mostrou condição de chegar na idade que tem produzindo. Ele é um exemplo para todos nós, e por toda simbologia que ele tem, bem na partida, resolvi mantê-lo nos 90 minutos. Importante também o trabalho dos atacantes. Entendemos que futebol precisa de equilíbrio, e começa na parte da frente. Nenê se doou, fez a parte dele. Raniel também muito bem, quebrando a primeira linha. Figueredo entrou também com essa mesma função. E mesmo não sendo especialista, tanto o Isaque pelo lado esquerdo, e o João Laranjeira conseguiram fazer o que a gente pediu para eles. Todos de parabéns pela entrega, certamente o rendimento tem muito a melhorar, mas o jogo que vai dando essas medidas para a gente, e dizendo onde a gente precisa atacar diariamente.

Pec e outros garotos

O Pec já tem mais números constantes no profissional, mas mostrou que pode ser fundamental para nossa temporada. Depois entrou o Figueredo, que vem numa confiança muito grande. Confirmou isso pressionando bastante os zagueiros do Volta Redonda, e ajudando também na recomposição. Tivemos infelizmente pouca participação do João Laranjeira. Riquelme também entrou. Acho que a gente precisa dar carinho para esses jogadores, sem ser paternalista, porque o futebol profissional exige que o atleta amadureça e se transforme muito rápido. Ainda mais num clube que vem pressionado, como é o Vasco. A torcida quer muito ver as coisas aconteceram, mas se tratando dos meninos, a gente precisa ter paciência, que vão render bons frutos ao clube.

Laterais

O Edimar e o Weverton já têm um entrosamento natural, por terem vindo da mesma equipe, o RB Bragantino, clube que a gente tem uma parceria interessante. São dois jogadores que sempre trabalharam em alto nível. Edimar tem experiência em times grandes, o Weverton ainda no início da carreira. A gente apostou nele porque é um jogador de muita capacidade física, que ainda está em evolução. Acho que o entrosamento deles é natural, além de algumas estratégias que a gente tem dentro do campo para aproveitar ao máximo os dois.

Hoje por não ter o Galarza e o Matheus Barbosa, quando a gente perdeu o Yuri, sabia que a gente teria dificuldade para trabalhar com dois homens a frente da zaga. Só o Juninho, que ainda não tinha jogado uma partida inteira, e o Edimar surgiu no momento da contusão do Yuri. Nós não trabalhamos com ele na frente da zaga, a não ser no posicionamento ofensivo da equipe. Ele entendeu o que precisava fazer. Feliz por eles dois. Na próxima partida, a gente já deve ter a estreia do Barbosa e do Galarza, para dar mais opção no setor.

Raniel e Bruno Nazário

Raniel é um atleta com muita qualidade técnica, que ataca o espaço, e muito dedicado no dia a dia. A conversa que tive com ele no telefone foi definitiva para que a gente tomasse a decisão de apostar nele, mesmo sendo um jogador com desconfiança. Torço muito por ele, para que ele possa retomar a carreira dele, porque certamente é um potencial muito grande. Ele está muito focado, tomara que o gol aumente a carreira dele. Parece que já está no Vasco há algumas temporadas, ambientado com os companheiros, com local de trabalho. Tem um astral muito grande no dia a dia. Participa de bola parada, na organização da equipe. Ou seja, todos os aspectos que um treinador precisa para ter confiança num jogador, ele tem. A sequência, são eles que vão me dar os sinais de que merecem. No que depender de confiança minha, vai estar jogando sempre.

Sobre o Bruno, complicado falar. Nós conversamos em duas oportunidades com ele. Falamos sobre a importância de vestir a camisa do Vasco, terminar a formação dele, mas infelizmente, ele e quem estar ao redor, decidiram por isso. Não tenho informação de ter entrado na justiça, mas é uma pena. Jogador de muita qualidade, mas tem que estar com a cabeça no Vasco. Porque não podemos tirar espaço de outro atleta, por conta um que não quer. Tomara que consiga dar sequência na carreira. Mas é o que eu falei: jogadores que vão estar no Vasco esse ano, são os que querem estar aqui. Os onze que vão entrar em campo apenas representarão nosso elenco todo. Eles estão comprando essa ideia, tomara que consigamos bons resultados, para isso acontecer cada vez mais.

Processo desafiador

Sem dúvida tem muita coisa pela frente. Acho que o processo ideal de uma temporada para outra é manter sua base. Esse processo no Vasco esse ano, não pode ser feito. A gente espera que nas próximas temporadas, a gente não precise trazer tantos jogadores. Esse processo desafiador, foi me dada essa responsabilidade, e junto com Carlos Brasil, com a direção, com o presidente, a gente está tentando entregar ao elenco do Vasco jogadores que se comprometam com a camisa, e que a gente consiga fazer uma temporada de êxito.

Jogo contra o Boavista

É um processo longo ainda. A gente ficou muito feliz pelo resultado, talvez a gente entenda que tem coisas que a gente errou, que mesmo sendo uma estreia, a gente não pode errar. Agora é comemorar, celebrar a vitória, que é importante. O futebol é um meio de muita pressão. Importante que os meninos relaxem um pouco hoje, e amanhã já preparar a equipe para o Boavista.

Expectativa para temporada

Não esperava um resultado desse. Sabia que o jogo seria difícil, apesar do placar mais elástico. A gente fala isso quando é ao contrário, placar foi surpreendente na questão numérica. Mas é normal num primeiro momento. Todas as equipes treinam para a competição. Acho que eles começaram bem, mas abriram alguns espaços para a gente. Tínhamos a ideia de deixar o Pec mais solto, que consegue fazer a recomposição e também chegar na frente com muita facilidade. Mas 3 a 0 não esperava. Assim como não esperava tomar um gol numa bobeira nossa. Mas acontece, falta entrosamento, que vai ser dado no decorrer da temporada. Sobre ser patinho feio, incomodar, incomoda. É uma realidade dura que estamos vivendo, e com a força da nossa torcida, que inclusive foi um ponto muito positivo.

No vestiário, trocando de roupa, escutei a torcida muito forte. Não imaginava que teria tanta gente. Uma torcida que nos apoiou o tempo todo. Se a gente conseguir mostrar o que eles querem, a gente vai ter eles ao nosso lado. O resultado nem sempre vai vir, mas se a gente fizer isso, a gente se aproxima do resultado. Futebol nem sempre é doação, mas também com estratégia, organização. Foi o que falei com eles: o pouco que temos, temos que ter 100% daquilo. Feliz pelo resultado, mas sabemos que precisamos evoluir.

Fonte: Globo Esporte

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