Entrevista coletiva de Zé Ricardo após o jogo contra o Bangu
O técnico Zé Ricardo falou sobre o desempenho do Vasco da Gama na vitória sob o Bangu, pelo Campeonato Carioca.
Em mais um jogo de paciência, o Vasco conseguiu superar o primeiro tempo ruim para vencer o Bangu por 2 a 0 na noite desta quinta-feira, em São Januário, pela sétima rodada do Campeonato Carioca. Com dois gols na etapa final, Zé Ricardo usou estratégia de uma partida de xadrez para conseguir o resultado que deixa o time perto das semifinais da Taça Guanabara.
– A gente sabia que seria praticamente um jogo de xadrez, o Bangu é um time que maneja bem a bola. No primeiro tempo faltou um melhor tempo de marcação, o Bangu tentava atrair a gente para jogar no campo de ataque deles para jogar nos espaços que porventura pudessem deixar e, como a gente não acertou o tempo de marcação, eles acabaram encontrando esses espaços. Realmente fomos abaixo do que tínhamos planejado de estratégia no primeiro tempo – avaliou Zé Ricardo em coletiva após o jogo, e completou:
– No segundo tempo corrigimos, a equipe voltou mais sincronizada sem a bola e, com a bola, também teve boa posse e conseguiu criar possibilidades. Sabíamos que quando abríssemos o marcador poderíamos encontrar muitos espaços, principalmente nas costas dos laterais do Bangu. Essa vitória nos leva a 16 pontos e nos deixa próximos do primeiro objetivo que é a classificação entre os quatro para depois buscar o título da Taça Guanabara.
Antes de iniciar a análise sobre a vitória, Zé Ricardo lembrou das vítimas das chuvas de Petrópolis e enalteceu a atitude do Vasco, que está arrecadando doações para ajudar os afetados e vai leiloar as camisas do jogo contra o Bangu em apoio aos moradores da cidade serrana do estado do Rio.
– Acho importante frisar nossa solidariedade aos afetados pelas chuvas de Petrópolis e parabenizar o Vasco pela iniciativa da arrecadação dos donativos. Todos os clubes estão fazendo isso, e o Vasco, como não podia deixar de ser, utilizando toda sua força para ajudar o povo de Petrópolis – disse Zé.
De olho na sequência da temporada, o técnico falou também sobre a expectativa por reforços. Com dificuldades financeiras, Zé defende que o Vasco precisará ser criativo e não descarta olhar para os estaduais em busca de boas oportunidades.
– O Vasco está sempre observando, a dificuldade é muito grande, e estamos tentando montar um grupo com criatividade em cima de muito trabalho. O perfil que queremos é de um atleta competitivo, que tenha saúde para suportar uma temporada achatada, estamos atentos e sabemos que precisamos de opções de velocidade. Os estaduais são sempre boas opções para trazermos jogadores num nível financeiro que o clube possa arcar – afirmou o treinador.
Com a vitória, o Vasco chegou aos 16 pontos, mesma pontuação que o Botafogo, mas está à frente do rival, em terceiro lugar, pelos gols marcados. O time de Zé Ricardo volta a campo no próximo domingo, às 18h30, para enfrentar o Audax, no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.
Outras declarações de Zé Ricardo
Nenê
– É sempre difícil falar de atuações individuais num jogo que é estritamente coletivo, mas realmente o Nenê tem essa capacidade de fazer o jogo simplificar nos momentos mais difíceis e hoje também ele foi muito feliz. Importante a presença dele, dá confiança aos atletas.
Parte psicológica após ano difícil
– É um trabalho que está dentro dos nossos objetivos para a temporada, que a gente possa tentar recuperar os atletas da base, em especial, porque são jogadores de capacidade, cada um reagiu de uma forma no ano passado e agora com a gente. Mas a intenção principal é dar confiança e prepará-los para jogar. A torcida hoje foi sensacional, mesmo no primeiro tempo, quando não estávamos bem. Os jovens fazem um trabalho com todos para retomar a confiança, o que passou tem que servir de lição para o crescimento deles.
– Começamos hoje com o Riquelme, sentiu um pouco a falta de ritmo, por isso tirei ele. Mas importante a evolução do Juninho, Pec, Matías, Ulisses, que hoje descansou. Estou feliz pela entrega, sei que precisamos melhorar nessa questão sem bola, mas nas três últimas partidas sofremos apenas um gol, o que mostra evolução.
Recém-chegados
– O Luiz Henrique, o Quintero e o Zé Gabriel são jogadores que vão ajudar. O Luiz tem características de criação, o Zé e o Quintero são jogadores de iniciação de jogadas. Nós precisávamos desses atletas, porque, além dos dois meninos que ainda têm idade de sub-20, só contávamos com dois zagueiros. Estamos começando a equilibrar o grupo e, quando todos estiverem à disposição, começaremos a pensar de forma mais concreta para a sequência da temporada.
Yuri Lara
– A expectativa é que o Yuri retorne em breve, já está nas fases de voltar para o campo, um jogador que acredito que vai ser muito importante na temporada, então a regra básica é que se recupere totalmente antes de voltar. Temos um plano para ele e vamos seguir.
Sistema defensivo com Cangá e Riquelme
– A expectativa era de que fossem colocados à prova. Estudamos bastante o Bangu, esperávamos que assumissem, principalmente no primeiro tempo, uma marcação mais agressiva. Quando foram exigidos foram bem. O Cangá vem trabalhando muito, fez um trabalho de recondicionamento. O Riquelme é um menino talentosíssimo, de muito valor e, se conseguir manter as etapas de evolução, vai ser um atleta extremamente importante para o Vasco. O que falta é repetir nos treinos o que é exigido no jogo, está conscientizando. Acho que respondeu bem, com exceção de uma ou duas saídas de bola, que rateou um pouco. Um grande jogador para a posição.
Decisões pela frente
– Um dos objetivos era darmos uma cara para a equipe, que tem muitos atletas novos. Encaramos os primeiros jogos fazendo poucas trocas para ter um time mais entrosado. Agora vamos estudar a estratégia, sabemos que a Copa do Brasil é fundamental também para trazer recursos, e temos dois clássicos do Carioca. Por isso essa vitória hoje foi importante, mas vamos encarar todos os jogos, inclusive o próximo contra o Audax, como importantes. Nossa cabeça é entrar com o melhor time sempre que puder.
Chuva atrapalhou estratégia?
– Tínhamos a estratégia de usar os lados dos campos, porque o Bangu concentra muitos jogadores no centro e a gente queria uma atração por dentro com Raniel e Nenê fazendo apoio para Juninho e Matheus Barbosa, e trabalhar com as saídas rápidas de Pec e Riquelme e também do Weverton. Não coloco desculpa no campo, até porque está com uma qualidade muito boa, mesmo com a chuva suportou bem. De forma geral cumpriram bem o que eu pedi.
Nazário e Juninho suspensos
– Sabíamos que era provável acontecer. Dentro do nosso planejamento, o Nenê já estava fora desse jogo contra o Audax, um planejamento de jogar três jogos e folgar um. Com Nazário e Juninho fora é uma oportunidade de dar minutagem e confiança ao elenco. Falo diariamente que os 11 que entram em campo apenas representam o grupo todo. Não me preocupa quem vai entrar. Zé Gabriel, que acabou de chegar, certamente não aguenta um jogo inteiro, mas já podemos aproveitá-lo para a próxima partida.
Juninho
– É mais um jogador super talentoso que saiu da base, teve um início difícil, a saída do sub-20 para o profissional é uma transição terrível, outra realidade, com muitas armadilhas. Junior está concentrado no que precisa fazer, ele me procurou pra falar que faria tudo diferente e tem mostrado isso. A manutenção dele na condição em que se encontra é mais um acordo que ele fez com ele mesmo. Feliz de ver um menino que tanto lutou evoluindo. Tem muito potencial técnico.
Atacante de lado
– Estou sempre trabalhando em conjunto com a direção, vim sabendo das condições e das dificuldades. Temos tentado encontrar atletas para essa lacuna. Mas se for pra trazer um jogador que não está no perfil, prefiro apostar em quem está aqui com a gente. Temos uma linha de trabalho e estamos tentando ser o mais coerente possível.
Lentidão na saída de bola
– É um ponto que a gente precisa trabalhar, porque é a fase de jogo onde tentamos fazer aquilo que planejamos para chegar ao meio-campo e à parte final do campo adversário.
Fonte: Globo Esporte