Vasco pode quitar dívida com família de Denner falecido em 94
Com multas por atraso de pagamento e juros de correção do valor original do espólio, a dívida com a família de Denner gira em torno de R$ 1 milhão.
Uma espera de mais de 20 anos pode finalmente estar perto do fim. Os advogados da família de Dener receberam retorno do clube para retomar o pagamento do espólio do jogador Dener. Falecido em 1994 em acidente de carro na Lagoa, o jogador gerou indenização de R$ 5 milhões à viúva e aos três filhos, em acordo assinado em 2007 com o Vasco na administração Eurico Miranda. Nos últimos dias, os advogados da viúva Luciana Gabino entraram em contato com o departamento jurídico do Vasco, que ia levar à questão ao presidente vascaíno para retornar o pagamento aos familiares do ex-craque da Portuguesa, Grêmio e que, além de São Januário, também passou pela seleção brasileira.
Com multas por atraso de pagamento e juros de correção do valor original do espólio, a dívida ainda gira em torno de R$ 1 milhão. Pelo acordo assinado à época, o Vasco pagaria 85% do valor – R$ 3,2 milhões – através do ato trabalhista no Tribunal Regional do Trabalho do Rio, mais os 15% restantes – R$ 1,8 milhão – em 36 parcelas mensais de R$ 50 mil. O último pagamento deveria ser setembro de 2010, mas, conforme relato do advogado Renato Menezes na série de matérias que o GloboEsporte.com fez no ano passado sobre os 20 anos da morte de Dener, a gestão Roberto Dinamite não pagava há mais de um ano qualquer quantia.
– Fizemos contato com o departamento jurídico do Vasco e tivemos retorno. Já é uma satisfação. Antes, nem isso. Esperamos que tudo se resolva agora – disse o advogado, que recebeu resposta do vice-presidente jurídico Paulo Reis e não descarta um acordo para diminuir o débito e resolver de vez o pagamento à família de Dener.
Em julho do ano passado, o advogado entrou com execução sobre jogos do Vasco, mas não encontrava renda nas partidas e ficou de mãos vazias.
Relembre o caso
O imbróglio jurídico que a morte de Dener gerou é dividido em duas histórias e tem o mesmo motivo: o Vasco, quando contratou o jogador em 1994, não fez seguro de vida para o jogador – fez apenas por acidente de trabalho. À época, Eurico Miranda, então vice de futebol, disse que o jogador não queria fazer seguro em nome da Portuguesa e também alegara que não poderia fazer seguro de pessoa física para pessoa jurídica – o Grêmio, porém, fizera no empréstimo anterior nesses moldes.
A morte de Dener, uma perda irreparável para a família e para o futebol brasileiro, representou também um gasto de quase R$ 10 milhões para os cofres vascaínos – o clube também pagou cerca de US$ 20 mil para a mãe quitar um dos apartamentos que o filho comprara. Dener era o mais alto investimento da equipe para o tricampeonato carioca de 1994. O clube pagou para a Portuguesa US$ 350, mais o empréstimo do zagueiro Tinho. Em longas batalhas judiciais, a Portuguesa recebeu em 1999 R$ 4,6 milhões. Para a viúva, que pedia indenização original de R$ 15 milhões, o acordo saiu por R$ 5 milhões somente em 2007.
Globo Esporte