Vasco completa 30 anos do bi do Brasileiro em meio às dificuldades
O Vasco da Gama completa 30 anos da conquista do bi Brasileiro em meio às dificuldades que o Clube vive atualmente.
A comemoração enlouquecida de Sorato, eternizada na história do Vasco, completa 30 anos. Principal imagem do título brasileiro de 1989, conquistado após vitória de 1 a 0 sobre o São Paulo no Morumbi, ela sintetiza o sucesso de um supertime saudoso, que contrasta com as vacas magras da atualidade.
Para ser campeão brasileiro, o Vasco gastou dinheiro. Reportagem do “Jornal do Brasil” do dia da decisão afirmou que o Cruz-maltino, com uma folha salarial de 500 mil cruzados novos, era o clube que mais gastava no país, o equivalente a dez vezes mais que o Fluminense, usado como exemplo. O dinheiro foi usado para bancar medalhões. Bebeto, de acordo com reportagem do dia 28 de dezembro do mesmo ano, recebia 120 mil cruzados novos, 25% da folha total.
Os salários não atrasavam, dizia a imprensa na época, mas havia prejuízo nas contas do clube. Questionado sobre a possibilidade de endividamento, o então presidente Antônio Soares Calçada (1923-2019) rebateu com a mesma fonte que, 30 anos depois, pode ajudar o Vasco a respirar em 2020: o dinheiro oriundo do quadro de associados.
— Temos receita, são mais de 20 mil sócios. Não meteremos os pés pelas mãos — prometeu o dirigente, falecido em 5 de agosto deste ano.
O apelido “Selevasco” era merecido. Dos 11 titulares na final, oito tiveram passagens por seleções. Dos sete brasileiros, quatro foram à Copa do Mundo de 1990. Em 1994, Bebeto e Mazinho, já longe do Vasco, foram campeões mundiais.
Contratado naquele ano, o lateral-direito Luiz Carlos Winck foi o autor do cruzamento para a cabeçada de Sorato. A diretoria da época, encabeçada por Calçada e pelo vice de futebol Eurico Miranda, priorizou a qualidade em vez da quantidade. Dos titulares que começaram a final, quatro jogadores chegaram em 1989 — Winck, Quiñonez, Marco Antônio Boiadeiro e Bebeto.
— Eu já tinha disputado a final em 1987 e em 1988 pelo Internacional. Em 1989, consegui terminar campeão. Foi o cruzamento mais importante da minha carreira — lembrou o ex-lateral-direito.
Sorato bateu o então goleiro Gilmar Rinaldi na cabeçada. Foi o lance mais importante de sua vida como jogador. Era um dos quatro revelados pelo Vasco que foram titulares no Morumbi — além dele, o lateral-esquerdo Mazinho e os meias Bismarck e William. A média de idade era baixa: 24,2 anos.
— Meu entrosamento com o Winck era perfeito. Sabia da maneira dele bater na bola, como gostava de cruzar. Tudo dependia da posição do outro atacante. Bebeto puxou a marcação no primeiro pau. A gente só tinha de se colocar em se posicionar na área. Quem estivesse melhor posicionado receberia a bola. Eu sabia que a bola ia chegar porque o Winck levantava a cabeça e tinha perfeição no cruzamento — lembrou o hoje técnico Sorato.
Relembre os titulares da decisão:
1 – Mazinho: lateral-esquerdo, tinha 23 anos. Formado no clube. Disputou as Copas de 1990 e 1994
2 – Luiz Carlos Winck: lateral-direito, tinha 26 anos. Foi contratado para a temporada. Estreou pela seleção brasileira em 1985
3 – Zé do Carmo: volante, tinha 28 anos. Já estava no elenco em 1988. Estreou pela seleção brasileira em 1988
4 – Quiñonez: zagueiro, tinha 27 anos. Foi contratado para a temporada. Estreou pela seleção do Equador em 1986
5 – Marco Aurélio: zagueiro, tinha 22 anos. Já estava no elenco em 1988. Nunca atuou pela seleção
6 – Acácio: goleiro, tinha 30 anos. Já estava no elenco em 1988. Disputou a Copa do Mundo de 1990
7 – William: meia, tinha 21 anos. Formado no clube. Nunca atuou pela seleção
8 – Sorato: atacante, tinha 20 anos. Formado no clube. Nunca atuou pela seleção
9 – Boiadeiro: volante, tinha 24 anos. Foi contratado para a temporada. Estreou pela seleção brasileira em 1993.
10 – Bebeto: atacante, tinha 25 anos. Foi contratado para a temporada. Disputou as Copas de 1990, 1994 e 1998.
11 – Bismarck: meia, tinha 20 anos. Formado no clube: Disputou a Copa de 1990.
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