Sérgio Frias é entrevistado pelo Esporte News Mundo; confira

Candidato à presidência do Vasco da Gama, Sérgio Frias falou das propostas que pretende implementar caso vença a eleição do Clube.

Sérgio Frias
Sérgio Frias (Foto: Divulgação/Paulo Fernandes)

O Esporte News Mundo começou, na última quinta-feira, uma série de entrevistas com o candidatos à presidência do Vasco. Depois de Julio Brant, da chapa Sempre Vasco, foi a vez de Sergio Frias, representante da chapa Aqui é Vasco ser sabatinado pelos setoristas e internautas (assista íntegra acima). Em quase duas horas de entrevista, Frias abordou temas como a oxigenação do quadro social, necessidade de se respeitar a continuidade administrativa e a importância de recuperar a credibilidade do clube junto a credores e investidores. O candidato também defendeu a gestão do ex-presidente Eurico Miranda e não poupou críticas às administrações de Roberto Dinamite e Alexandre Campello.

Questionado sobre futebol, Sergio Frias pregou a valorização da base como caminho para o clube voltar a figurar ser protagonista no cenário nacional.

– É preciso um forte trabalho psicológico para esse atleta ganhar força e confiança. É preciso levar em conta o coletivo e as individualidades. O Vasco é formador de talentos, mas uma fase ruim pode prejudicar um garoto da base, trazer insegurança. A base do Vasco tem que estar no time mas não pode ser a única responsável pelas vitórias. Não é sempre que vai dar certo. A base deve ser fundamento para o time e para possíveis negociações no mercado.

CONFIRA ALGUNS PONTOS DA ENTREVISTA

Propostas da candidatura:

Candidatura pretende trazer para o Vasco coesão política, credibilidade, preocupação em formação de times de futebol competitivos com responsabilidade. Atletas que venham a formar um plantel a partir de uma espinha dorsal de jovens da base e e de jogadores contratados a partir de algo científico, indicado por pesquisa e pela analise de desempenho. Que o patrimônio do Vasco seja conservado e melhorado. Reforma de São Januário da forma como for possível, junto com parceiros. Outras sedes e CT precisam de obras e conservação. O Vasco precisa ter um trabalho de base de referencia tanto para o futebol quanto para o mercado. Haverá um cuidado com o sócio para fidelizá-lo. Os sócio remidos finalmente serão ouvidos assim como os campeões. As mulheres terão espaço temos 26 mulheres no CD sendo 19 titulares e terão voz. Nos preocupamos com crianças e jovens em São Januário. Que o remo seja mantido de forma competitiva. Que haja plano de negócios para todos os esportes. O Vasco precisa ter os associados no clube, não só nos dias de jogos. Queremos que o mercado nos veja como um clube que honra seus compromissos.

Futebol – Planejamento

Houve momentos na história do Vasco em que grandes esquadrões foram montados, de 97 a 2001, 1989, mas muito títulos foram construídos sem um favoritismo inicial e com desconfiança. Isso foi graças a um trabalho adequado a realidade da época. A realidade de hoje é que você precisa ter uma comissão técnica eficiente que esteja à frente no aspecto científico, tático e técnico. É preciso ter um alinhamento entre o trabalho do futebol e a direção do clube. Há que se ter um trabalho de base que se adeque ao plano de jogo. As coisas só dão certo com todos trabalhando juntos, a transição adequada da base para o profissional, o treinador e sua comissão técnica e a força que o Vasco deve ter nas diferentes entidades que comandam o futebol. Tudo isso com disciplina e adequação orçamentaria levara o Vasco em um breve tempo a conquistas. A história do Vasco mostra isso.

Planos para a base:

Há coisas que funcionam e outras que podem melhorar. Você pode levar um jogador da base para o profissional, ele começar bem e depois cair. É preciso um forte trabalho psicológico para esse atleta ganhar força e confiança. Quando os contratados não dão conta os atletas da base acabam fincando no fogo. Alguns entram bem mas outros sentem a pressão. Por isso o trabalho é fundamental para o clube. E preciso levar em conta o coletivo e as individualidades. Os atletas da base tem que ir para o profissional com a maior motivação possível. Não se deve levar jogadores que não estão prontos. O Vasco é formador de talentos, mas uma fase ruim pode prejudicar um garoto da base, trazer insegurança. A base do Vasco tem que estar no time mas não pode ser a única responsável pelas vitórias. Não é sempre que vai dar certo. A base deve ser fundamento para o time e para possíveis negociações no mercado.

Papel das mulheres:

Colocamos 26 mulheres na chapa, 19 delas titulares no Conselho Deliberativo. A única grande benemérita do Vasco viva apoia a nossa gestão, Edinéia Brandão, que esteve anos na ginástica olímpica do clube. As mulheres devem se sentir seguras em São Januário. Deve haver uma ouvidoria para atender as mulheres que se sentirem inseguras. Eles tem que ter a liberdade de andarem no clube e serem respeitadas. As linhas de uniformes e material esportivo também devem dar atenção a elas. E preciso haver espaços no estádio para elas como banheiros e outros locais. O futebol feminino precisa ser trazido para dentro de São Januário, ter jogos preliminares do masculino. A Vasco Tv deve fazer mais matérias com essas mulheres. Também vamos fazer o resgate das mulheres que fizeram muito pelo Vasco em vários esportes e que nem são lembradas. Há um centro de memória para isso. Na minha gestão me reunirei com mulheres dentro e fora do clube. Quero ouvir todas.

Primeira medida se eleito:

O primeiro a fazer é agradecer os sócios e a partir de ai sentar com as pessoas da gestão para fazer uma transição. Entender os problemas e buscar soluções, como compor uma equipe diante da realidade. O torcedor quer saber se em janeiro ele terá um time competitivo. O Campeonato Brasileiro continua até fevereiro. Sou uma pessoa com vivência de Vasco, tenho contatos. Não vou fazer propaganda antes. Sei que preciso entregar resultados. Sei que ser presidente do Vasco é uma honra mas também é quem assume os problemas.

Permanência de Ricardo Sá Pinto:

Para mim é um técnico altamente competente. Não vejo problemas em mantê-lo, nem na manutenção de quem seja competente para continuar. As demissões em massa são um erro das administrações como MUV e o Campello. Na minha gestão o Carioca vale sim. Nosso maior rival é o Flamengo e os outros dois grandes também disputam para vencer. Esse planejamento se inicia no dia seguinte à vitória.

CT e patrimônio:

O CT pode também ser adequado à base e tem que ser terminado. Você pode ter uma ajuda da torcida mas tem que contar também com o trabalho do clube para terminar. O CT de Caxias pode ser aproveitado para o feminino e base. Com relação a São Januário é preciso ver com o Poder Público o que vai ser feito no entorno e quanto a obra não é possível retirar nenhum patrimônio histórico do Vasco, como parque aquático e ginásio. A reforma vai depender do investidor. O Vasco não pode ser inquilino do seu investidor, sem direito a gerir. Por exemplo, que o Vasco não tenha despesas para jogar no Maracanã durante as obras. Quem está construindo deve pagar essas despesas. Quem deve mandar no estádio é o Vasco, não ser obrigado a ceder para shows. Pode ser feito e há soluções. O problema de projetos mirabolantes é que há um ganho inicial e depois um prejuízo imenso. Foi o que aconteceu entre 2008 e 2011. Parecia um mar de rosas e dois anos depois o clube estava na situação que todos sabem. É preciso ter responsabilidade.

Cotas de TV:

O Vasco até 2008 se manteve no primeiro grupo das cotas de TV em nível estadual e nacional. O contrato foi assinado até 2011. A manutenção era uma tranquilidade para o Vasco em investimentos em relação ao seu principal rival. No momento em que se iniciou essa discrepância isso ficou evidente nos resultados. Em 2015 foi feito o mínimo. Há também o problema do pay per view que diminuiu muito as cotas. O modelo que acho mais adequado é o inglês. O Campeonato é equilibrado. O futebol brasileiro tem 12 clubes grandes. As cotas de TV deveriam ser adequadas a uma discussão coletiva com um modelo próximo do modelo do clube dos treze. Não pode haver a espanholização do futebol. É isso que o Vasco deve buscar. Em 2011 o Vasco aceitou resolver o dobro do que recebia sem saber que o Flamengo recebeu o quadruplo. Os dois clubes de massa são Vasco e Flamengo. Não se pode abrir mão. O Vasco divide o mercado com o Flamengo. Essa discussão deve pautar as próximas negociações.

Pagamento de dívidas:

O Vasco se planejou financeiramente desde a lei Pelé. Até 2008 o clube estava no Ato Trabalhista e não tinha nenhuma penhora. No momento que há a troca de gestão. isso foi deixado para trás e os problemas começaram. Virou uma bola de neve. O Vasco fez um acordo com o Romário em 2004 para ser pago em 12 anos e pagou por quatro anos consecutivos, depois passaram a contestar na Justiça. Os advogados receberam dinheiro do Vasco. Uma gestão busca desafogar trazendo divida de curto prazo para médio ou longo prazo. Se não for paga, o credor vai cobrá-la por inteiro. Continuidade administrativa é fundamental. Isso não foi respeitado a partir de 2008. Essa atual administração fez exatamente a mesma coisa da administração do Dinamite. Chegou no Vasco e deixou de pagar credores. A continuidade dá tranquilidade aos torcedores, melhora a imagem no mercado, não gera matérias negativas na imprensa.

Eleições online, presenciais ou híbridas?

A discussão não deveria ser essa. Há sete meses se sabe que teríamos uma eleição na pandemia que poderia ser online. Para que ela seja segura é preciso uma série de medidas. Não é todo mundo que sabe mexer na máquina. Eventualmente pode ter um morto votando por falta de controle. O CD tem a maioria do corpo com pessoas idosas. A resolução foi pela eleição presencial por questões de segurança. Foi feito algo atropelado, fora do estatuo. O presidente da AG é da chapa do Julio Brant, os filhos dele também estão na chapa e ele faz um trabalho absolutamente parcial. Contratou uma empresa sem nenhum cuidado. Por que não se fez esse trabalho há sete meses? O grande ganho do Vasco é ter uma eleição limpa. Claro devem ser tomadas medidas sanitárias para evitar aglomerações. Nada foi planejado. Mussa está trabalhando para os interesses de uma chapa. Isso traz prejuízos ao Vasco, gera ações na Justiça. Não há isonomia.

Salários atrasados jogadores e funcionários:

O Vasco vive há 12 anos com os salários atrasados, com exceção do período entre 2014 e 2017 na gestão de Eurico Miranda. Na gestão do MUV e do Campello os salários ficaram em dia muitos poucos meses. A situação do Vasco em 2015 não seria possível nem contratar, mas conseguimos trazer o Nenê. É preciso valorizar o corpo funcional que mantém o Vasco de pé, especialmente os mais humildes. É preciso ser sincero com os profissionais, ganhar confiança.

Sócio-torcedor:

O sócio-torcedor do Vasco deu uma demonstração de que ela quer ajudar. Ela deu uma lição em quem vivencia o mundo político do Vasco. O mesmo aconteceu com o CT. É preciso acreditar no torcedor. O sócio pode sim participar da vida política. É preciso fazer uma fidelização, não apenas do sócio-torcedor, mas do sócio-proprietário. A taxa de adesão para o sócio geral é absurda. É preciso oxigenar o quadro social. O Vasco é um clube popular. A fidelização será maior. Os incentivos são fundamentais.

Vasco TV:

É preciso ter um canal próprio. Há um mundo de cosias a se realizar na Vasco TV com um plano de negócios. Há muitos temas a serem expostos, em especial de memória. Podem ser feitas ações pelo Vasco, documentários. Com um Vasco forte, vão surgir patrocínios. O Vasco tem que valorizar sua história. O público da Vasco TV tem que ver a história do Vasco narrada. É um caminho de divulgação da marca para o mundo inteiro e precisa ser devidamente tratada.

Patrocínios e fornecedor de material esportivo:

Se você obtém as certidões negativas mais possibilidades são abertas. Empresas privadas vão se interessar em o que o Vasco pode dar além da exposição da marca. É preciso que o patrocinador cresça junto com o Vasco. O que foi feito no ano passado era para o Vasco ter iniciado o ano com um grande patrocínio. Os patrocínios de 2019 e 2020 foram aquém da capacidade do Vasco. Ofertas surgem e é preciso um departamento comercial, contatos no mundo do futebol. O material esportivo é um mercado que muda muito. É preciso uma boa distribuição, presente no país inteiro. É preciso ver o que está acontecendo. Ouvir propostas e conversar com os parceiros.

Ponto mais vulnerável do Vasco hoje:

O Vasco tem que recuperar a credibilidade com os que negociam e com os que jogam lá. Os credores ver que terão os compromissos pagos. Chamar para conversar e mostrar que a situação mudou. Com a credibilidade de volta, se consegue novos parceiros. Também é muito importante a reforma do estatuto porque o atual não deixa ninguém satisfeito.

Fonte: Esporte News Mundo

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