Mauro Galvão relembra desafios do Vasco até a conquista da Libertadores

O ex-jogador Mauro Galvão relembrou os desafios do Vasco da Gama até a conquista da Copa Libertadores de 1998.

A presença no elenco histórico do Vasco de 1997 a 2000 rende até hoje muitas lembranças para Mauro Galvão. Convidado do “De Casa Com o LANCE!” na noite da última quinta-feira, o ex-zagueiro detalhou o que fez a diferença para que, aos 36 anos, virasse a página de sua trajetória no Grêmio para desembarcar na Colina.

– O Grêmio vinha de um período de conquistas aí, de repente, saem Paulo Nunes, Carlos Miguel… Você começa a notar que o time está se desmanchando. Recebi a proposta do Vasco, que estava vivendo o oposto. O clube tinha o mesmo objetivo que eu, de lutar por títulos ou ao menos estar sempre na briga pelas conquistas, e estava montando um bom time. Como eu já tinha uma afinidade com o Rio, pois já tinha morado aqui, acabei vindo – e em seguida garante:

– Não poderia imaginar que as coisas dariam tão certo. De 1997 a 2000 foram anos muito bons. Difíceis em alguns momentos, mas foi tudo muito forte – completou.

Ao falar sobre a saga do Brasileiro de 1997, o ídolo relembrou como o Cruz-Maltino driblou seu maior obstáculo no início da caminhada.

– Lembro que um dia um colega perguntou: “por que a gente não ganha fora e só joga em casa?”. Era porque a gente jogava da mesma forma do que em casa e isso é difícil. É diferente como visitante, o adversário vai tomar a iniciativa, vem para cima. Tínhamos este nosso maior desafio de fazer a diferença. Foi quando demos o salto e subimos na tabela para nos classificarmos em primeiro lugar entre os oito classificados. Depois, passamos e chegamos ao título – disse.

Aos seus olhos, a equipe comandada por Antônio Lopes tinha um grande trunfo.

– Uma base muito boa. Carlos Germano, Luisinho, Edmundo, Juninho, Ramon já faziam parte do elenco, lembro de vê-los em ação na final contra o Botafogo (do Carioca, vencida por 1 a 0 pelo Glorioso), logo depois de ter assinado contrato com o Vasco. Mas quem chegou como Evair, Válber, eu, Odvan, fizemos o time encaixar.

Galvão não esconde o quanto a parceria com Odvan foi importante para que ele desenvolvesse seu futebol durante a competição.

– Todo mundo fala de sermos diferentes. Um tem característica mais técnica, outro é mais de chegada. O Odvan agarrou uma oportunidade que não podia deixar escapar. Foi bem e me deu mais tranquilidade para sair um pouco mais – logo depois, o ex-zagueiro recordou-se das suas subidas para tentar fazer gols de cabeça:

– A gente tinha essa jogada muito treinada com Ramon, Juninho e Pedrinho que batiam as faltas. De vez em quando eu chegava em casa, tocava na minha cabeça, falava: “tô com uma dor na minha cabeça, o que é?”. Aí que eu me lembrava que era de tanto cabecear (risos). Mas tem de fazer, não existe outra fórmula, é só treinando – completou.

O ex-defensor recordou que a caminhada da Copa Libertadores também rendeu ao Vasco uma “virada” de maré, após o início instável na competição.

– Foi bem difícil. Nosso time não transformava em gols nem em vitórias o que produzia. Não jogávamos mal, mas além de não fazermos gols, nós sofríamos. Depois, empatamos com o América-MEX e viemos para o Rio. Aí no Rio tudo mudou. Começamos a partir para cima dos caras e decidimos: “vamos para cima ao máximo” – afirmou.

Mauro Galvão contou o que ajudou a conduzir o Vasco, fase a fase, até o título mais importante da história.

– A torcida ajudou muito a gente. Era uma loucura quando chegávamos de ônibus. A torcida praticamente nos levava, isso ficou marcado. Em São Januário, ganhávamos todas as partidas. Além disto, conseguimos achar uma forma de jogar fora de casa e íamos bem, empatando ou ganhando – e emendou apontando onde a dupla de ataque que chegou para a Copa Libertadores fez a diferença:

– Luizão e Donizete substituíram bem Evair e Edmundo. Os dois ajudavam bastante e eram fortes para marcar. O que faltava eram os gols no início da competição. Aí, quando deslanchou, não teve mais jeito – complementou.

O capitão da conquista da Copa Libertadores crê que o time de 1998 se mostrou mais lapidado em relação ao ano anterior.

– Foi a equipe que a gente viu taticamente funcionar melhor. As coisas passaram a acontecer naturalmente. Depois de 1998, tudo foi se aperfeiçoando. Entendemos como jogarmos em casa e jogar fora do Rio. Tínhamos jogadores como o Vagner, que entrava na lateral direita mas fazia a função de meio de campo. Tinha o Valber, que jogava na zaga, lateral e volante, era um grande curinga. Essas qualidades foram se encaixando. O time de 1998 era mais obediente – destacou.

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