Eurico rebate Consórcio Maracanã e não descarta recorrer a Justiça
Eurico Miranda não descartou recorrer a Justiça para evitar que o clube seja discriminado na relação com o Consórcio Maracanã.
O presidente do Vasco, Eurico Miranda, não descartou recorrer a Justiça para evitar que o clube seja “discriminado” na relação com o Consórcio Maracanã – o termo usado faz referência ao texto do edital de licitação do estádio que foi destacado na nota oficial do clube. O presidente reforçou que não tem nada contra a concessão do estádio, mas reafirmou que há cláusulas alegadas nos contratos entre o Consórcio e os clubes que “violentam” o documento de abertura de concorrência da nova administração do Maracanã.
– Não podem haver cláusulas acima daquilo que dizia o edital. Tudo isso que está acima dessa lei são letras mortas. Não tem que escolher lado nenhum em contrato. Escolher lado de torcida é discriminatório. Lado de torcida é histórico, não pode ser motivo de contrato – disse o presidente do Vasco, em entrevista ao GloboEsporte.com, ainda antes da nota do Maracanã.
Eurico referia-se à conquista do Carioca de 1950, quando o clube de São Januário foi o primeiro campeão do Maracanã e escolheu o local de seus torcedores à direita da antiga tribuna de honra.
Mais tarde, em resposta ao Vasco, o Consórcio Maracanã, na noite desta quarta, disse que lhe “é permitido, sim celebrar contratos em condições negociais distintas, em função da especificidade de cada cliente… Assim, a customização de vestiários, a instalação de lojas temáticas e o direito concedido a Fluminense e Flamengo de utilizarem, respectivamente, os setores Sul e Norte do estádio, são condições negociais perfeitamente de acordo com o Contrato de Concessão, não representando qualquer discriminação com relação aos demais clubes.”
Para o Vasco, porém, as “condições negociais” ficam no campo econômico. Eurico criticou a abordagem do assunto – “só se interessaram até agora por questões superficiais”. Para ele, a discussão não chega ao tema principal: a análise das cláusulas que “estão acima da lei” do edital de licitação do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
– Os contratos que foram feitos ferem violentamente aquilo que estava previsto e permitido no edital de licitação. Não pode haver discriminação entre os quatro grandes clubes do Rio. Todas essas cláusulas que estão acima da lei entendo que são letras mortas – afirmou Eurico, que não descartou ir até a Justiça para evitar o “tratamento discriminatório” contra o Vasco:
– Se tiver que estabelecer o direito do Vasco na Justiça, vou até a Justiça. Espero que não seja preciso.
Ao fim da noite de quarta-feira, o Vasco divulgou nova nota em seu site oficial, em tréplica ao que foi divulgado pelo Consórcio Maracanã mais cedo. Diz o escrito, assinado por Eurico Miranda:
– O Vasco reafirma sua posição de não aceitar nenhuma ação discriminatória na relação com o Maracanã. Enquanto a discriminação for mantida e não forem observadas condições igualitárias, atos estes contrários ao Edital de Licitação e ao Contrato de Concessão, e também o seu histórico direito não for respeitado, o Vasco não jogará no estádio. As determinações de proteção aos quatro grandes clubes do Rio são claras e nenhum contrato assinado entre as partes pode se sobrepor a isso. O Vasco também lamenta que mais uma vez a empresa que administra o bem público Maracanã confunda profissionalização com elitização. Por fim, o Club de Regatas Vasco da Gama, como instituição centenária, não reconhece legitimidade ao Consórcio Maracanã na adjetivação do Futebol Carioca.
O impasse não tem previsão de acabar. Se Vasco e Fluminense se enfrentarem novamente no estadual, o mais provável é que a partida seja levada para o Engenhão novamente. A situação deve mudar de figura no Brasileiro, com partidas de ida e volta. O Vasco tenta atender a solicitações do Ministério Público e de autoridades para enfrentar os rivais em São Januário.
Globo Esporte