Entrevista de Carlos Alberto

Ele rebate polêmicas extracampo e diz que se dá bem com PC Gusmão.

Confira a entrevista completa com Carlos Alberto ao GLOBOESPORTE.COM:

GLOBOESPORTE.COM: como você está se sentindo fisicamente? Está pronto para jogar?

Carlos Alberto: Já me sinto muito bem. Estava clinicamente recuperado, só precisava melhorar o condicionamento físico. Creio que já não teria problema para atuar, iniciar jogando. Foi tudo muito bem pensado para a minha volta, cumpri todas as etapas.

Faltam apenas quatro rodadas para o fim do Brasileiro. Como é passar por toda a recuperação, jogar quatro vezes e depois saber que vai ficar um longo tempo fora por causa das férias?

Sou apaixonado pelo que faço. O dia em que eu estiver de saco cheio disto, é melhor eu parar. Sempre sonhei ser jogador de futebol, e isso um dia vai acabar. Então, todo jogo que eu tiver oportunidade de jogar, tenho que curtir, independentemente se vou entrar de férias daqui a um mês ou uma semana. São quatro jogos que tenho, e quero ganhar todos. Temos mais um amistoso (quarta-feira, contra o Santos, no Piauí), e, se precisar, eu vou. Quero jogar.

Qual foi o momento mais complicado desde a lesão sofrida contra o Guarani?

Quando um jogador se machuca, é preciso buscar força onde não tem. Como atleta, meu corpo sente a necessidade de exercício físico. A lesão contra o Guarani me pegou de uma forma que sugou todas as minhas forças. Fiquei muito triste, mas recebi o apoio da minha família, amigos e dos torcedores. É uma luta diária contra a ansiedade, mas é preciso ter calma para que eu não corra risco.

Este trabalho de recuperação é muito penoso para o atleta?

Muitas vezes a carga horária de trabalho é maior, e muitas pessoas não sabem disso. Às vezes chegava às 8h da manhã e saía às 19h, isso antes de voltar a trabalhar com a preparação física e com o PC no campo. É um período difícil, às vezes não tinha nem vontade de ir para o clube, mas tem que ir. Tem que insistir, não pode deixar o desânimo te pegar.

Como o período de lesão altera a sua rotina em casa, com sua família?

Procurei brincar bastante com o meu filho. Realizei um dos meus sonhos, que era trazê-lo pela primeira vez para o campo para bater bola e tirar foto. Espero poder entrar com ele no gramado no domingo, que é uma coisa que tenho muita vontade. Com certeza dá uma força muito grande.

Nos períodos em que você não joga, é comum surgirem assuntos extracampo, geralmente problemas. Como lida com isso?

Não sei de onde as pessoas tiram estes problemas. Outro dia, disseram que aqui existem dois grupos, um meu e outro do Felipe. Isso não existe. Aqui só existe o grupo do Vasco. Eu me dou bem com todos. Falaram também que eu tinha ficado chateado sobre horário de treinos da manhã (8h), e eu nunca reclamei de nada. Não vou deixar entrar nada de fora aqui.

É possível ficar alheio a tudo isso? Não o incomoda?

Se me incomodasse, eu não saía de casa. Minha preocupação agora é treinar. Estando bem para jogar, vou jogar o meu melhor. Minha vida segue assim. Sabe quando eu vou parar de ser criticado? No dia em que eu parar de jogar. Mas se eu, por exemplo, for jogar um showbol, ou então for para a política, vou continuar a ser criticado.

Consegue se motivar com as críticas? Elas te deixam mais fortalecido?

Os críticos leais me ajudam. Quanto aos desonestos, não me preocupo porque tenho autocrítica. Mal sabem eles que me motivam muito. Às vezes acontecem algumas coisas que mexem com o seu brio. Isso me fortalece e me ensina a criar uma nova estratégia para ter cuidado com tudo que vou fazer dali para frente.

Como é viver todos os dias cercado de pressão? Nos últimos meses, a cobrança maior foi para que o seu retorno fosse o mais rápido possível.

Desde criança eu aprendi a lidar com pressão. Aqui no clube eu tenho pessoas que me dão esse tipo de ajuda. A maior cobrança é minha mesmo. Muitas vezes eu acabava meu trabalho aqui e ficava assistindo ao treino, doido para participar. Cada dia que vou evoluindo é um prazer diferente. Bater na bola sem dor, correr sem dor, mudar de direção sem dor… Isso vai te dando a confiança para voltar mais tranquilo.

Apesar da carga grande de críticas, você é sempre muito bem cotado quando o assunto é popularidade com os torcedores.

Fico feliz com o reconhecimento. É por isso que nós trabalhamos, para dar alegria aos torcedores. Que bom que eles reconhecem isso. Sempre me apoiaram em todos os momentos. Recebi muitas mensagens de incentivo neste período difícil. Procuro representar o torcedor dentro de campo.

Como é sua relação com o técnico PC Gusmão? Já surgiram boatos de que vocês não se dão bem.

PC sempre me deixa bastante à vontade. Temos um bom relacionamento. No aniversário do meu filho todos foram, não vejo o motivo de tantas notícias ruins. Acho que em alguns momentos é até uma covardia. Enfim, isso não vai mudar minha vida.

O jeito enérgico que a torcida vê o PC na beira do campo é o mesmo do trabalho no dia a dia?

Ele sabe a forma de falar com cada jogador. Com alguns ele precisa estimular mais, com outros ele vai mais na conversa. Tem caras que, se ele faz isso, acaba tirando a cabeça do jogo. Estamos bem, estamos tranquilos. O único problema de verdade é que ficamos muitos jogos sem vencer.

Quando não está jogando, você continua a ser capitão também nos bastidores?

Sou responsável por fazer a ligação dos jogadores com a diretoria sobre assuntos como atraso de salários, premiação, algum problema que um ou outro atleta possa ter. Quando é interesse do grupo, sentamos eu, Felipe, Prass, Fernando, Tiago.. até porque preciso da opinião de todos para levarmos para a diretoria. Às vezes alguns funcionários têm problemas e usamos, por exemplo, a caixinha para ajudar. É este tipo de responsabilidade que tenho, jogando ou não.

Que balanço você faz desta temporada? Depois da chegada de reforços como Felipe e Eder Luis, acha que a torcida ficou frustrada com a colocação do time?

Ficamos com sentimento de que podia ser um pouco melhor. Temos vários jogadores de qualidade, e eu não consigo ver um ano sem conquistas como um ano bom. Não é que está tudo ruim, mas bom não pode ser. Time grande tem que ganhar títulos, pensar em coisas maiores. Se estivéssemos brigando pela Libertadores, poderia ser uma temporada boa.

Poderia ser diferente se você tivesse participado de mais jogos?

Difícil falar porque seria um pouco egocêntrico. Não sei se iríamos conseguir, mas eu ia trabalhar para colaborar muito. Seria um prazer jogar mais com Felipe, com Zé, com Eder Luis, que estão vivendo um bom momento.

O elenco precisa ser muito reforçado para 2011?

Temos um pessoal capacitado para analisar, como o Rodrigo Caetano e toda a diretoria. Temos um bom elenco, mas claro que reforços são sempre importantes. Que venham para somar, jogar e serem decisivos. É disso que precisamos.

Dá para prometer título para os vascaínos na próxima temporada?

O que podemos prometer é trabalho. Terminar um ano sem título em uma equipe como o Vasco é sinal de insucesso. Esse time todo junto pode incomodar bastante no próximo ano.

O que você espera deste restante de ano?

Conseguir terminar esses jogos que restam sem problemas de lesão. Começar o próximo ano tranquilo, com o pessoal aproveitando bem as férias, porque isso ajuda também.

globoesporte.com

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