Dona do Vasmengo se divide entre família rubro-negra e amor vascaíno
Apesar das cores misturadas na camisa, no coração de Dulcinéia cabem apenas o preto, o branco e a Cruz de Malta do Gigante da Colina.
Simpatia e irreverência, ingredientes que ajudaram a juntar os arquirrivais Vasco e Flamengo num time de várzea em Porto Velho, Rondônia: o Vasmengo, um híbrido que tem nome e sobrenome. Aos 52 anos, Dulcinéia Félix é dona, treinadora e roupeira da equipe que, no fim do ano passado, conquistou a Recopa Porto Velho. Mas engana-se quem acha que o coração da faz-tudo está dividido. Apesar das cores misturadas na camisa, no coração cabem apenas o preto, o branco e a Cruz de Malta do Gigante da Colina. E ainda sobra um bom espaço para um nome especial: Juninho Pernambucano, seu grande ídolo.
– Quando ele jogava, eu achava o jeito dele muito interessante. Ele é muito calmo, totalmente o oposto de mim. Eu não paro! (risos). Se você ficar aqui, vai ver que sou agitada demais! – diz ela, que alimenta o sonho de assistir a um Vasco x Flamengo no Maracanã, e com um mimo: uma camisa autografada pelo xodó.
E onde entra o Flamengo nessa história? Dulcinéia é mãe de três filhos rubro-negros – Alexandre, de 32 anos; Alex, 31; e Beatriz, 30 – e o marido, Zildo Gomes Lopes, também é torcedor do clube da Gávea. Mas a criadora do Vasmengo conta sorridente que a família vive em harmonia. Flamenguistas e a vascaína são unidos por um mesmo objetivo: ver o Vasmengo ganhar os campeonatos amadores realizados em Porto Velho.
Para isso, ela fica ao lado do campo nas partidas do time, passando instruções, vibrando com os gols marcados e, é claro, chamando a atenção de todos quando sua equipe leva gol. Mesmo assim, Dona Dulci, como é conhecida, é considerada por todos como uma mãezona, e o clima no grupo é sempre de animação e descontração.
A receita deu certo para o time de várzea na Recopa Porto Velho, e ela acredita que a simples receita pode dar certo no Cruz-Maltino. É só arrumar a casa.
– O Vascão tem tudo para ser campeão brasileiro. É só organizar o time direito que ele vai longe – diz Dulcinéia, pensando grande e dando exemplo. – Mas também tem que jogar com raça, assim como fazemos aqui.
Animada e sempre otimista em relação ao Vasco, a dona do Vasmengo de Rondônia quebra um pouco a feição de mulher forte, batalhadora e sempre sorridente para admitir com ternura e um pouco de fragilidade que, se tivesse oportunidade, largaria tudo para conhecer Juninho Pernambucano.
– Ele é lindo! Tenho o grande sonho de ir ao Maracanã e ver um Flamengo e Vasco com o Juninho lá. Se ganhasse uma camisa dele, então… Seria um sonho realizado, para o resto da vida. Não precisava de mais nada, porque já criei meus três filhos, tenho meu time, sou aposentada… Seria a minha última realização – diz ela, com o aval do marido rubro-negro.
Globo Esporte