Dinamite relembra momentos marcantes pelo Vasco e exalta o Maracanã

O ídolo do Vasco, Roberto Dinamite. relembrou momentos marcantes com a camisa vascaína e exaltou o estádio do Maracanã.

O posto de artilheiro nato de Roberto Dinamite se consolidou em uma trajetória recheada de lembranças no Maracanã. Às vésperas do estádio celebrar 70 anos de sua fundação, o eterno ídolo do Vasco não esconde sua gratidão pelo Maior do Mundo.

– Minha relação com o Maracanã é a melhor possível. Comecei a jogar lá ainda nos juvenis, na preliminar, mas não só recebi um novo nome após minha estreia como profissional no estádio, como também deixei lembranças de grandes títulos, gols e encerrei minha carreira – afirmou.

Em papo durante o “De Casa Com o LANCE!”, o maior artilheiro do Brasileiro e do Carioca rememora alguns dos momentos mais emblemáticos que viveu no Cruz-Maltino e conta como o Maraca ficará em sua memória.

LANCE!: O Maracanã está completando 70 anos. Quais são as suas primeiras lembranças como jogador no estádio?

Roberto Dinamite: Comecei a jogar lá por volta de 1971, 1972, na época em que os juvenis faziam as partidas de preliminar no estádio. Mas, ainda em 1971, tive minha primeira data importante como profissional no Maracanã. Fui lançado durante o jogo contra o Internacional, fiz uma jogada, driblei o Pontes (defensor colorado) e arrisquei da intermediária. Foi um chute forte, de longe, em uma época que a rede do Maracanã tinha aquele veuzinho ainda. Aí, o chute superou o Gainete. Por causa da força que eu coloquei na bola, o jornalista Aparício (Pires) colocou no dia seguinte no “Jornal dos Sports” a manchete “Garoto-Dinamite explodiu” (o Cruz-Maltino bateu o time gaúcho por 2 a 0, com Buglê marcando o outro gol no confronto de 25 de novembro de 1971). Na época eu tinha 17 anos. Aí ficou até hoje…

L!: Você continuou entre os profissionais do clube depois disto?

Na verdade, fiquei alternando entre os juvenis e os profissionais. Na base, inclusive, começávamos a ter um confronto mais marcante que tive na minha carreira. Eu com a camisa do Vasco e o Zico pelo Flamengo. Lembro que nós ganhamos em 1971, eles ganharam em 1972 e 1973… Foi o início dos muitos clássicos que a gente viveu no time principal.

L!: E, ao mesmo tempo, com o decorrer dos anos você foi se firmando entre os profissionais do Cruz-Maltino. Quando percebeu que estava no caminho certo para brigar pela titularidade?

Foi em um Vasco e Santos em 1973, e o Pelé estava jogando do outro lado. Eu recebi uma bola do Paulo César “Puruca” (lateral-direito) e peguei de voleio. Foi um belo gol. Aí fui para a torcida do Vasco, celebrei e, ao voltar para o meio de campo, o Pelé veio: “aí, garoto, bonito gol, muito bom!”. Era um pouco diferente do que é hoje. Na hora só pensei: “Cara, é o Pelé!”. Dali continuei lutando, me tornei titular e, no ano seguinte, fomos campeões brasileiros.

L!: Na fase final do Brasileiro de 1974, vocês tiveram como adversários tanto o Santos de Pelé quanto, na decisão, um Cruzeiro que era muito forte. O que pesou para a equipe nesta conquista?

Foi meu primeiro ano como artilheiro do Brasileiro (marcou 16 vezes). E estar como titular em um time com jogadores mais rodados, como nosso capitão Alcir, Moisés, Zanata, Ademir, Alfinete, Jorginho Carvoeiro, Luis Carlos “Tatu”, foi muito importante… Enfrentamos no Maracanã um Cruzeiro que teoricamente era favorito. Mas a aplicação e determinação conseguidas pelo Vasco foram fundamentais para que a gente pudesse ganhar o título. Porque se fosse jogar e deixar o adversário jogar, podia ser diferente.

L!: Dois anos depois, o Maracanã foi palco de outro gol muito marcante seu: o do chapéu na vitória por 2 a 1, de virada, sobre o Botafogo. Como é a lembrança em torno deste jogo (pela Taça Guanabara de 1976)?

Este jogo com o Botafogo me marcou e me marca até hoje, pois tanto vascaínos quanto botafoguenses que me encontram recordam este lance. Sempre que um alvinegro fala, eu brinco: “eu tento esquecer, mas vocês não deixam”. Foi um jogo muito dramático para nós. O Vasco precisava vencer para seguir na Taça Guanabara e fomos para o intervalo perdendo com um gol do Ademir. Assim que terminou o primeiro tempo, falaram para mim: “não vai para o vestiário, vai para a tribuna”. Eu olhei surpreso: “pô, para a tribuna?”. Aí disseram: “estão o Kissinger (Henry Kissinger, que foi secretário de Estados dos Estados Unidos) e o Mário Henrique Simonsen (então ministro da Fazenda)”. O capitão do Botafogo e eu íamos entregar as camisas do primeiro tempo. Lembro do Simonsen perguntar: “vamos virar?”. Eu disse: “vamos!”. Fiz o gol de empate e, para nós, só interessava a vitória. Aí, aos 44, o Zanata fingiu que ia chutar e mandou para a área. A bola rodopiou e veio em cima de mim. Vi que o Osmar ia solar, dei o lençol e peguei a bola no ar para chutar. O Nilson, quarto-zagueiro do Botafogo, chegou a raspar na minha trava de chuteira, mas consegui chutar antes.

L!: E como é contar a história desta jogada há tanto tempo?

Quem fica às vezes chateado é o Osmar. Ele fala: “pô, você só fica falando deste gol”. Mas eu dei moral para ele. Fiz o gol cotra um dos melhores zagueiros que já joguei! Acho que este gol marcou muito pela beleza dele.

L!: Em 1980, seu reencontro com a torcida do Vasco no Rio também aconteceu no Maracanã. Mas, antes de encerrar sua passagem pelo Barcelona, chegou a ser cogitada uma volta ao Brasil pelo Flamengo. Como foi esta situação?

Bom, eu estava insatisfeito no Barcelona, pois ainda havia limite de jogadores estrangeiros por time e eu era deixado de lado. E para mim, era um castigo. Houve uma ida do Márcio Braga, que estava à frente do Flamengo naquela época, ele chegou a conversar com a cúpula do Barcelona, mas eles não chegaram a fazer a uma proposta oficial para eu retornar. Não era como na Inglaterra, que hoje qualquer jogador jovem já vale 50 milhões, 60 milhões de euros. Até faço brincadeira com o Zico sobre isso (risos). Soube que eu tinha recebido uma proposta da Inglaterra…

L!: Como veio a oportunidade de retornar ao Cruz-Maltino?

O Barcelona falou com a direção do Vasco e aí veio uma pressão da torcida pois houve o rumor de que eu poderia ir para o Flamengo. Mas deu tudo certo, o Vasco chegou a um acordo e acabei voltando.

Roberto Dinamite

L!: Como foi regressar ao Maracanã fazendo logo cinco gols em um confronto com o Corinthians?

Foi meu segundo jogo pelo Vasco naquela volta, o primeiro foi no Recife (o Cruz-Maltino bateu o Náutico por 1 a 0). Tinham mais de 100 mil pessoas no Maracanã e aconteceu a preliminar teve um jogo entre Flamengo e Bangu (vencida por 3 a 0 pelo Rubro-Negro, com três gols de Tita). AÍ, já viu, torcidas do Flamengo e Corinthians ficaram juntas. Mas foi maravilhoso, fazer cinco gols foi um dos muitos dias para não esquecer na minha carreira.

L!: O Maracanã foi escolhido para ser seu palco do seu último jogo como profissional. E nesta partida um jogador que era rival de longa data nos gramados aceitou vestir a camisa do Vasco ao seu lado. Como foi o clima em torno desta despedida?

Foi um negócio muito legal. Assim que eu o chamei, o Zico (então no Kashima Antlers) não pensou duas vezes e disse: “pô, será um prazer”. E jogou na partida (o Vasco perdeu por 2 a 0 para o La Coruña-ESP). A dimensão do Zico vai além de rivalidades. Quando encerrou a carreira, o presidente do Vasco, Antônio Soares Calçada, prestou uma homenagem para ele. E nesta partida sinalizou o que eu já disse antes: o Maracanã significou o começo, o meio e o fim para meu ciclo no futebol.

Lancenet

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