Conheça um pouco da história de Martín Silva
Martín Silva iniciou sua carreira no futebol no Defensor Sporting, onde foi destaque principalmente por seu talento e liderança.
– Martín Silva? O maior de todos. A mão de Deus.
É assim que Jorge Etcheverry, responsável por cuidar do estádio do Defensor Sporting, em Montevidéu, se refere ao menino que ele viu chegar no clube. Neste time médio do Uruguai, Martín Silva, o herói vascaíno na classificação para a fase de grupos da Libertadores, é lembrado com extremo orgulho.
Martín chegou ao Defensor com 14 anos. Desde o início, mostrou talento para chegar ao time profissional. Além disso, seu estilo de liderança logo ficou claro. Talento e liderança: tudo a que o torcedor do Vasco se habituou desde 2014 com seu goleiro.
– Aquele porte… Acho que esta é a melhor palavra: o porte. A presença. Ele impõe respeito – derrete-se Etcheverry.
Jovem capitão
Martín Andrés Silva Leites se criou no bairro do Prado, de classe média em Montevidéu. O pai era carpinteiro e fazia trabalhos para o Defensor. Foi natural que o menino chegasse ao clube violeta do Parque Rodó para iniciar a carreira.
– Ele fez toda a categoria de base aqui. Entrou bem novo e fez tudo. Sempre mostrou potencial. Na base revezava com outro goleiro para que o outro jogasse, mas já se via que seria um goleiro de seleção – contou Daniel Jablonka, atual presidente do Defensor, que era dirigente do clube na época de Martín.
Foi quando chegou ao elenco profissional que Martín deixou sua marca na história do Defensor. Com uma geração talentosa, ajudou o clube a ser campeão uruguaio em 2007/2008. Não tardou para se tornar capitão, um feito significativo – é raro no país ter goleiros capitães, ainda mais com apenas 23 anos.
– Você o escutava nas preleções e se emocionava. Transmitia confiança aos companheiros. É uma daquelas pessoas que te marcam. Sempre muito sério, falando nos olhos dos companheiros – lembrou Etcheverry.
A pedrada na cabeça
Com todos os funcionários do Defensor que se conversa sobre Martín Silva, um episódio é sempre lembrado. Em 2008, pela Copa Sul-Americana, a equipe enfrentava o Independiente na Argentina, quando Martín foi atingido por uma pedra.
Mesmo sangrando, o goleiro fez questão de continuar jogando. Se tomasse outra decisão, o jogo poderia ter sido encerrado, e o Independiente sofreria sérias sanções. Ao fim da partida, saiu aplaudido por todos – e o Defensor, derrotado por 4 a 2, acabou eliminado.
– Ele levou uma pedrada e queria continuar jogando, apesar de ter uma ferida na cabeça. Isso mostra a força interior dele. Continuou jogando, a partida não foi suspensa. Martín não ligou por ter uma ferida na cabeça – contou Alejandro Ribeiro, fisioterapeuta do Defensor.
– Abriram a cabeça dele. Um gandula veio para levá-lo, o juiz determinou uma paralisação. Era um mar de sangue. Havia a sensação de que, se ele se retirasse, o Indepediente sofreria uma punição. Mas Martín seguiu jogando – completou Etcheverry.
Um Martín brincalhão
A imagem de Martín é sempre associada a um profissional sério e compenetrado. Mas Alejandro revela outro lado do goleiro. As lembranças do fisioterapeuta do Defensor são de um capitão sorridente e cheio de brincadeiras com os companheiros.
– Eu cheguei em 2008 e ele já era o titular. Sempre de bom trato, muito respeitoso. Me lembro dos sorrisos. Vivia sorrindo, fazendo brincadeiras. Não é assim no Brasil? Claro, é porque está no Brasil. Com o tempo se abre um pouco. Aqui, com os companheiros, jogadores com quem cresceu, era muito sorridente e alegre.
Martín, hoje em dia, tem pouco contato com o Defensor. Seus tempos em Montevidéu se resumem a dias concentrado com a seleção uruguaia. O ex-zagueiro Diego Lugano, seu companheiro na Celeste, rasgou elogios ao arqueiro.
– Martín é um exemplo do que é o jogador uruguaio. Discreto, sério, profissional. Pouco falador. Muito respeitado e querido nos clubes por que passou. É um cara de palavra justa. Não quer ser extravagante, e sim ser valorizado por suas defesas e sua conduta interna – elogiou Lugano.
Da última vez em que Martín esteve no estádio do Defensor para jogar, ainda estava no Olimpia, e teve um encontro emocionante com Etcheverry.
– Meu filho também é goleiro. Martín o conhecia desde pequeno. Quando veio com o Olimpia, fui ao Olimpia conversar com ele após a partida. Ficamos cinco minutos conversando, e lhe disse: Joaquim é goleiro. E Martín: “De goleiro?”. Virou e deu uma camisa para ele. Meu filho foi ao céu.
Como foram ao céu os torcedores do Vasco na última quarta-feira, quando Martín garantiu a equipe na fase de grupos da Libertadores. Finalista do torneio pelo Olimpia em 2013, a atual versão do goleiro abrange todas as experiências de sua carreira, inclusive as que compartilhou em suas origens em Montevidéu.
Globo Esporte