Veja história do vascaíno Erivaldo Henrique de Oliveira, vitima da Covid-19

Erivaldo Henrique de Oliveira, catequizador de vascaínos e fã do ex-jogador Roberto Dinamite, faleceu vítima do Coronavírus.

Erivaldo Henrique, o Vadão, nasceu em Pernambuco. Todo mundo na família torcia pelo Náutico. Mas a mudança para o Rio de Janeiro colocaria no caminho dele uma paixão que o acompanharia até o fim de sua vida.

Na nova cidade, logo quis distância do Flamengo, que carregava as cores do rival Sport. Apaixonou-se pelo Vasco. E não foi só ele. Fez com que toda a família cantasse Casaca!

Os dois filhos sequer tinham escolha. E Vadão fez questão que a palavra do Vasco fosse passada à frente – os seis netos são todos vascaínos. “Se meu neto virar flamenguista, eu nunca mais vou falar com você”, bradava.

Ficou famoso como uma espécie de catequizador de vascaínos.

E a conversão também atingiu outros familiares e amigos. Genro e nora que eram botafoguense e flamenguista, respectivamente, também viraram vascaínos. Nem o pessoal da rua escapou, e muitos também mudaram de time.

Falando nos vizinhos, ninguém sabia reunir o pessoal tão bem quanto o Vadão. Frequentou muito São Januário. Depois de um tempo, a idade e o medo de confusão o puxaram para o sofá. E o sofá virou sua Colina Histórica.

Erivaldo Henrique de Oliveira em seu aniversário

Era fã de Dinamite até o fim. Nem mesmo a geração de Edmundo, Juninho, Pedrinho e Felipe tirou Roberto do trono de maior ídolo.

Ele ficava apreensivo até em amistoso contra o Duque de Caxias. Mas tentava ao máximo levar o futebol com leveza. Só não podia perder para o Flamengo. Aí o tempo fechava mesmo.

Aliás, o tempo também fechava quando alguém gritava gol antes da hora. Ou comemorava antes do apito final. ”Dá azar”, dizia.

Na memorável partida entre Vasco e Palmeiras, na Copa Mercosul de 2000, os flamenguistas da rua faziam carreata e gritavam no portão durante o intervalo.

Quando o Vasco virou, Seu Vadão não deixou ninguém comemorar. “Calma, filho, que não acabou isso ainda não”. Um minuto depois, quando veio o apito final, era hora da forra. Sempre com muito respeito.

Para ele, dava sorte ter paciência. E, no fim da vida, vinha tendo muita paciência com o Vasco. Afinal, laços indestrutíveis não se quebram em derrotas. O Vasco era a conexão com tantos amores. Era sua raiz. Para toda uma família, raiz é ser Vasco.

Veja no vídeo

Relato escrito através do depoimento do filho Eduardo

Globo Esporte

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